Vereadores de Curitiba repudiam agressão às mulheres ucranianas por deputado paulista
Com a pandemia, as sessões da CMC são híbridas: presencial e por videoconferência. Na foto, Professora Josete. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)
Em votação simbólica, nesta segunda-feira (7), os vereadores da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) aprovaram uma moção de protesto, repudiando as declarações do político Arthur do Val (Podemos), deputado estadual em São Paulo, sobre as mulheres ucranianas. No país do leste europeu sob o pretexto de ajudar os refugiados, Arthur do Val gravou áudios, que depois foram divulgados pela imprensa, objetificando as mulheres ucranianas. Entre outras coisas, disse “que [elas] são fáceis, porque são pobres” e “que são capazes de tudo”.
“[Nos áudios], os termos são ofensivos e de baixo calão. Além do machismo e do sexismo, há uma completa falta de humanidade diante de um cenário de guerra, de fome. Já são 1,5 milhão de pessoas fugindo do país. A moção sequer é suficiente para expressar toda a nossa indignação”, justificou a vereadora Professora Josete (PT), autora da moção (413.00005.2022). No mesmo dia, a CMC aprovou uma moção contra os ataques russos à Ucrânia (413.00003.2022), elaborada pelo Professor Euler (PSD).
Durante os debates, o vice-presidente do Legislativo, Alexandre Leprevost (Solidariedade), anunciou que, além de iluminar o Palácio Rio Branco nas cores da Ucrânia, a partir desta quarta-feira (9), a Câmara de Curitiba realizará um ato pela paz, para expressar sua solidariedade aos povos que são vítimas da guerra. “A gente se solidariza com eles e com seus familiares [que vivem em Curitiba]. Tudo que estiver ao nosso alcance, nós faremos”, afirmou. Na tarde desta segunda, Mauro Ignácio (DEM), quarto-secretário da CMC, representou o Legislativo da capital em uma sessão especial da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), na qual a Alep prestou apoio incondicional ao povo ucraniano.
“Falas repugnantes”
Para Nori Seto (PP), os áudios de Arthur do Val (mais conhecido como “Mamãe Falei”, do MBL) “foram declarações reprováveis, ofensivas, repugnantes e condenáveis. A repulsa é ainda maior pelo contexto em que foram feitas e por ser um parlamentar, que deveria agir com decoro”. “Foi tão babaca a atitude desse cara que me deu náuseas. Ainda bem que retirou o nome da candidatura ao governo [de São Paulo]. Não merece nem ser deputado, quanto mais governador. Tem que ir para casa, para refletir e mudar a sua postura”, disse Noemia Rocha (MDB).
Indiara Barbosa (Novo) classificou as falas como “inaceitáveis”, Serginho do Posto (DEM) disse que o político paulista teve uma “atitude desqualificada” e Dalton Borba (PDT) afirmou que “é muito triste ter um representante político brasileiro in loco e a observação que ele teve, o que ele filtrou tenha sido esses termos”. Sidnei Toaldo (Patriota) afirmou que ele desqualificou as mulheres ucranianas, quando isso não pode ser feito em nenhuma situação. João da 5 Irmãos (PSL), Ezequias Barros (PMB) e Hernani (PSB) também se pronunciaram contra o ocorrido. Ao justificar o repúdio, Josete disse que a atitude do político mostra a necessidade de se combater o machismo na sociedade brasileira.
Ataques russos
“Temos visto os ataques russos à Ucrânia e, obviamente, a Câmara de Curitiba não tem como intervir numa situação como essas, mas nem por isso a CMC deve se calar. Acredito que seja meu, e de outros vereadores e vereadores, um sentimento contrário a essa invasão, de repúdio ao que está acontecendo no leste europeu”, disse, antes, por ocasião da outra moção, o vereador Professor Euler.
“Em virtude de mostrar qual é o sentimento da cidade de Curitiba, que abriga uma das maiores colônias ucranianas aqui no Brasil, ao lado de Prudentópolis e União da Vitória, creio que a gente tenha que se posicionar, repudiando a invasão à Ucrânia. Mas não repudiando o povo russo, que nada tem a ver com isso. É importante separar muito bem as coisas, pois tanto o povo russo quanto o povo ucraniano estão sofrendo com a guerra que lá se instalou”, reconheceu o parlamentar.
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