Vereadores discutem cirurgias para mudança de sexo pagas pelo governo

por Assessoria Comunicação publicado 31/10/2017 13h45, última modificação 21/10/2021 10h17

Ezequias Barros (PRP) criticou, mais uma vez, a decisão do governo do estado de financiar cirurgias para mudança de sexo, reclamou das declarações do secretário estadual de Saúde, Michelle Caputo Neto, e revelou que cobrou providências do governador Beto Richa. O vereador subiu à tribuna na sessão plenária desta terça-feira (31) para falar do convênio entre governo do Estado, prefeitura de Curitiba e Hospital de Clínicas, que vai viabilizar cirurgias de redesignação sexual.

“Eu tive a oportunidade de falar com o governador a respeito disso e ele disse desconhecer o integral daquilo que estava sendo falado pelo secretário. Cobrei dele uma posição. Ele quis sair pela tangente e eu disse: "é responsabilidade sua, sim. Ele é seu secretário. Como o senhor vai fugir dessa questão, que é corresponsável"”, revelou.

Ezequias leu a reportagem sobre o assunto publicada na Agência Estadual de Notícias. Segundo a notícia, o secretário afirmou que “nós abrimos nossas portas com o objetivo de melhorar as questões relacionadas à transexualidade, pois tudo que tem algum impacto na vida dos cidadãos paranaenses nós temos que resolver. Vamos aproveitar a disponibilidade de HC e não permitir que o conservadorismo atrapalhe o que diz respeito à saúde pública”.

Para o vereador, essa “não é uma questão de saúde pública”, mas sim “de alguém que quer mudar de sexo. É desejo pessoal de alguém. “Não tenho nada contra. Quem quer que seja”. Segundo Ezequias, existem pacientes na fila esperando por outros tipos de cirurgias, ao citar diversos exemplos durante o discurso: “pessoas estão esperando por cirurgias mais simples, como por exemplo vesícula” e “uma pessoa está esperando uma cintilografia há oito meses. Pessoas que precisam de cirurgia de joelho. Tem gente precisando há 2 anos”.

“A gente tem pessoas há 2 ou 3 anos esperando uma perna. E com custo muito menor do que todo esse tratamento [para mudança de sexo]. O tratamento todo passa por 700 cápsulas para hormônios e dois anos de terapia. Eu não consigo entender. Se a pessoa nasceu no corpo errado, pra que precisa de terapia?”, questionou.

Ezequias Barros também disparou contra o que chamou de “enfrentamento” do secretário Michele Caputo ao “conservadorismo”. “Se o governo tem dinheiro e vai fazer, tudo bem. Mas não precisa enfrentar. Tudo bem se ser conservador é buscar o direito da família, dos meus netos, da família do cidadão curitibano”.

Osias Moraes (PRB) destacou que na Suécia chegou-se à conclusão de que a cirurgia de mudança de sexo não diminuiu o número de suicídios entre os operados. “Pelo contrário, o número de suicídios entre os que mudaram de sexo aumentou 20 vezes”. Para ele, o movimento LGBT quer direitos, mas está desconstruindo algo que não tem desconstrução. “Não se pode desconstruir o que é natural”, afirmou Osias.

Para Maria Leticia Fagundes (PV), “o debate é saudável mas deve ser instrumentalizado por embasamento técnico e com respeito à diversidade”. De acordo com a vereadora, a discussão do tema deve levar em consideração que o mundo está mudando. Professora Josete (PT) lembrou a existência do hermafroditismo. “Há variações, a natureza não é exata. Daí a necessidade de acompanhamento, para que a pessoa se entenda enquanto gênero, que é um conceito que se constrói socialmente”, acrescentou.