Vereadores criticam ajuste fiscal e cercamento da Câmara

por Assessoria Comunicação publicado 12/06/2017 14h15, última modificação 18/10/2021 10h35

“Desde 1985 sou servidora e é a primeira vez que vejo a Câmara cercada”, declarou Professora Josete (PT) durante a sessão plenária desta segunda-feira (12). Segundo a parlamentar, o ato pode ser encarado como “autoritário” e que este tipo de atitude não pode ser visto de forma natural “como se nada estivesse acontecendo”. A vereadora se refere às medidas de segurança tomadas pela Comissão Executiva da Casa, como a colocação de cancelas e grades ao redor dos prédios da Câmara, com o intuito de preservar a segurança dos servidores (leia mais). No entendimento de Professora Josete, medidas como esta levam a um maior “acirramento” entre servidores e vereadores. “Não é a melhor forma de conduzir”, reclamou.

Para o vereador Cacá Pereira (PSDC), deveria se garantir o direito à democracia e liberdade de expressão, sem haver retaliações. “O papel do vereador é legislar e fiscalizar. Somos o elo entre a população e os órgãos públicos. Temos sim que economizar. Mas economizar com os servidores públicos? Quantos filhos são cuidados por estes mesmos servidores?” questionou o vereador. Ele disse que não aceita ser chamado de oportunista, como disse que vem ocorrendo, e que sua postura não pode ser de “falar uma coisa e fazer outra”.

“Não dá para votar uma coisa na legislatura passada e agora vir aqui e votar outra. Vou votar sim contra o "pacotaço". E para quem aqui fica criticando sindicalista, não esqueçam que foram os sindicalistas que conquistaram o direito ao 13º salário. E os vereadores aqui defendem o direito de receber seu próprio 13º salário” defendeu Cacá Pereira.

“Como se fosse a solução para a crise financeira retirar direitos adquiridos. Como é que ficam os planos [de carreira] aprovados por vários vereadores que estão aqui”, referiu-se Felipe Braga Côrtes (PSD) na tribuna ao projeto de ajuste fiscal encaminhado pelo prefeito à Câmara Municipal. Segundo o vereador, o projeto que trata da Lei de Responsabilidade Fiscal do Município (002.00020.2017), em especial, traz diversas “pegadinhas”, que devem afetar a carreira do funcionalismo público ao longo dos anos.

“Lá fora estão pessoas que nunca participaram de uma greve, pois dessa vez irá prejudicar demais o futuro de cada funcionário. Que cada vereador entenda e reflita sobre a votação de amanhã”, pediu. “Não é cortando reajuste salarial e avanços nas carreiras que poderemos dar o tom nos investimentos na prefeitura. Há contratos que podem ser revistos”, sugeriu Braga Côrtes.

“Enquanto come filé argentino e bebe vinho a cidade está pegando fogo”, reclamou Noemia Rocha (PMDB), citando matéria do site Gazeta do Povo sobre a viagem do prefeito Rafael Greca à Argentina, na última semana. Para a vereadora, a prefeitura tem outras maneiras de melhorar suas receitas sem precisar prejudicar o funcionalismo.

“São 622 hotéis isentos do pagamento do IPTU, assim como 96 mil unidades comerciais. Há isenção para quase tudo, até para embaixadas, que são poderes ricos”, argumentou a parlamentar. “Os servidores têm sido colocados como vilões do deficit, mas observamos medidas singelas no sentido de rever melhorias na arrecadação do Município. Temos mais de R$ 5 bilhões em dívidas ativas”, acrescentou Professora Josete.

Durante a sessão plenária, não houve contraponto. Em entrevista à imprensa, o presidente da Câmara, Serginho do Posto (PSDB), disse que as grades foram colocadas “para assegurar a segurança de todos e manter os serviços da Câmara em funcionamento”. Elas foram instaladas no início da manhã desta segunda-feira (12).