Vereadores debatem segurança nos ônibus e o novo Ligeirão
Diversos aspectos referentes ao transporte coletivo de Curitiba foram debatidos pelos vereadores de Curitiba durante a sessão plenária desta segunda-feira (2). Entre os temas abordados estão os arrastões e as soluções para a falta de segurança dentro dos ônibus, além do início da operação do novo Ligeirão Santa Cândida/Praça do Japão.
Na tribuna, Thiago Ferro vestiu uma máscara do Homem Aranha para criticar o uso de câmeras de videomonitoramento nos ônibus, estações-tubo e terminais, mote de uma legislação municipal não aplicada (13.885/2011) e de um projeto de lei em tramitação (005.00014.2018), de Oscalino do Povo (Pode). “Todo mundo sabe que basta uma máscara, um boné, um chapéu, que as câmeras perdem o sentido”, disse, ao se referir ao roubo a um Interbairros IV, na noite desse domingo (1º).
“Infelizmente no final de semana de Páscoa aconteceu o 24º arrastão no transporte público de Curitiba. Mais uma vez os curitibanos foram vítimas de insegurança no transporte público da capital”, complementou. O vereador defendeu que seja debatido em plenário o projeto de lei (005.00213.2017) de sua iniciativa que prevê gratuidade nos ônibus a policiais militares a paisana. Um substitutivo ao texto (031.00069.2017), assinado por Rogerio Campos (PSC) e Tico Kuzma (Pros), amplia a gratuidade aos guardas municipais sem farda, no deslocamento ao trabalho ou no retorno após o expediente.
"Precisamos propor um transporte mais seguro. Tivemos uma audiência pública e numa enquete [elaborada pela] Comunicação da Casa o apontamento número um foi a polícia à paisana nos ônibus. É uma responsabilidade da Câmara Municipal", continuou Ferro. O vereador ainda disse estar com dificuldade para obter "alguns dados da Urbs" sobre o tema.
Para Julieta Reis (DEM), que discursou após Thiago Ferro, “infelizmente a situação da segurança no Brasil está precisando de um Superman, do Homem Aranha”. “É impossível termos um guarda [municipal] em cada ônibus, em cada esquina da cidade, ao lado de cada pessoa”, afirmou. A vereadora continuou que o problema atingiu “níveis estratosféricos”, e classificou a situação do Rio de Janeiro como "caótica". Ela ainda citou os projetos de ajuste fiscal aprovados em 2017 para defender que a prefeitura agora tem liquidez e a certidão para buscar “financiamentos externos” para grandes obras.
Novo Ligeirão
Outro assunto muito discutido na sessão plenária foi o início da operação, desde quarta-feira (28), do Ligeirão Santa Cândida/Praça do Japão. Felipe Braga Côrtes (PSD) subiu à tribuna para cobrar respostas de seus pedidos de informações oficiais enviados à Prefeitura. No requerimento lido na sessão de hoje, o vereador cobra informações complementares a um requerimento anterior (062.00154.2018), pedindo, por exemplo, o envio à Câmara do projeto do Ligeirão. Ele também requer os estudos de impacto ambiental, de vizinhança e de trânsito (EIA, EIV e EIT, respectivamente) das obras já realizadas na praça do Japão, questiona se foram estudadas alternativas à intervenção e se o valor de R$ 15 milhões, “já aprovado junto à Caixa Econômica Federal”, permitirá que os ônibus sigam até o Terminal Portão. “Se sim, já existe projeto e aprovação de recursos para que tais ônibus trafeguem até os Terminais Capão Raso e Pinheirinho?”, completa a proposição.
Em seu discurso, Braga Côrtes disse que “as pessoas que moram na região norte querem saber o que exatamente vai ser feito depois da praça do Japão”. Segundo ele, a Prefeitura informou que os R$ 15 milhões seriam aplicados em outra etapa do Ligeirão até o Portão. As estações planejadas são Silva Jardim, Dom Pedro I, Morretes, Carlos Dietrich e Itajubá (a única após o Portão). “Como vai ficar esse ônibus indo até o Portão ou até o Capão Raso se as outras estações não vão ser relocadas?”, indagou. “Quem mora na região da praça do Japão não está satisfeito com a situação”, reforçou. Ele ainda criticou a cor vermelha nesse novo Ligeirão, em comparação ao do Boqueirão: “não é um aspecto banal. O Ligeirão sempre foi azul. As pessoas podem se confundir”.
Pier Petruzziello (PTB) rebateu as críticas dizendo que mora em um prédio na praça do Japão e que não sente muita rejeição por parte dos moradores. “Eu ando lá todos os dias. Os [moradores dos] prédios estão aplaudindo a obra”, disse ele, relatando que alguns apartamentos estenderam faixas que criticam a administração municipal. “Dizer que está todo mundo contra é um exagero. Tinham no máximo 45 pessoas apitando na manifestação num domingo de manhã”, destacou.
Sobre a cor, Bruno Pessuti (PSD) explicou que os ligeirões azuis foram implantados “em uma nova linha, um novo trajeto”, daí a nova cor [azul]. Segundo ele, a diferença é que “o Ligeirão Santa Cândida/Praça do Japão percorre o mesmo trajeto da linha, com bem menos paradas”. Pessuti ainda concluiu que “o fato do novo ligeirão ser vermelho não deve ser um problema. Não devemos assumir que as pessoas não têm condições de localizar locais de embarque”.
Goura (PDT) destacou que a expressão “improvisação agourenta”, dita pelo prefeito Rafael Greca em vídeo na inauguração do novo Ligeirão, teria sido uma ironia com seu nome. Ele lembrou que, sobre políticas de ciclomobilidade, em 2012 Greca assinou a carta compromisso da Associação dos Ciclistas e que repetiu o gesto em 2016. O documento previa, segundo ele, o não retrocesso das conquistas do movimento cicloativista, porque, para Goura, “a bicicleta tem sido tratada como política de gestão e não de estado”. Para ele, é necessária uma rede cicloviária ligando o sul da cidade ao centro. O vereador lembrou que 2% da população de Curitiba faz uso diário da bicicleta.
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