Vereadores e testemunhas de defesa depõem na Comissão Processante
Das seis testemunhas de defesa com depoimentos agendados para esta sexta-feira (11), quatro foram ouvidas pela Comissão Processante, formada pelo presidente Tico Kuzma (Pros), relator Mestre Pop (PSC) e Felipe Braga Côrtes (PSD). “Eu achei estranho, agressivo”, contou Beto Moraes (PSDB), dizendo que o acusado “pulou por cima da mesa” e “apalpou” a vereadora Carla Pimentel (PSC). “Aonde foi a mão [do Galdino] eu não vi”, disse o vereador, que é do mesmo partido de Galdino. Moraes disse que após dar o santinho à vereadora, Galdino “pediu o material de novo”.
Também listado pela defesa, Chicarelli (PSDC) não foi ouvido pela Comissão Processante como testemunha. Após ter declarado possuir uma “grande amizade com o acusado”, ele foi ouvido na condição de informante. Sem ter presenciado o ocorrido, o parlamentar relatou que Galdino frequenta a sua casa, convive com a sua esposa e filhos, e que se tornou confidente dos problemas de saúde do acusado. Chicarelli contou que Galdino nunca se declarou culpado nessas conversas. Recentemente, contudo, teria levantado a hipótese “que no movimento [de reaver o material de campanha], pode ter sido”. Segundo Chicarelli, Galdino passa por “um quadro depressivo”.
Chicarelli se preocupou em abonar a conduta pessoal de Galdino fora da Câmara de Vereadores, assim como fez a contadora Denise Leal sobre a convivência com o acusado dentro do gabinete. “Trabalho na sala do vereador e ele sempre teve uma conduta profissional comigo”, declarou, afirmando trabalhar com Galdino há dois anos. “Ele é muito exigente, às vezes até fala palavrão, mas é o jeito italiano de ser”, comentou. Ela atribuiu a tentativa de reaver o santinho da campanha do irmão por medo de ser acusado de crime eleitoral, fato citado também pelo jornalista Fernando Tupan. Ambos são servidores da Câmara, lotados no gabinete de Galdino. Chicarelli disse no depoimento ter ouvido Tupan dizer a Galdino que devia reaver o papel, já Denise afirmou o contrário, que o jornalista teria dito “que podia deixar”.
Tupan pediu para, diferente das demais testemunhas, não ter imagem sua prestando depoimento divulgadas pela Câmara de Vereadores “por ser jornalista”. O pedido foi aceito pela Comissão Processante, sob a justificativa de “direito de imagem”. Ele deu o depoimento mais longo da manhã. Num primeiro momento, concentrou-se em falar da vereadora Carla Pimentel. “Ela já se ofereceu para ele [Galdino]”, afirmou, dizendo ter havido ocasião anterior em que a denunciante, dirigindo-se a Galdino em busca de apoio parlamentar, teria o convidado para “um final de semana na minha chácara”.
Tupan também contou uma história em que, por e-mail, uma garota teria convidado o parlamentar para ir a sua casa, com fotos íntimas, e que ele teria justificado a negativa dizendo “só depois de namorar e casar”. Outro argumento do jornalista ao defender os valores morais do acusado foi “ele ter uma possível ligação com a Opus Dei, a parte mais reacionária [da Igreja Católica]”. Galdino, segundo Tupan, teria passado dez anos viajando pela Europa morando em conventos.
“Foi um complô político, uma armação”, disse Tupan, mesmo depois de questionado pela advogada Edna Vasconcelos Zilli se “os outros cinco vereadores que presenciaram o ocorrido estavam mentindo”. “Todos que estavam aqui [na sala do ocorrido] eram da base do prefeito”, defendeu, dizendo ter sido alertado repetidamente por Geovane Fernandes (PTB) sobre queixas contra a postura de Galdino em plenário. Também citou Tiago Gevert (PSC), que teria dito a ele “não ter acontecido nada”.
“Se [o Galdino] encostou, não se lembra. Ele me disse que, se agrediu alguém, se encostou em alguém, foi no Bruno Pessuti, e não na Carla”, relatou Tupan. Mais cedo no depoimento, supondo ter havido contato entre a denunciante e o acusado, disse que “um segundo [de contato] não é querer ter avanço”. “Quando a pessoa fica nervosa, fala coisas que não representa o que pensa”, comentou, genericamente, somando que Galdino é dado a rompantes verbais, “mas sempre faz a penitência dele”.
Da parte da vereadora Carla Pimentel (PSC), as advogadas de acusação contestaram a oitiva dos funcionários de Galdino, “pelo fato de serem subordinados”, mas a Comissão Processante manteve os depoimentos, com a justificativa de que eles “são subordinados à Câmara”, conforme orientação jurídica da Casa. Advogam pela parlamentar no processo Edna Vasconcelos Zilli, Maria Francisca Accioly e Milena Zwicker.
Outras testemunhas
A advogada de defesa do vereador Professor Galdino, Miriam Bispo Cardoso Carvalho, tem cinco dias para apresentar por escrito as informações que seriam prestadas pela psicóloga Marisa Lobo. A comissão recusou o pedido do segundo adiamento do testemunho da profissional de saúde, facultando à defesa o protocolo documental.
O depoimento de Edu Galdino, irmão do acusado, foi protocolado por escrito já no início da reunião. Neste caso, os vereadores da Comissão Processante concordaram em dispensar a oitiva presencial da testemunha, contentando-se com o documento. Com isso, encerrou-se o ciclo de oitivas das testemunhas, restando apenas o depoimento do acusado, nesta sexta-feira, às 14h.
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