Vereadores de Curitiba aprovam moção de repúdio ao ex-deputado Roberto Jefferson
Na imagem, Professor Euler e Pier Petruzziello, durante a discussão da moção, por videconferência. (Foto: Carlos Costa/CMC)
Nesta quinta-feira (1º), em sessão extraordinária da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), os vereadores aprovaram, em votação simbólica, uma moção de protesto, em “repúdio às falas do ex-deputado federal, Roberto Jefferson, atual presidente nacional do PTB, acerca da formação de milícias para depredar patrimônio público e agredir guardas municipais de Juiz de Fora (MG)”. O pedido foi protocolado pelo Professor Euler (PSD) e apoiado verbalmente por Pier Petruzziello (PTB), Leônidas Dias (SD), Dalton Borba (PDT) e Professora Josete (PT).
Na última sexta-feira (26), numa transmissão ao vivo em rede social, Roberto Jefferson disse, textualmente, que “precisa montar uma milícia e então pau na Guarda Municipal, pau para quebrar”. E disse que esses milicianos deveriam “atear foto nas viaturas” e “dar pauladas nos joelhos e cotovelos, para quebrar”. Euler justifica, na moção de protesto, que apesar de as pessoas serem livres para defender as opiniões delas, “a ninguém é dado o direito de depredar o patrimônio público, de agredir ou de incitar a agressão contra outrem” (413.00001.2021).
“Curitiba é uma cidade de gente pacífica, gente que pensa e resolve seus problemas com o debate de ideias e não com o embate de pessoas. Como representantes eleitos da população de Curitiba, está entre os nossos deveres repudiar toda fala e ação que tenha como intuito depredar o patrimônio público e colocar em risco a vida de cidadãos, sob pena de permitirmos que isto se vire também contra o nosso próprio município e povo”, diz o documento aprovado pela CMC.
Único vereador do PTB em Curitiba, Pier Petruzziello manifestou apoio à moção e se queixou do comportamento do presidente nacional da legenda. “Não se pode incitar a violência num país que já está violento, cada vez mais dividido e mais doente. Temos uma obrigação moral com a segurança pública do país e eu não aceito ataques a essas forças”, declarou. Para Leonidas dias, aprovação da moção é um gesto nos sentido de “inibir a radicalização do discurso e a violência”.
Alteração no Regimento
Denian Couto (Pode) recriminou o político pelas declarações, mas questionou se o instrumento da moção de protesto deveria ser usado desta forma pela Câmara Municipal de Curitiba. “O ex-deputado Roberto Jefferson representa um câncer na política brasileira. Já foi condenado pelo STF e cumpriu pena. Ele não merece de mim qualquer tipo de apreço e lamento que ele suje o PTB, que é um patrimônio da história brasileira”, criticou o vereador. Apesar disto, Couto entende que aprovar o requerimento “não é o melhor caminho”.
“Não considero adequado que qualquer fala que não gostemos seja trazida aqui, para ficar repudiando A ou B. Eu não sei se a CMC deveria fazer um repúdio em nome do Legislativo”, ponderou o parlamentar, com receio do mau uso da ferramenta. Denian Couto afirmou que se manifestaria a favor, mas só em razão do Regimento Interno não prever a abstenção para esse tipo de requerimento – e sugeriu a inclusão disso numa eventual reforma das regras do Legislativo. Euler respondeu dizendo-se a favor que essas moções sejam “raras”, pois “devem ser guardadas para manifestações abjetas como foi essa”.
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