Nesta segunda-feira (15), a morte de René Ariel Dotti, aos 86 anos, de parada cardiorrespiratória, no último dia 11 de fevereiro, foi lamentada pela Câmara Municipal de Curitiba (CMC). “Além de professor e grande jurista, reconhecido nacionalmente pelo seu ofício, René Dotti sempre defendeu a importância da política como poder transformador da sociedade e também da participação popular nas atividades públicas do nosso país. Desejamos condolências aos familiares, amigos e colegas”, declarou Tico Kuzma (Pros), presidente da CMC.

“Recebi com muita tristeza a notícia da morte de René Dott, um dos advogados mais admirados e respeitados do Brasil. Meus pêsames à família, aos amigos e a todos aqueles que perderam um mestre. Que Deus console o coração de todos nesse momento de dor”, lamentou Flávia Francischini (PSL), primeira-secretária da CMC. No ano de 2003, com a lei municipal 11.018/2004, o Legislativo deu a René Dotti a maior homenagem da capital do Paraná, que é o título de Vulto Emérito de Curitiba.

Dotti graduou-se em Direito na Universidade Federal do Paraná (UFPR), tornando-se a partir daí uma referência nacional na área do Processo Penal, a ponto de ter sido um dos coautores do próprio Código Penal e da Lei de Execução Penal, por exemplo (consulte aqui). Ganhou diversos prêmios ao longa da sua carreira, pela atuação no Direito e pela defesa dos direitos humanos, sendo inclusive membro da Academia Paranaense de Letras. É reconhecido como uma das referências pela reconquista dos direitos civis no Brasil durante o período da ditadura militar.

Em 2016, o jurista René Dotti deu uma entrevista para o projeto #EuDiscuto, da CMC, de valorização da política como instrumento de participação social na agenda pública. Uma versão estendida da conversa, com conteúdo inédito, é divulgada agora pelo Legislativo como homenagem à memória de Dotti. "A política é a ciência e a arte de atender as reivindicações da sociedade. Consequentemente, a política é um campo aberto para a discussão. A política se discute. Os cidadãos têm o direito e o dever de discutir os problemas da sociedade, pois são também os seus problemas", diz no vídeo.

Despedidas
“Ele foi uma figura espetacular, um profissional com conhecimento acima da média e grande defensor da democracia. Tive o prazer de participar de discussões jurídicas com ele e recebi a notícia do falecimento com muita tristeza”, afirmou Dalton Borba (PDT), em plenário. “[Dotti] deixou um legado de construção do processo penal no Brasil, ele foi emblemático na defesa da democracia e de um procedimento jurídico justo e harmonioso”, concordou o líder do governo na CMC, Pier Petruzziello (PTB).

"É uma perda irreparável para a nossa cidade. Gostava dos discursos calorosos na Boca Maldita, nos quais o tempo passava voando. Também tive a oportunidade de conviver por alguns momentos com ele. Sempre vi nele uma pessoa muito capacitada, responsável, um exemplo de pai, professor catedrático, jurista e amigo. Vai fazer falta", afirmou Tito Zeglin (PDT). "Todas as áreas do conhecimento têm seus gênios. René Dotti foi um grande gênio em suas especialidades. A morte do professor Dotti deixa uma lacuna irreparável no Direito brasileiro, mas sua vida deixa legados que jamais serão esquecidos!", afirmou Professor Euler (PSD).

“O Paraná perdeu o seu maior jurista. O professor René Ariel Dotti foi um gigante na defesa dos direitos fundamentais, das liberdades públicas e da democracia. Além do Direito, foi notável também para a nossa cultura e para as Letras. Para mim, particularmente, fica a dor pela perda de um amigo que sempre acompanhou meus estudos no Direito com sensibilidade, humildade e rigor”, afirmou Denian Couto (Pode). Para Nori Seto (PP), Dotti deixa um “grande legado” e “os seus ensinamentos e sua atuação em favor do direito, da justiça e da democracia, que marcaram várias gerações, agora estão eternizados!”.

Votos de pesar
No dia 12, dois requerimentos de votos de pesar pelo falecimento de René Dotti foram protocolados na CMC (078.00009.2021 e 078.00010.2021). "René Ariel Dotti se revelou como uma das maiores inteligências do Paraná e um  jurista de renome internacional, em mais de 50 anos de carreira. Foi listado três vezes pela revista britância Chambers & Partners como um dos melhores advogados atuantes em casos de crimes econômicos da América Latina", justificam os autores da segunda proposição, assinada por 35 parlamentares.