Vereadores lamentam em plenário morte de Marielle Franco

por Assessoria Comunicação publicado 19/03/2018 13h55, última modificação 26/10/2021 09h31

“Uma perda irreparável para a democracia”, foi assim que o presidente da Câmara de Curitiba, Serginho do Posto (PSDB), definiu a morte da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, do Psol, no dia 14 de março, na capital fluminense. A declaração foi dada nessa segunda-feira (19), quando diversos vereadores se manifestaram sobre o assassinato da parlamentar e do motorista que dirigia o carro em que ela estava, Anderson Gomes.

Serginho do Posto informou que a Câmara decretou luto de três dias, no Legislativo, por conta da morte da vereadora. “Assim como quando ocorre com milhares de pessoas assassinadas em todo o Brasil, esperamos que as autoridades competentes esclareçam os fatos e punam os culpados por este crime bárbaro, que fere a democracia e a liberdade parlamentar”, diz a nota de pesar, assinada pela mesa diretiva da Casa.

O vereador Helio Wirbiski (PPS) classificou como chauvinismo a maneira como parte da população tem se manifestado sobre a morte da parlamentar. “Num primeiro momento vi algo absurdo, provando que a sociedade está podre, que a civilização passa a não existir”, declarou. Ele também disse que estava revoltado com o fato de que alguns vereadores, sem citar nomes, terem divulgado “fatos mentirosos sobre a vereadora” na internet. “Amanhã pode ser um de nós. Atuamos em causas polêmicas. Quando não defendemos ela [a Marielle], isso é uma ameaça à democracia”. Helio Wirbiski disse que essa situação o fez pensar em até não disputar uma próxima eleição.

“A vereadora representa a luta das mulheres pobres, negras e foi morta covardemente”, lamentou Maria Leticia Fagundes (PV). Para ela, esse tipo de situação remete ao período violento da ditadura militar. Maria Leticia também condenou a propagação de notícias falsas na internet sobre a parlamentar. “Isso permitiu que misóginos, sexistas e preconceituosos colocassem seus discursos de ódio. Me chamou a atenção a intolerância e a polarização política que tornou a todos insensíveis”.

“São pobres e negros que morrem todos os dias nas periferias. O que nos choca foi a execução de alguém que ocupava um espaço público e que fazia a defesa cotidiana dos direitos humanos, dos pobres, das mulheres, dos negros, dos LGBTI”, pontuou Professora Josete (PT). Para ela, tem se tornado comum pessoas que lutam por igualdade social serem vítimas de ódio e intolerância.

Na visão de Mauro Ignácio (PSB), é preciso dar uma resposta aos 119 assassinatos de mulheres em 2017, no Paraná. “Essas mulheres precisam ter sua honra resgatada. Tantos outros defendem as minorias e onde estão os culpados desses assassinatos. A mídia precisa dar o mesmo tratamento, tratamento igualitário”, opinou. “Que todos tenham o mesmo tratamento, que se consiga resolver esses crimes bárbaros no nosso país”, acrescentou Maria Manfron (PP).

“O Brasil vive uma matança de líderes de direitos humanos, de ativistas de questões ambientais, e isso é muito preocupante”, manifestou Goura (PDT). “É uma mensagem completamente despropositada, com endereço certo”, acrescentou. Goura protocolou um voto de pesar pela morte da vereadora Marielle Franco (078.00007.2018). A Câmara também fez um minuto de silêncio em homenagem à parlamentar.

O vereador Osias Moraes (PRB) disse que a sociedade precisa ser esclarecida sobre quem matou Marielle Franco. “Vereadora com trabalho fortemente engajado com as minorias. Ela morreu por que era negra, por que era mulher? Por que defendia as minorias? Quantas negras estão nos parlamentos e ainda serão assassinadas?”, raciocinou.