Vereadores se despedem de Nely Almeida com homenagem

por Assessoria Comunicação publicado 30/10/2012 14h20, última modificação 03/09/2021 10h42
Amiga, companheira e conselheira foram as palavras mais usadas pelos vereadores de Curitiba para homenagear a colega Nely Almeida, falecida nesta segunda-feira (29), aos 78 anos de idade. Em nome dos 37 parlamentares da Câmara Municipal, Julieta Reis (DEM) lembrou a trajetória de vida da vereadora, da mudança de Santa Catarina para Curitiba junto com a família, a paixão pelo teatro e pela inclusão social, o casamento com o médico Félix do Rego Almeida e a primeira candidatura, em 1988, quando foi a mulher mais votada da capital.
Nely era alegre, simpática e determinada. Jamais deixou de expressar suas posições políticas, sempre muito claras. Como vereadora, era respeitada e tinha muita personalidade. Defendeu Curitiba com garra e princípios inabaláveis. Era culta, inteligente, combativa, corajosa”, disse Julieta para os familiares, amigos e lideranças políticas e empresariais presentes ao velório, realizado no Palácio Rio Branco, prédio histórico do Legislativo.
A parlamentar estava em seu sexto mandato na Câmara Municipal e não se candidatou na eleição deste ano, após 24 anos de vida pública e importantes projetos de lei aprovados. Em seu discurso, Julieta destacou a isenção de tarifa de ônibus para pessoas idosas, um dos segmentos sociais mais atendido por Nely Almeida. Ela também participou da criação do Conselho Municipal da Pessoa Idosa, propôs ações antifumo, a proibição da venda de bebida alcoolica nas proximidades das escolas da cidade e o uso obrigatório de focinheira para cães ferozes.
Neste momento de perda, tristeza e dor pelo passamento de nossa querida amiga, e colega vereadora, por quem tínhamos respeito e admiração mútua, sabemos que nenhuma folha cai, nenhuma árvore tomba, sem que os desígnios divinos assim determinem”, disse Julieta. O sentimento foi compartilhado pelos presentes, inclusive pelo presidente da Câmara de Curitiba, João Luiz Cordeiro (PSDB), que decretou luto na instituição ainda na véspera, por três dias. “É um momento muito difícil”, assinalou Cordeiro.
Conhecida pela sua capacidade de conciliação, o velório de Nely Almeida foi visitado por diversos políticos, que vieram lhe prestar essa homenagem. Estiveram no prédio histórico a primeira-dama de Curitiba, Marry Ducci, o secretário municipal do Governo, Fernando Jamur, o prefeito eleito Gustavo Fruet (PDT), o ex-governador Orlando Pessuti (PMDB), os deputados federais Rubens Bueno (PPS) e Fernando Francischini (PEN), os estaduais Roberto Aciolli (PV), Stephanes Júnior (PMDB) e Plauto Miró (DEM), primeiro-secretário da Assembleia Legislativa do Paraná, e o secretário estadual da Cultura, Paulino Viapiana. Também estiveram no velório os ex-vereadores João Cláudio Derosso, Natálio Stica, Marcos Isfer e Jotapê, além de novos parlamentares, que assumem na próxima legislatura, como Bruno Pessuti (PSC), Mauro Ignácio (PSB) e Chico do Uberaba (PMN), por exemplo, dentre muitos outros.
Desde a noite de segunda-feira, quando o velório foi iniciado, muitas pessoas passaram pela Câmara de Curitiba. Euclides Scalco, um dos fundadores nacionais do PSDB, compareceu ao velório nesta manhã. O governador Beto Richa, em viagem oficial ao exterior, mandou uma coroa de flores por ele e pela primeira-dama do Paraná, Fernanda Richa. Igual deferência à Nely Almeida foi prestada pelos hospitais Santa Casa de Misericórdia, Erasto Gaertner e Sugisawa, mais as coroas enviadas por entidades que prestam ação social e pelo grupo empresarial CR Almeida, do qual o marido de Nely foi sócio-fundador.
