Vereadores aprovam moção de repúdio à peça "Porno Gospel"

por Assessoria Comunicação publicado 07/06/2016 15h40, última modificação 07/10/2021 10h17

Dos 29 vereadores que registraram voto na apreciação da moção de repúdio à peça “Porno Gospel”, nesta terça-feira (7), 17 foram favoráveis ao requerimento protocolado por Tiago Gevert (PSC), 11 discordaram e apenas a vereadora Julieta Reis (DEM) se absteve. A moção de repúdio foi assinada por 16 parlamentares, que justificam a medida pelo “caráter ofensivo e intolerante [da peça de teatro] com todos os cristãos que se identificam com a música gospel como forma de expressão da sua fé” (060.00002.2016).

A peça teatral “Porno Gospel” ficou em cartaz de 15 de maio a 5 de junho no miniauditório do Teatro Guaíra. Ela se passa em uma cidade fictícia chamada Paradise City, onde é ano de eleições à prefeitura. O enredo mostra personagens ligadas ao Partido Missionário do Senhor, a deputada Holly Holla Cristy e o pastor Jair Malagaia, em situações de corrupção. “Pra quem leu a sinopse da peça, entende que tentaram ser ofensivos” avalia Tiago Gevert.

“Nós entendemos que a peça viola a honra de todos os cristãos. Não ofende só os evangélicos, mas os católicos também. O idioma estrangeiro [utilizado na caracterização da peça] não esconde a ofensa. A que ponto chegou a degeneração social brasileira? Pretensos artistas a profanarem o nome de Jesus Cristo, a vilipendiarem a Bíblia”, argumentou Tiago Gevert. “Eu me sinto duplamente ofendido, pois demos a oportunidade de os participantes da peça discutirem ela conosco, mas ontem, depois que saiu de cartaz, eles disseram para nós procurarmos os advogados deles”, completou.

Carla Pimentel (PSC), presidente da Comissão de Direitos Humanos do Legislativo, em apoio à moção de repúdio, disse que os evangélicos “não aceitarão a "ironização" do que lhes é tão precioso, que é a fé”. “Somos o povo da cruz, que precisa e vai ser respeitado. Não aceitaremos o descrédito e a desconstrução”, afirmou a vereadora, que classificou a polêmica como “manobra para vender ingresso”.
Segundo Carla Pimentel, 500 mil pessoas em Curitiba são declaradamente evangélicas e frequentam os 4 mil templos na cidade. “Nós defendemos a liberdade de crença e a liberdade de expressão. Uma não pode ir contra a outra”, argumentou. Chicarelli (PSDC), na tribuna, reforçou os argumentos dos parlamentares do PSC.

A moção de repúdio foi assinada por Tiago Gevert, Carla Pimentel, Tito Zeglin (PDT), Mestre Pop (PSC), Cristiano Santos (PV), Chico do Uberaba (PMN), Ailton Araújo (PSC), Mauro Ignácio (PSB), Geovane Fernandes (PTB), Tico Kuzma (Pros), Cacá Pereira (PSDC), Noemia Rocha (PMDB), Rogério Campos (PSC), Edson do Parolin (PSDB), Colpani (PSB) e Jorge Bernardi (Rede).

Contudo, como alguns não votaram ou não estavam em plenário, a marca dos 17 votos favoráveis foi obtida com o apoio adicional de Zé Maria (SD), Sabino Picolo (DEM), Dona Lourdes (PSB), Chicarelli e Aldemir Manfron (PP). Foram contra o repúdio Aladim Luciano (PV), Beto Moraes (PSDB), Bruno Pessuti (PSD), Helio Wirbiski (PPS), Jairo Marcelino (PSD), Paulo Rink (PR), Paulo Salamuni (PV), Pedro Paulo (PDT), Pier Petruzziello (PTB), Professor Galdino (PSDB) e Professora Josete (PT).

“Debater uma moção de repúdio à peça teatral é perda de tempo. Essas Casa tem outros temas [para debater] que dizem mais respeito à sociedade curitibana”, ponderou Professora Josete, única parlamentar a criticar a moção de repúdio na tribuna. “Eu respeito todas as religiões, as cristãs, as orientais e as de matriz africana. Acredito que a religiosidade faz parte da vida humana. Só que a peça de teatro é exibida em um espaço privado, com recomendação para maiores de 16 anos de idade e só vai assistir que quiser”, argumentou.

Josete chegou a sugerir a retirada do requerimento, mas não foi atendida. “Em todos os setores têm pessoas éticas e outras que não agem da mesma forma. Uma sátira sobre corrupção no parlamento não quer dizer que todos os políticos sejam corruptos. É possível haver diversas opiniões sobre um mesmo tema”, defendeu a vereadora, que disse ver censura quando “não se pode fazer sátira ou crítica a determinadas ações da sociedade”. “Temos que garantir ao cidadão  o direito à expressão”, ponderou.