Vereadores de Curitiba criticam ataque de Roberto Jefferson à Polícia Federal

por José Lázaro Jr. | Revisão: Alex Gruba — publicado 24/10/2022 12h15, última modificação 24/10/2022 12h31
No domingo, prestes a perder o benefício da prisão domiciliar, Jefferson reagiu à prisão e trocou tiros com agentes.
Vereadores de Curitiba criticam ataque de Roberto Jefferson à Polícia Federal

Vereadora Professora Josete foi a primeira a criticar Jefferson em plenário. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

Cinco vereadores de Curitiba fizeram críticas ao ataque do ex-deputado federal Roberto Jefferson à Polícia Federal, ontem (23), quando ele recebeu com tiros e bombas de efeito moral a equipe destacada para prendê-lo. Dois agentes foram feridos. Por descumprir medidas cautelares firmadas no inquérito das milícias digitais e atos antidemocráticos, postando nas redes sociais ataques ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele perdeu o privilégio da prisão domiciliar e deveria ser reconduzido ao Sistema Penal. O assunto foi debatido hoje (24) na Câmara Municipal de Curitiba (CMC).

“São fatos que demonstram a fragilidade que o país vem enfrentando, com uma possível ruptura do estado democrático de direito”, alertou Professora Josete (PT), primeira a abordar o tema. A vereadora associou o fato à postura armamentista do presidente da República, Jair Bolsonaro (PP), e citou atentado contra carreata do PT no Rio Grande do Norte, da qual participava a governadora Fátima Bezerra (PT). “As instituições precisam reagir contra toda essa violência”, rogou a parlamentar.

Noemia Rocha (MDB) sugeriu que a CMC aprove uma moção de apoio à ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, agredida verbalmente por Roberto Jefferson no vídeo que motivou o fim da prisão domiciliar. “Para ela e a todas as mulheres vítimas de machismo no país”, completou. “Ações de baixíssimo nível, inconcebíveis e ilegítimas, principalmente vindas de uma pessoa que no momento estava cumprindo pena [prisão domiciliar]”, concordou Dalton Borba (PDT). Renato Freitas (PT) disse que políticos como Jefferson “usam as forças policiais [só] para ganhar voto e para fazer discurso populista”.

Tratando do assunto, Ezequias Barros (PMB) disse que discorda das ações do ex-deputado Roberto Jefferson, pois “ninguém sério de direita pode carregar essa situação nas costas”. “Não se deve resolver os conflitos na base da bala”, disse Barros, que relembrou o tiroteio que interrompeu a agenda do candidato ao governo de São Paulo, Tarcisio Freitas (Republicanos), em comunidade da Zona Sul há alguns dias.

Não é a primeira vez que vereadores de Curitiba posicionam-se contrariamente ao ex-deputado. Em 2021, a CMC aprovou moção de protesto (413.00001.2021) em “repúdio às falas do ex-deputado federal, Roberto Jefferson, atual presidente nacional do PTB, acerca da formação de milícias para depredar patrimônio público e agredir guardas municipais de Juiz de Fora (MG)”. Na época, isso foi uma resposta a vídeo no qual Jefferson disse, textualmente, que “precisa montar uma milícia e então pau na Guarda Municipal, pau para quebrar”, e que esses milicianos deveriam “atear foto nas viaturas” e “dar pauladas nos joelhos e cotovelos, para quebrar” (leia mais). 

Repúdio à jornalista
Dizendo que não viu defesa da filha do presidente em plenário, por um comentário da jornalista Bárbara Gancia, comparando a menina de 12 anos às jovens venezuelanas citadas por Bolsonaro em entrevista há vários dias, Ezequias Barros repudiou o tuíte publicado por ela. “Pra bolsonarista imbrochável feito o nosso presidente, quando a filha do Bolsonaro se arruma, ela parece uma puta”, escreveu Gancia nas redes sociais, depois apagando a postagem. Também Flávia Francischini (União) manifestou seu apoio à família Bolsonaro nesse episódio.