Amizade
Para Neusa Matoso e Magno Alves, assessores parlamentares de Nely Almeida há mais de 20 anos, além de amigos pessoais da vereadora, fica na memória a dedicação dela com as pessoas mais pobres, que precisavam de cuidados médicos, ou tinham idade mais avançada. “Ela se dedicava às pessoas mais humildes, à qualidade do sistema público de Saúde e às pessoas idosas”, confirmou Neusa, para quem a vereadora “era incapaz de não ajudar”. Magno diz que havia muito “respeito recíproco” no gabinete. “Ela nos tratava a todos com o maior carinho, sem fazer nenhuma distinção. Nely era aquela pessoa que não te pedia o favor de pegar um copo de água, pois ela mesma levantava e buscava”, conta o assessor que, em 1988, veio do Rio Grande do Sul para ajudá-la em sua primeira candidatura.
Aldemir Manfron (PP), Beto Moraes (PSDB), Denílson Pires (DEM) e Caíque Ferrante (PRP), por exemplo, ressaltaram a alegria que Nely Almeida extravasava em plenário, confessando todos que buscavam se aconselhar com ela e a tinham como exemplo. “E a vereadora Nely também tinha o lado humano da filantropia. Ela fará muita falta ao partido e à cidade”, afirmou Serginho do Posto, líder do PSDB e do governo na Câmara Municipal. “Vai ser difícil alguém preencher este espaço”, concordou Sabino Picolo, do DEM.
Já estávamos sentindo falta dela, pois a Nely havia decidido não se candidatar neste ano. Imagine agora. Ela era leal, fiel. Foi uma perda irreparável”, lamentou Aladim Luciano (PV), sentimento compartilhado por Roberto Hinça (PSD) e os demais parlamentares. “Ela desempenhava seu papel como vereadora com bastante energia”, disse Julião Sobota (PSC), falando da surpresa que foi aproximar-se de Nely Almeida durante o mandato, pois achava que havia muita diferença entre os dois. “Era um doce de mulher. Eu fazia questão de ir todos os dias dar um beijo nela”, brinca. Zé Maria, do PPS, também guarda lembranças felizes. “É difícil comentar, a gente conversava bastante. Era uma grande mãe para mim”, relata.
Outro aspecto destacado pelos vereadores era a assiduidade e participação constante dela nos debates da Câmara Municipal, como lembram Felipe Braga Côrtes (PSDB) e Paulo Salamuni (PV). “Ela usava a tribuna, fazia apartes. Sempre foi muito ativa”, resgata o tucano. “Era extremamente participativa e autêntica”, disse Salamuni. “Também era apaixonada por Curitiba”, emendou Celso Torquato (PSD). Para Jamur, secretário do Governo de Luciano Ducci (PSB), havia mais outra qualidade em Nely Almeida, que chegou a trabalhar com ele na prefeitura. “Ela sempre procurou a administração de forma institucional, nunca para tratar de assunto individual. Nely era muito simples e respeitava todos”, afirmou.
A vereadora Nely Almeida deixa três filhos. O sepultamento será realizado no cemitério Parque Iguaçu, na tarde desta terça-feira, às 15h. Ainda jovem, em 1954, ela foi diretora do Grupo de Teatro do Estudante do Paraná, envolvendo-se em diversas atividades do setor e criando o Teatro para a Criança Carente, que levou mais de dez mil jovens para assistir peças teatrais. Editou livros sobre a história de Curitiba e deu cursos motivacionais, com mais de oito mil participantes. Recebeu honrarias pelo seu trabalho social, fez parte do Centro de Letras do Paraná e nos últimos 30 anos esteve diretamente envolvida com a evolução política da cidade de Curitiba. Será protocolado na Câmara Municipal projeto de lei para denominar um espaço público da cidade com o nome de Nely Almeida, assinado pelos parlamentares da capital.