Vereadores defendem que “ajuste fino” faria lockdown em Curitiba mais efetivo

por José Lázaro Jr. — publicado 30/03/2021 18h55, última modificação 09/04/2021 16h05
Com autorizações especiais, serviços e comércio seguiriam em atividade, mas com bloqueio das aglomerações e manutenção do distanciamento social.
Vereadores defendem que “ajuste fino” faria lockdown em Curitiba mais efetivo

Em razão da pandemia, sessões da CMC são feitas por videconferência. (Foto: Reprodução/YouTube CMC)

“Precisamos agir de forma cirúrgica, prestando atenção nos detalhes, para amenizar [os impactos negativos do lockdown] a situação de cada segmento”, resumiu, nesta terça-feira (30), o vereador Alexandre Leprevost (SD). Autor de 4 das 10 sugestões ao Executivo que foram aprovadas hoje na Câmara Municipal de Curitiba (CMC), o parlamentar e seus colegas defendem que “ajustes finos”, como o escalonamento de horários e o atendimento com horário marcado, por exemplo, evitam as aglomerações sem estrangular a atividade econômica.

Autorizar o funcionamento interno das imobiliárias, por exemplo, permitiria que os profissionais negociassem a revisão dos contratos de locação durante esse momento de agravamento da pandemia (203.00137.2021). Banho e tosa de animais de estimação, desde que agendadas, para evitar o encontro dos clientes no estabelecimento, ou realizadas a domicílio, manteriam as diretrizes do isolamento social (203.00138.2021). O mesmo raciocínio da hora marcada, com lotação reduzida e higienização entre um cliente e outro, permitiria a reabertura controlada de salões de beleza (203.00140.2021). Essas três sugestões, apresentada pelo próprio Leprevost, seriam exemplos do ajuste fino no lockdown realizado em Curitiba.

A quarta sugestão do vereador, aprovada pela CMC e remetida à Prefeitura de Curitiba, era a de incentivar uma campanha de doação de alimentos em paralelo à de vacinação (203.00139.2021). “Já levei a ideia para a prefeitura, mas ela parou em uma das secretarias, então resolvi oficializar”, justificou Alexandre Leprevost, acrescentando que conseguiu “o apoio do governo estadual, se preciso for, para que não se misture [os esforços de] vacina com os alimentos”. A ideia do parlamentar é, nos locais de imunização por drive thru, permitir que os veículos deixem não perecíveis para doação.

“Nós precisamos, sim, assegurar a vida em primeiro lugar, mas também temos que pensar no pequeno comerciante”, concordou João da 5 Irmãos (PSL), que sugeriu a abertura dos pequenos comerciantes em horário reduzido, das 10h às 16h, com protocolos sanitários reforçados (203.00131.2021). Sobre a campanha de vacinação, pediu que a prefeitura possa oferecer as doses do imunizante em, pelo menos, três locais diferentes por administração regional da cidade (203.00133.2021), “a fim de evitar aglomerações e diminuir o tempo de espera nas filas”.

“As floriculturas também passam por um perrengue no momento, por isso peço que sejam autorizados a trabalhar, respeitados os protocolos [de combate à covid-19]”, somou-se Beto Moraes (PSD), autor de uma sugestão similar à dos demais vereadores (203.00132.2021). “Pessoas que perdem seus entes, querem prestar uma última homenagem ao familiar falecido, comprando flores”, justificou o parlamentar.

Já o vereador Hernani (PSB) afirmou ter consultado médicos e que, desse diálogo, decidiu sugerir à Prefeitura de Curitiba que inclua as gestantes na lista de prioridades da vacinação (203.00135.2021). “Se não há risco para a imunização das grávidas com comorbidades, não vejo motivo para não vacinar todas as gestantes. [Até porque] elas transferem os anticorpos para os bebês, então seria como imunizar duas pessoas com uma só vacina”, argumentou. Maria Leticia (PV) concordou com a sugestão.

Contágio nos ônibus

Bastante debatida entre os parlamentares, a sugestão de Renato Freitas (PT) para reduzir as condições de contágio no transporte coletivo também foram endossadas pelo plenário da CMC (203.00136.2021). Ele defendeu que os ônibus circulem com apenas 50% da capacidade e que a capacidade máxima da frota seja restabelecida, com a volta dos horários normais de funcionamento. “A diminuição da frota causa maior concentração de passageiros”, recriminou o vereador, afirmando que o aumento da frota “é uma medida simples e eficaz, que gera efeitos a curto prazo [na escalada da contaminação]”.

A sugestão foi elogiada por Tânia Guerreiro (PSL), Denian Couto (Pode), Professora Josete (PT) e Jornalista Márcio Barros (PSD), que voltou a defender o escalonamento do horário de entrada dos trabalhadores conforme a atividade econômica (leia mais). “Se a gente trabalhar com inteligência, vai saber lidar com o momento”, concordou, alinhando-se ao discurso do ajuste fino nas medidas de distanciamento social.

Comissões e Frente Parlamentar

Após coordenar a votação das sugestões, no papel de presidente da CMC, Tico Kuzma (Pros) afirmou concordar “com os vereadores nos requerimentos, sobre a abertura das imobiliárias, sobre os salões de beleza, sobre os pet shops”. Em resposta a Couto, que cobrou a vinda de representante do Executivo à CMC, para ampliar a interlocução com os vereadores, Kuzma disse ter procurado a secretária da Saúde, Marcia Huçulak, e que aguarda retorno sobre o convite.

“Nós, na CMC, temos as comissões e ainda a Frente Parlamentar criada para a questão da covid-19. Então devemos usar essas comissões para buscar as soluções, as conversas e buscar a negociação”, afirmou Kuzma. Ele também convidou os parlamentares para reunião com sindicatos da Educação, para discutir a possibilidade da retomada das aulas e da educação infantil em Curitiba.