Vereadores divergem sobre movimento "O Sul é meu país"

por Assessoria Comunicação publicado 04/10/2017 18h00, última modificação 21/10/2021 10h24

Na sessão plenária desta quarta-feira (4) da Câmara Municipal, vereadores discutiram sobre o plebiscito informal que deve ocorrer no próximo sábado (7), o chamado PlebiSul, que vai questionar a população sobre uma possível separação dos estados da região Sul do território nacional. Quem iniciou a discussão foi o vereador Goura (PDT), que nesta semana entregou um requerimento ao Tribunal Regional Eleitoral do Paraná e ao Ministério Público Eleitoral, pedindo providências quanto ao plebiscito organizado pelo movimento separatista “O Sul é meu país”.

Goura acredita que o pacto federativo e a forma como a União, Estados e Municípios dividem os recursos arrecadados são motivos que levam os simpatizantes a aderirem ao movimento. “Tanto o pacto federativo quanto o presidencialismo de coalizão têm formado uma representação desproporcional no Congresso Nacional. Nos últimos anos, a sociedade tem vivido um período de incitação ao ódio e a aversão política nunca esteve tão em alta”, declarou.

Após se manifestar contrário ao movimento, Goura disse que passou a receber ameaças do movimento separatista nas redes sociais. “Lembro que o que nos une às demais regiões do Brasil é muito maior do que o que nos separa. Jamais abriremos mão de um centímetro sequer do território nacional, essa herança de tantos brasileiros. Vamos cuidar dos interesses do Sul, e com muito carinho do Paraná, e de sua capital, Curitiba, não abriremos mão jamais dos brasileiros. O Paraná é e para sempre será o nosso jeito de ser o Brasil. O Brasil é o nosso país”, afirmou Goura.

Em contraponto, o vereador Mauro Ignácio (PSB) considerou que “O Sul é meu país” trata-se de “movimento pacífico” e que a população “tem todo o direito de se manifestar”. “Esse movimento separatista do Sul já é antigo e de tempos em tempos, quando a corrupção está em alta, quando a criminalidade está em alta, quando campanhas de ideologia de gênero, Escola Sem Partido, são o tema da sociedade, esses movimentos se fortalecem e vêm para a rua”, disse.

Mauro Ignácio declarou que espera que “a população saia das redes sociais e vá para as ruas se manifestar”, mas de maneira “ordeira”. “Ao contrário do que aconteceu aqui em junho, quando nós não conseguimos debater e essa Câmara foi invadida quatro vezes. Isso sim é ilegal, isso sim não é permitido”. O vereador referiu-se às invasões ao Palácio Rio Branco e posterior ocupação do plenário por manifestantes durante a votação do Plano de Recuperação (leia mais).

Na opinião da vereadora Noemia Rocha (PMDB), movimentos separatistas como este refletem uma “sociedade doente”. Para ela, é necessário resgatar valores familiares e questionar o papel dos políticos para proporcionar melhores condições de vida para a população. “Se não estamos contentes com os políticos, vamos retomar a discussão de investimentos na educação, na saúde, em moradias e não pensar que a solução é a divisão”, opinou. “Ouvir que o vereador Goura há dias tem recebido ameaças por falar a verdade, isso é inversão de valores, de conceitos.”

Ela afirmou ainda que os agentes políticos também são culpados por esse movimento popular. “O antigo prefeito não era aliado do governador, não tinha recursos para a cidade. Agora que o prefeito é alinhado, pode tudo. Está derramando investimento, porque faz parte do grupo. Isso é uma questão cultural, mas errônea”, criticou Noemia. Em resposta, Mauro Ignácio disse que Curitiba não foi prejudicada, mas que “não tinha certidão negativa do Tribunal de Contas, por isso não tinha investimentos públicos do Governo do Estado”, rebateu, referindo-se às dívidas da gestão passada, que não haviam sido quitadas (leia mais) e que, por isso, o Tribunal de Contas não emitiu a certidão – documento que atesta a ausência de dívidas do município –, o que inviabiliza a firmação de convênios.