Vereadores debatem segurança digital e vazamento de mensagens

por Assessoria Comunicação publicado 19/06/2019 17h00, última modificação 09/11/2021 07h41

“Quão seguros estamos?”, questionou Bruno Pessuti (PSD) sobre a publicação de supostas mensagens trocadas entre procuradores da operação Lava Jato e o então juiz federal Sérgio Moro, atual ministro da Justiça, pelo site The Intercept Brasil. “Sabemos que no Brasil não há segurança digital nenhuma”, acrescentou ele, em discurso na sessão desta quarta-feira (19) da Câmara Municipal de Curitiba (CMC). Um ataque hacker ao banco de dados do Município, citou o vereador, poderia corromper informações e prejudicar a cobrança de impostos.

“Todos os pacientes atendidos pelo serviço público de saúde podem ter os dados [prontuário] divulgados na internet. Pode ser quebrado o sigilo dos devedores”, cogitou Pessuti. No caso da CMC, poderia ser invadido o Sistema de Proposições Legislativas (SPL), restando apenas os processos físicos do trâmite dos projetos de lei. Nesse sentido, Julieta Reis (DEM) observou: “Isso significa que o papel não vai acabar [pela necessidade de cópias impressas de documentos]”.

Em vídeo gravado a pedido de Bruno Pessuti e exibido em plenário, o consultor em segurança digital Daniel Nascimento, que já foi considerado o maior hacker do país, considerou o vazamento “inadmissível”. “Foi orquestrado, não vai parar por aí. Onde está a equipe de segurança do ministro de Justiça?”, questionou. Ele participou, em novembro do ano passado, de seminário na CMC sobre a disseminação de fake news e a segurança digital na administração pública, evento proposto por Pessuti.

Para Cristiano Santos (PV), o vazamento de informações atingir até o ministro da Justiça “acende uma luz amarela” sobre o problema. “[Precisamos] quem sabe ampliar o debate, buscar uma política pública”, propôs. Na avaliação de Mauro Bobato (Pode), deve-se “procurar um caminho nesta Casa”, que dê um encaminhamento à questão da segurança digital. Para Oscalino do Povo (Pode), a discussão também deve ser levada à Assembleia Legislativa do Estado Paraná (Alep).

Contraponto
Já para Professora Josete (PT), “está se tirando o foco das denúncias”. “O que está no centro é a posição imparcial de um juiz, do juiz Sérgio Moro, que hoje é ministro do país. Temos que lembrar que a presidenta Dilma foi vítima de um grampo ilegal [da Lava Jato]”, continuou. “Agora, ele está se sentindo uma vítima. Estamos falando de um juiz e do Ministério Público Federal, que não cumpriram seu papel. Que usaram de parcialidade, que colocam em risco toda a operação Lava Jato.”

Josete citou supostas mensagens divulgadas nessa terça-feira (18), entre Moro e o procurador Deltan Dallagnol, sobre a investigação de denúncias contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. “Essas denúncias são seriíssimas. São gravíssimas. E põem em risco nossas instituições, como o Ministério Público e o Judiciário”, declarou. “Desde o golpe vivemos um período de crise institucional no país. E para alguns parece que estamos em um ambiente de normalidade. Quando um juiz faz uma fala que trata de evitar melindres, temos de fato um aprofundamento da crise institucional. Não podemos deixar de registrar isso”, disse a vereadora.