Vereadores divergem em plenário sobre "Segunda sem carne"

por Assessoria Comunicação publicado 07/08/2017 13h35, última modificação 19/10/2021 12h41
Protocolado na semana passada, o projeto que pretende instituir a campanha internacional “Segunda sem carne” na rede municipal de ensino repercutiu na sessão desta segunda-feira (7) da Câmara de Curitiba. O vereador Goura (PDT), que assina a proposta de lei (005.00286.2017) com Fabiane Rosa (PSDC) e Katia Dittrich (SD), abriu a discussão. “Recebemos diversas mensagens de professores e diretores de escolas e CMEIs falando da situação calamitosa das refeições servidas, o que suscitou um debate muito mais amplo”, afirmou.

Goura declarou que o contrato com a empresa que serve as refeições aos alunos da rede municipal vence em março de 2018, e que até lá o modelo deve ser debatido inclusive com a participação da Comissão de Educação. “Alimentação não é apenas nutrição, também é educação. Quem sabe a gente construa um novo modelo de como a alimentação deva ser servida nas escolas municipais e nos CMEIs. As fotos e os relatos que chegaram até nós são calamitosos, realmente preocupantes”, avaliou.

Sobre a “Segunda sem carne”, o vereador argumentou que a campanha pretende substituir, uma vez por semana, a proteína animal pela vegetal e tem o apoio da ONU (leia mais). “18% das emissões do efeito estufa são causadas pela pecuária”, citou. “Minha filha é vegetariana e neste segundo semestre está matriculada na rede municipal. Já temos alguns avanços. O aluno, por requerimento, pode ter a opção de uma dieta vegetariana. Ainda não veio para ela o requerimento, demora um pouquinho.”

Em seguida, Mestre Pop (PSC) foi à tribuna e discordou da iniciativa: “O projeto não condiz com a realidade da nossa Curitiba. Ao retirar a carne da dieta escolar uma vez por semana, estaríamos privando as crianças de um direito que o Município oferece a elas”. Para ele, muitas crianças carentes têm como “estímulo maior de ir à escola a alimentação”.

Felipe Braga Côrtes (PSD) também disse ser contrário à proposta. “Não vejo como razoável obrigar a escola a não oferecer carne, substituir por alimento vegetal, soja ou outro. Ao se fazer uma lei para não poder ter carne se tira o direito daquele que quer comer”, opinou. Líder do prefeito na Casa, Pier Petruzziello (PTB) avaliou que “não há como o legislador impor uma situação como esta, de vai comer isto, não vai comer aquilo”.

Coautora da matéria, Katia disse que em conversa na Secretaria Municipal da Educação (SME) explicaram a ela que, caso a iniciativa seja aprovada e implementada, não seria aplicada na segunda-feira, “que é o dia em que a criança volta à escola, do fim de semana”. “A "Segunda sem carne" é um projeto que existe em todo o mundo. Eu me tornei vegetariana, há seis anos, devido à campanha. Seria também uma forma de incentivar a agricultura familiar. Quando nós éramos crianças, sem os hipermercados, comíamos carne uma vez por semana”, apontou.

Para o Professor Euler (PSD), presidente da Comissão de Educação, “obviamente a intenção dos vereadores é a melhor possível”. Na avaliação dele, “o projeto em si passa a ser secundário”, diante da discussão sobre a alimentação saudável. “O pai que não quer que o filho coma carne que exponha [essa opção]”, acrescentou Ezequias Barros (PRP).

Goura também encerrou o debate: “Muitos dias da semana [o cardápio da rede] já não tem carne. Carne não é sinônimo de nutrição. A proposta não é deixar em um dia a alimentação pior. Não é só comer alface, de forma alguma. Está aberta a discussão, [o projeto] está tramitando”.