Visita guiada conta histórias do “antigo Centro Cívico” de Curitiba

por Fernanda Foggiato | Revisão: Ricardo Marques — publicado 20/11/2023 11h00, última modificação 21/11/2023 17h20
Além da história de Curitiba, visita guiada falou do papel dos vereadores e de como a população participa do dia a dia da Câmara.
Visita guiada conta histórias do “antigo Centro Cívico” de Curitiba

Pesquisadora Clarissa Grassi conduziu visita guiada à CMC, no último sábado. Tour começou na praça Eufrásio Correia. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

Além da programação da "Mamute, a Feira Gráfica", a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) foi espaço, no último sábado (18), de um passeio pela história da construção da cidade. Pela segunda vez, a pesquisadora Clarissa Grassi, conhecida pelos tours temáticos no Cemitério Municipal São Francisco de Paula, conduziu uma visita guiada pelo Legislativo, ação organizada pela Diretoria de Comunicação Social (DCS) da instituição.

“A Câmara de Curitiba é o cerne da cidade. Contar a história da Câmara é contar a história de Curitiba”, destacou Grassi. Ela começou a visitação pela praça Eufrásio Correia, “uma das poucas que mantém seu alinhamento original”. “Em outros tempos estaríamos no âmago da cidade de Curitiba. Esta região seria conhecida como nosso Centro Cívico”, explicou a pesquisadora, que dirige o Departamento de Serviços Especiais da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA).

Grassi falou de toda a movimentação, no século 17, até a primeira eleição dos “homens bons” e a criação da Câmara, fazendo com que o povoado passasse à categoria de vila, em 1693. Mas foi a conclusão da estrada de ferro, em 1885, que deu “um boom no desenvolvimento da cidade".

“Antes disso, as viagens eram feitas com mulas”, observou. “Com a abertura da estrada de ferro, vai começar a vir muita gente pra Curitiba, a movimentar nossa cidade”, relatou. “Aumenta a questão da imigração também. Se começa a vir um monte de gente para a cidade, eu preciso abrigar essas pessoas. Nisso, esta rua aqui [a Barão do Rio Branco, antiga rua da Liberdade] vai começar a se tornar o centro nervoso da cidade”, explicou.

Hotéis foram construídos no entorno da praça Eufrásio Correia para abrigar os viajantes que desembarcavam na Estação Ferroviária, hoje um shopping. A rua da Liberdade, que em 1912 recebeu o nome de rua Barão do Rio Branco em homenagem ao diplomata José Maria da Silva Paranhos Júnior, considerado o patrono da diplomacia brasileira, também era o endereço das rádios de Curitiba, importantes comércios e espaços culturais.

Antigamente, disse Grassi, o local poderia ser comparado à avenida Cândido de Abreu, no Centro Cívico, já que ligava o Palácio Rio Branco, até 1957 a sede dos trabalhos dos deputados estaduais, aos prédios onde funcionavam a Prefeitura, a Câmara e o Governo do Paraná. “Quem ficou para trás, na verdade, foi a Câmara, nesta parte mais antiga da cidade”, pontuou.

Nada mais vingou depois que a Barão do Rio Branco deixou de ser nosso primeiro Centro Cívico”, disse a pesquisadora. Para ela, a revitalização do Centro antigo passa pela promoção de ações como a feira Mamute e a própria visita guiada. “É necessário que a gente promova a ocupação destes espaços”, justificou.

A visita guiada, em seguida, passou pelo interior e o subsolo do Palácio Rio Branco, que desde 1963 é a sede da Câmara Municipal. Conduzidas pelo engenheiro Ernesto Guaita, as obras foram finalizadas em 1895. Grassi falou da arquitetura do prédio. “Ele pode ser enquadrado como um [estilo] neoclássico, mas na verdade ele é eclético”, explicou ela, chamando a atenção para os adereços da fachada. Para finalizar o tour, o grupo passou pelo gabinete do vereador Tico Kuzma (PSD), localizado no térreo do anexo 2.

Fiscalização e canais para acompanhar a política de Curitiba

Clarissa Grassi falou sobre o papel da Câmara Municipal de Curitiba. “São os vereadores que fiscalizam as atividades da Prefeitura, do prefeito”, esclareceu a pesquisadora. “E o vereador é isso, a pessoa mais próxima que nós temos [no sistema político].”

O vereador Dalton Borba (PDT), que acompanhava a feira Mamute, bateu um papo com o grupo. O vereador chamou a atenção para a participação popular e a fiscalização do poder público. “O principal ingrediente para que o sistema político dê certo tem que ser a participação popular”, ressaltou.

A participação política, defendeu Borba, não termina com o voto da urna. Passadas as eleições, argumentou o vereador, a sociedade precisa fiscalizar os eleitos. “Eu sou um entusiasta disto, que o povo fiscalize, tem que fiscalizar”, disse. “Aqui, a Casa está aberta, todas as sessões. [...] Liga lá o YouTube, acompanha as sessões, pelo menos as mais polêmicas”, propôs.

“A nossa obrigação passa por isso, fiscalizar”, concordou Grassi. A jornalista Patricia Tressoldi, diretora de Comunicação Social da Câmara de Curitiba, reforçou os canais institucionais para levar as informações do Legislativo à população. “Nosso trabalho é a transparência das informações.”

“A Comunicação da Câmara trata o trabalho Legislativo de uma maneira super descomplicada, super descontraída”, comentou a servidora pública. “Ações como esta, com a Clarissa, são para trazer vocês [ao Legislativo]. Esta é a Casa do Povo. Outra questão importante é que a gente tem o Banco de Ideias Legislativas [canal on-line onde a população pode sugerir projetos de lei e audiências públicas]”, afirmou.

Tressoldi aproveitou, ainda, para divulgar o lançamento do CMC Podcasts – a primeira temporada, sobre o cachorro-quente nas ruas de Curitiba, já está no ar. Ela chamou a população para se inscrever no canal da CMC no YouTube e acompanhar os debates: “Serão espaços para falar sobre tudo e sobre todos”.

Angela Manasses, que já fez três vezes a visita guiada ao Cemitério São Franscisco de Paula, se interessou pelo tour na Câmara de Curitiba devido ao nome de Clarissa Grassi. “Eu estou sempre tentando conhecer mais. Muitos curitibanos não conhecem a história e é importante a gente saber a história da cidade”, afirmou. Ela, inclusive, contou que agora planeja acompanhar as sessões plenárias e outras atividades do Legislativo.

E a visita guiada também recebeu “curitibinhas”. Um deles foi Elias Modelo Hack, de 10 anos. Acompanhado da família, ele achou o passeio “bem top, porque explicou muito bem sobre a história”. “A gente pôde pegar bastante informação”, disse. O menino também se surpreendeu com o tamanho do Palácio Rio Branco. “Imaginava que ele fosse menor”, contou.

Quer conhecer a Câmara de Curitiba? Saiba como

A Escola do Legislativo Maria Olympia Carneiro Mochel promove visitas guiadas, de forma gratuita, a grupos interessados em conhecer o Palácio Rio Branco e outros espaços da Câmara de Curitiba. O agendamento é on-line e pode ser feito de segunda a sexta-feira, no período da manhã ou da tarde. Além disso, o site da instituição conta com o tour virtual, ferramenta para saber mais sobre a história da cidade sem precisar sair de casa.