Vereadores aprovam Dia do Hijab e mais 2 projetos em 1º turno
A Câmara Municipal de Curitiba (CMC) aprovou, nesta terça-feira (11), os três projetos de lei que constavam na pauta para a votação em primeiro turno. De Professor Euler (PSD), com a justificativa de promover o respeito inter-religioso, foi acatado o Dia do Hijab, em 1º de fevereiro. De Ezequias Barros (Patriota), o plenário avalizou a utilidade pública municipal à Sociedade Bíblica do Brasil. De Jairo Marcelino (PSD) e Maria Manfron (PP), teve o crivo dos parlamentares a declaração de logradouro público como Livadir Toaldo - ex-jogador do Coritiba, conhecido como Nico, que faleceu no ano passado.
>> Leia também: CMC confirma trânsito livre a táxis e propõe lei para aplicativos
A ideia do Dia do Hijab, contou Euler, partiu de relatos de discriminação sofrida por mulheres muçulmanas em Curitiba, nas ruas e no ambiente de trabalho, pelo uso da vestimenta da doutrina islâmica. O projeto teve 20 votos favoráveis 3 contrários (005.00050.2019). “O Brasil é um país laico, que falha constantemente no direito em assegurar a liberdade religiosa”, argumentou o autor. “Temos que pensar em respeito religioso. E na disseminação de uma cultura diferente da nossa. Independentemente da vestimenta, todos merecem respeito.”
“O Senhor Jesus ensina a amar o próximo. É muito mais que tolerar, respeitar”, disse Ezequias Barros, em apoio à matéria. Procuradora da Mulher na CMC, Julieta Reis (DEM) saudou “toda a colônia muçulmana em Curitiba”, mas questionou a técnica legislativa da proposição. “O projeto está errado, não está correto. Se a técnica legislativa está errada, como vamos aprovar o projeto?”, indicou. Para a parlamentar, a iniciativa não pode integrar o calendário oficial de eventos da capital, porque não é uma festa, ao contrário da Marcha para Jesus, da Festa da Uva, do Corpus Christi, da Oficina de Música e de outras celebrações.
Euler concordou com a apresentação de emenda supressiva (033.00002.2020) para a adequação do texto em segundo turno, previsto para esta quarta-feira (12), mas defendeu que a proposta poderia ter sido feita pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), já presidida por Julieta Reis em 2019. Sobre o apontamento da vereadora de que “a gente respeita a vontade de cada mulher”, mas por que o hijab “não é para homens também?”, afirmou: “O sheik [um dos convidados em plenário] explicou que é uma questão cultural, mas veja que ele também tem uma vestimenta diferente, uma veste diferenciada. Assim como é na Igreja Católica [para padres e freiras]”.
Trajando hijabs, acompanharam a votação: Amira Hachem, Amal Shahla, Ethel Pereira Menezes e Fatima Almi. Também estiveram em plenário os sheiks Amir Hachem e Mahdi Divinu.
Outros projetos
A Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), explicou Ezequias Barros, é uma organização cristã, sem fins lucrativos, que se dedica a divulgar a Bíblia para promover o desenvolvimento do ser humano (014.00049.2019). O projeto foi aprovado em primeiro turno unânime, com 23 votos. Fundada em 1948, no Rio de Janeiro, a entidade é responsável pela tradução, produção e distribuição de Bíblias, além de desenvolver programas de assistência em todo o país, a pessoas em situação de vulnerabilidade social.
A Bíblia, defendeu Barros, é mais que “um livro de cabeceira”, e sim “um instrumento de transformação espiritual”. “É um livro que nós convivemos diariamente. Um livro onde baseamos toda nossa existência, nossa vida. Por isso a Bíblia é tão importante para nós”, complementou o autor da proposta de lei.
Noemia Rocha (MDB) também discutiu o projeto: “Quero lembrar aos senhores vereadores da importância da Sociedade Bíblica do Brasil. A ideia é disseminar a palavra de Deus”. A vereadora defendeu “o trabalho que eles fazem de assessoramento às instituições” e que “o que muda a vida de um dependente químico é também a palavra de Deus”. “Com essa parceria [utilidade pública] vamos expandir ainda mais esse trabalho.”
“A Bíblia, quando é divulgada, distribuída, a verdade chega a cada pessoa. A verdade e os bons pensamentos, os bons costumes. Ainda que sejamos falhos e errantes, a Bíblia é o verdadeiro manual”, pontuou Osias Moraes (Republicanos). “Parabéns pelo projeto. Eles têm um trabalho social muito forte na região do Parolin. A gente vê a importância deles na articulação com a comunidade”, acrescentou Edson do Parolin (PSDB). A proposição ainda recebeu o apoio de Oscalino do Povo (Pode).
A votação foi acompanhada pelos pastores Fernando Klinger e Vinicius Lacerda, da secretaria regional da SBB em Curitiba. Segundo Jairo Marcelino, a discussão da homenagem a Livadir Toaldo, o Nico, será feita nesta quarta, com a presença de familiares do atleta em plenário. A denominação passou em primeiro turno unânime, com o apoio de 22 vereadores (009.00027.2019).
Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Curitiba