Vereadores repudiam absolvição de Calheiros

por Assessoria Comunicação publicado 12/09/2007 19h55, última modificação 17/06/2021 09h54
Após a divulgação, na tarde desta quarta-feira (12), da absolvição do presidente do Senado, Renan Calheiros, os vereadores da Câmara de Curitiba demonstraram indignação e repúdio contra os senadores e o voto secreto. Foram 40 votos contrários à cassação do mandato por quebra de decoro parlamentar, 35 a favor e seis abstenções, “que poderiam ter feito a diferença no resultado final”, opinaram. Todos os vereadores presentes na sessão plenária ocuparam a tribuna da Casa para se manifestar.
Dando início à discussão do tema, Valdenir Dias (PSB) comentou estar chateado com o Congresso Nacional, onde, apesar de ser composto por representantes do povo e mesmo diante dos escândalos, fatos comprovados e publicações na imprensa, “a mentira prevaleceu”. O vereador chegou a sugerir que os brasileiros coloquem uma fita preta no braço “em sinal de luto por uma tragédia deste naipe”. Para André Passos (PT), hoje foi um dia de grande decepção. “Pior que isso, somente os 20 anos de ditadura brasileira”. O petista criticou a votação secreta, que coloca em dúvida o posicionamento dos senadores, mesmo aqueles que declararam o voto anteriormente, e ressaltou que a abstenção contribuiu para a absolvição de Calheiros.
Otimista, o vereador Pedro Paulo (PT) disse ainda acreditar que o País busca justiça e citou a necessidade da reforma política. “A corrupção não nasceu ontem e não vai acabar amanhã”, disse, completando que os partidos políticos são instituições importantes, que devem ser reforçadas. O tucano Serginho do Posto também destacou a falta de unidade partidária. “O Brasil tem dado maus exemplos no campo político. Este foi mais um jogo em que a democracia perdeu”, considerou, reforçando que o fato ocorrido hoje não se apagará da memória do povo brasileiro.
Desprezível
A vereadora Nely Almeida (PSDB) demonstrou sua indignação, chamando Renan Calheiros de “homem desprezível”. Na sua opinião, o senador deveria ter se afastado do cargo assim que surgiram as denúncias. “Ficamos na expectativa de recuperar valores éticos e nada foi feito. O Senado, hoje, foi contra 190 milhões de brasileiros que lutam por condições mais justas”, disse. O líder do PDT, vereador Roberto Hinça, falou em nome do partido e afirmou que, mesmo com o voto secreto, tem certeza de que o senador Osmar Dias foi a favor da cassação do mandato de Calheiros. Sugeriu, também, que o voto secreto seja abolido da Câmara de Curitiba, na revisão do Regimento Interno.
“O verdadeiro político não tem que votar com sua consciência, mas pela ideologia que o colocou onde está, motivo pelo qual foi eleito”, finalizou a petista Roseli Isidoro, que arriscou o palpite de que a próxima sessão plenária do Senado será de silêncio geral ou repleta de manifestações.