Visita à Essencis alerta para leis focadas na separação de resíduos
Leis municipais poderiam mudar a regra atual, que obriga grandes produtores de resíduos a darem destinação especial a seu lixo, para que materiais orgânicos deixassem de ser enviados a aterros. “Poderiam ser utilizados em compostagem”, comentaram os vereadores da Comissão de Meio Ambiente, nesta sexta-feira (4), após visita à Unidade de Valorização Sustentável (UVS) da empresa Essencis Soluções Ambientais.
Localizada na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), a unidade da Essencis conta com um aterro que recebe parte dos resíduos gerados pela capital do Paraná. A empresa divide com a Estre a operação do contrato vigente do Conresol (Consórcio Intermunicipal de Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos, do qual fazem parte Curitiba e outros 22 municípios da região metropolitana). Por isso, ela recebe 200 toneladas por dia de resíduos gerados na capital.
São destinados ao aterro da Essencis restos de poda, varrição e materiais inservíveis. Leonardo Gouveia, um dos gerentes da UVS Curitiba, explicou aos parlamentares que o contrato da empresa com o Conresol representa 10% da movimentação da unidade. Montada para lidar com resíduos industriais, a Essencis recebe resíduos de outros 300 clientes privados na unidade visitada pelos vereadores.
Na empresa, além do aterro, existe a logística reversa de eletrônicos, valorização energética para coprocessamento em fornos de cimento, compostagem e tratamento de efluentes, por exemplo. “Somos parte do grupo Solví. São 51 empresas, que atuam em 250 municípios do Brasil, além da Bolívia, Argentina e Peru”, explicou Gouveia. Katia Dittrich (SD), vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente, Colpani (PSB), Felipe Braga Côrtes (PSD) e Goura (PDT) visitaram as instalações da UVS e receberam explicações sobre o funcionamento da unidade.
“Foi importante para entendermos o que fazer com a legislação atual, que há esse potencial na compostagem”, declarou Felipe Braga Côrtes (PSD) após a visita. Ele e Goura (PDT) questionaram o porquê de o material orgânico destinado pela cidade ao aterro não ir para o pátio de compostagem, por exemplo, visto que isso seria ambientalmente mais correto. “Não ter uma separação adequada afeta isso, mas é algo que podemos trabalhar, inclusive na conscientização das pessoas e do poder público”, disse Goura.
Ao saberem que empresas da região também destinavam resíduos orgânicos ao aterro, quando poderiam, com algum investimento em logística interna, separar adequadamente esses itens para que tivessem uma destinação ambientalmente mais correta, eles cogitaram propor leis municipais nesse sentido. Durante a visita, Gouveia deu o exemplo de uma unidade do grupo Solví em São Bernardo do Campo (SP), que atende a prefeitura, e no qual diversas soluções são usadas em conjunto para diminuir a necessidade de um aterro ambiental.
As visitas aos aterros que recebem o lixo gerado por Curitiba foram decididas pela Comissão de Meio Ambiente na reunião do último dia 23. A proposta foi de Braga Côrtes, para quem as atividades darão a oportunidade de os vereadores conhecerem a gestão do lixo. Ele já havia levantado o assunto em plenário, em maio de 2017, após o então secretário do Meio Ambiente, Sergio Tocchio, apresentar a licitação para a coleta e o transporte dos resíduos - suspensa em setembro do ano passado pelo Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR). O aterro da Essencis fica em uma área de 23 hectares, enquanto o da Estre, em Fazenda Rio Grande, tem 260 hectares. Essa visita está agenda para 10 de maio.
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