Vereadores debatem declaração polêmica sobre salários

por Assessoria Comunicação publicado 25/05/2015 13h15, última modificação 30/09/2021 09h54

Cristiano Santos (PV) e Paulo Salamuni (PV) criticaram em plenário, nesta segunda-feira (25), nota divulgada pelo mandato de Chico do Uberaba (PMN) em que ele afirma “ter se expressado mal” ao dizer que os vereadores de Curitiba pagam para trabalhar. No documento, que foi publicado em perfis do parlamentar nas redes sociais, Chico do Uberaba defende que lutava contra mais gastos na administração pública, e que não era “filho de político famoso” ou “de apresentador de programa de TV”. “Fui eleito pelo voto do povo”, defendia.

“Não quis reclamar do salário líquido de R$ 11,4 mil que recebo mensalmente. Reconheço que é um salário muito bom”, desculpa-se Chico do Uberaba na nota oficial, para depois dizer que, na verdade, queria reclamar de “alguns vereadores quererem gastar mais de R$ 200 mil por ano em cursos para os servidores” (veja nota abaixo na íntegra).

“Na última sexta-feira, o vereador [Chico do Uberaba] tentou justificar a declaração desastrosa que deu nesta Casa, mas não teve respeito com os colegas, disparou para todos os lados”, afirmou Cristiano Santos. “Relacionar salário de vereador com a Escola do Legislativo? O que isso tem a ver? Temos feito um esforço hercúleo para tirar a Câmara de Curitiba das páginas policiais, mas parece que querem, pelos discursos que ouvimos, reinseri-la nesse contexto”, protestou Salamuni.

“Em todos os lugares que os vereadores foram neste final de semana, ouviram ironias. "Estão ganhando mal, hein?", é o que nos diziam. Podemos discutir isso, lógico, desde que seja essa a pauta do debate”, emendou Paulo Salamuni. “Agora temos que desagravar os servidores, que não tem nada a ver com a história e foram arrastados para ela. A Escola do Legislativo é uma conquista deles”, completou, antes de pedir “serenidade” aos vereadores. Mais incisivo na análise que fez do episódio, Cristiano Santos considerou a conduta do parlamentar “irresponsável”, “que deixa a desejar”.

“E vou vestir a carapuça, pois sou filho de apresentador de programa de TV”, afirmou Cristiano Santos, “pois acho que o vereador Chico do Uberaba falava de mim”. “Sinto que sou privilegiado pela família que tenho: pai, irmãos, esposa e filhos. Do meu pai, só tenho que me orgulhar, se tive votos por ser filho do Roberto Aciolli. Ele não é rico, chegou onde está com muito trabalho e desde os dez anos acompanho ele. Na minha trajetória pessoal no rádio e na televisão, nunca usei o sobrenome [Aciolli], mas fico feliz de ter herdado parte da credibilidade dele”, disse. “Só que para ter credibilidade, é preciso assumir os próprios erros. Quando eu me candidatei a vereador, sabia quanto iria receber se fosse eleito”, completou.

Nota oficial – Chico do Uberaba
Apesar de estar em plenário, o vereador Chico do Uberaba não se manifestou. Ele publicou, no dia 21 de maio, uma nota oficial em seu perfil no Facebook. Leia na íntegra:

Em primeiro lugar, peço desculpas à população por ter me expressado mal, no momento em que estava lutando contra mais um gasto de verba pública. Há um mês votei contra o aumento do meu próprio salário. Não quis reclamar do salário líquido de R$ 11.400,00 que recebo mensalmente. Eu reconheço que é um salário muito bom.

Recentemente, eu levei à Câmara uma proposta de convênio com o Instituto Federal Paraná, para permitir a qualificação dos funcionários da Casa. O material não foi levado a diante. Agora, alguns vereadores querem gastar mais de R$ 200 mil reais por ano em cursos para os funcionários da Câmara.
Indignado e protestando, me expressei mal. O que eu pretendia era chamar a atenção dos outros vereadores para o fato de que, se sobra dinheiro, que seja investido em atendimento à população. Eu fui eleito pelo voto do povo, em resposta ao trabalho que venho fazendo no Uberaba, bairro onde resido há mais de 50 anos. Não fui eleito por ser filho de político famoso. Não fui eleito por ser filho de apresentador de programa de tv. Lamento profundamente que poucos vereadores tiveram a coragem de se posicionar contra mais esse gasto desnecessário.

Tenho confiança no trabalho que desenvolvo no bairro, na constante luta contra o descaso da prefeitura com algumas regiões da cidade e sei que tenho apoio dos moradores que sofrem com os problemas que temos aqui nos postos de saúde, ruas esburacadas, alagamentos constantes, escolas com condições mínimas e a falta de segurança
”.

Nota oficial – Câmara Municipal
Posicionamento da Mesa Executiva da Câmara Municipal, do dia 20 de maio, após a repercussão da declaração, dita por Chico do Uberaba:

A opinião individual do vereador não reflete, necessariamente, o posicionamento institucional da Câmara Municipal de Curitiba. Cada parlamentar pode e deve expressar seus pensamentos e, consequentemente, assumir a responsabilidade pelos seus atos. A Câmara de Curitiba é reconhecidamente um dos legislativos mais transparentes e atuantes do Brasil.

A Câmara Municipal de Curitiba informa que os vereadores de Curitiba recebem R$ 11,4 mil de salário líquido e têm direito a um carro, sete funcionários e dois estagiários, além de material de escritório para os gabinetes.

Atualmente, os vereadores não recebem 13º, 14º e nem 15º salários, nenhuma verba de representação, de gabinete ou indenizatória, não há auxílio-moradia ou auxílio-paletó. As sessões extraordinárias e a participação dos parlamentares nas comissões permanentes e especiais não são remuneradas. E os vereadores que faltam sem justificativa em uma sessão ordinária tem seu subsídio descontado em 1/30. Em 2012, foram cortados mais de 250 cargos comissionados
”.