Vereadores debatem segurança pública com o novo delegado-geral

por Assessoria Comunicação publicado 04/09/2013 17h45, última modificação 17/09/2021 10h42
Os vereadores de Curitiba realizaram, na sessão desta quarta-feira (4), debate sobre diversas questões relacionadas à segurança pública com o novo delegado-geral da Polícia Civil do Paraná, Riad Braga Farhat. A iniciativa foi de Chico do Uberaba (PMN), que preside a Comissão de Direitos Humanos, Defesa da Cidadania e Segurança Pública da Câmara Municipal.

O delegado-geral, que assumiu o cargo há pouco mais de um mês, após uma série de polêmicas envolvendo a corporação - como denúncias de tortura, corrupção e crimes não solucionados – garantiu que a polícia vai trabalhar baseada em dois pilares: maior profissionalismo nas investigações e uma corregedoria forte e estruturada.

“Faremos de tudo para diminuir os números da criminalidade, que estão muito longe do aceitável. Não queremos passar a falsa sensação de que tudo está indo às mil maravilhas, mas estamos nos esforçando”, afirmou.

Riad Braga Farhat explicou que já promoveu uma série de mudanças, entre elas a troca de chefia em delegacias especializadas, mas que os resultados devem aparecer somente em médio e longo prazo. “Sei que desagradei muitas pessoas, mas não estou preocupado com isso”, ressaltou.

No debate, que durou aproximadamente duas horas, o dirigente respondeu perguntas e recebeu sugestões dos vereadores sobre como melhorar o atendimento nas delegacias; participação da polícia civil nos Conselhos Comunitários de Segurança (Consegs); assaltos e arrombamentos no centro da cidade; manifestações com pessoas mascaradas, bem como consumo e tráfico de drogas.

Ao falar sobre as dificuldades da população em ser atendida durante a noite -   atualmente apenas uma delegacia permanece aberta, o CIAC-Sul -, Cristiano Santos (PV) questionou o que estava sendo feito para resolver a questão, ou minimizar o problema. De acordo com Farhat, o  “problema está com os dias contados”, sendo que há três projetos em análise que serão levados ao secretário de Segurança Pública. “Ampliar esse atendimento vai nos trazer dificuldades, pois estamos trabalhando no limite, mas será feito”, prometeu.

Em resposta a Tiago Gevert (PSC), sobre quem vai conduzir as investigações do assassinato da menina Tayná Adriane da Silva, Farhat adiantou que determinou a apuração do crime pela Delegacia de Homicídios, que teria melhor estrutura para atender o caso. Ele admitiu que a investigação é difícil, mas garantiu que está sendo feito o “possível e o impossível para chegar aos autores do homicídio”.

Já as medidas que estão sendo tomadas pela Polícia Civil para reduzir a superlotação nas delegacias, foram alvo de perguntas dos vereadores Helio Wirbiski (PPS), Geovane Fernandes (PTB) e Mauro Ignacio (PSB). Em atenção aos questionamentos, o delegado-geral argumentou que o governo estadual, desde o início da atual gestão, conseguiu reduzir significativamente o número de pessoas presas em delegacias, que foram transferidas para presídios. “No início do governo, tínhamos 16.800 presos sob custódia e hoje estamos com 3.600 nas delegacias e mais 6.300 em custódia compartilhada”. Para o convidado, a situação é grave e atrapalha o real trabalho da polícia, que é a investigação. “Nossa intenção é não ter nenhum preso sob custódia”, revelou.

Geovane Fernandes também apresentou queixa a Riad Braga Farhat, de que a Polícia Civil não estaria participando das reuniões de Conselhos Comunitários de Segurança (Consegs). Ele pediu a presença de delegados, ou de seus representantes, nas reuniões comunitárias. Em resposta, Farhat disse que já participou, como chefe da Divisão de Narcóticos de alguns Consegs, mas afirmou desconhecer que a corporação não esteja participando destes fóruns.

A presença de pessoas mascaradas em manifestações e também o alto número de assaltos e arrombamentos no centro preocupam Chicarelli (PSDC). O parlamentar pediu maior cuidado com o centro, pois disse ter recebido várias reclamações de moradores e comerciantes. Para Farhat, toda manifestação deve ser aceita, desde que respeite a integridade física das pessoas e a propriedade privada. Ele entende como positivas as ações feitas no Rio de Janeiro, para coibir a presença de mascarados em protestos. Também garantiu que o centro não está esquecido, mas argumentou que dirige a polícia judiciária, que tem por missão investigar crimes, ficando o policiamento ostensivo a cargo da Polícia Militar e da Guarda Municipal.

Drogas

As medidas adotadas pela Polícia Civil para combater o uso e o tráfico de drogas, as possibilidades de descriminalização da maconha, bem como a legislação que diferencia o usuário do traficante, foram temas de perguntas dos vereadores Noemia Rocha (PMDB), Valdemir Soares (PRB), Professor Galdino (PSDB) e Jairo Marcelino (PSD).

Em atenção aos questionamentos, o delegado-geral confirmou que o uso de drogas é uma das principais causas de criminalidade. “Junto com o tráfico vem o homicídio, o roubo, e os índices são piores nas áreas próximas aos pontos de tráfico, sendo que perto de 80% dos homicídios estão ligados ao tráfico de entorpecentes”, detalhou. Já sobre a proposta de legalização da maconha, o delegado disse que o tema é polêmico, mas concluiu que o “país não está preparado para essa medida.” Outro ponto comentado foi a legislação, que diferencia o usuário do traficante. “O usuário não pode ser tratado como marginal, pois até mesmo a Organização Mundial de Saúde considera o dependente químico como uma pessoa doente”, finalizou o delegado-geral.

Também participaram da Tribuna Livre o presidente da Casa, Paulo Salamuni (PV), Serginho do Posto e Felipe Braga Côrtes, do PSDB, Julieta Reis e Sabino Picolo, do DEM, Carla Pimentel e Bruno Pessuti, do PSC, Pedro Paulo (PT)  e Tico Kuzma (PSB).