Vereadores alertam a mortes no trânsito em Curitiba

por Assessoria Comunicação publicado 29/10/2019 13h55, última modificação 11/11/2021 08h37

Atropelamentos nas canaletas de ônibus (BRT), tecnologia para limitar a velocidade máxima desses veículos, suposta pressão sofrida pelos pelos motoristas da categoria e dados de mortes no trânsito da capital foram comentados, nesta terça-feira (29), na Câmara Municipal de Curitiba (CMC). O debate foi levantado pela vereadora Maria Leticia Fagundes (PV), que leu carta de cidadão que teria visto o acidente que vitimou uma mulher, na última sexta (25), na canaleta da avenida João Gualberto, em frente ao Hospital São Lucas, no Juvevê. Ela teria sido atingida pelo retrovisor do coletivo, um Inter 2.

Para o autor da carta, os ligeirinhos e ligeirões deveriam ser chamados por outro nome, que não incentivasse, “consciente ou inconscientemente”, a circulação em alta velocidade. O cidadão também propôs o isolamento das vias centrais do BRT “com grades e cercas”, além da implantação de mais passarelas.

Segundo Maria Leticia, dados do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) apontam que 32 pessoas perderam a vida no trânsito, em Curitiba, no primeiro semestre deste ano, período em que houve 2.993 acidentes, na capital. Se considerados apenas os acidentes com vítimas, as ocorrências aumentaram 8,04% (de 1.237 para 2.082 casos), em comparação ao mesmo período de 2018.

A vereadora ainda criticou o sistema disponível para o registro de acidentes com pedestres e ciclistas, enquanto motoristas fazem o boletim de ocorrência pela internet, gratuitamente, o que prejudica o levantamento de dados sobre o problema. “A vítima é obrigada a se deslocar ao BPTran e arcar com uma taxa de R$ 80”, relatou.

“Mesmo declarado culpado”, continuou Maria Leticia, “o motorista muitas vezes  presta trabalho comunitário e é liberado”. “Curitiba, a cidade smart, ocupa o primeiro lugar como cidade mais motorizada do Brasil.” Em sua avaliação, os investimentos do Executivo em asfalto são “um convite para mais carros”, diferentemente se fossem feitas intervenções voltadas a modais como a bicicleta.

Há rumores, de acordo com a parlamentar, que o Plano Cicloviário,  compromisso firmado em campanha com os cicloativistas, pelo prefeito, seja lançado dia 1º de novembro, em local indefinido, “porque temem protestos”. “A fala [do movimento] é ‘chega de mortes’”, concluiu.

Debate em plenário
O vereador Bruno Pessuti (PSD) disse já ter ouvido relatos, de um amigo, que ônibus trafegam em alta velocidade, na região do Juvevê. “Quando a gente fala em mortes no trânsito, parece que as pessoas aceitam. Mas não, não é aceitável”, destacou. Ainda segundo ele, apenas os novos coletivos têm uma tecnologia capaz de limitar a velocidade dos veículos.

“Eu acredito que este é um dos maiores problemas que temos em nível nacional”, reforçou Professora Josete (PT). “Como o vereador Bruno Pessuti disse, se naturalizaram as mortes de trânsito. Vejo que o poder público precisa tomar medidas mais efetivas quanto à prevenção. Acredito muito mais em um programa de prevenção [que em multas].”

Dirigente do sindicato dos trabalhadores do transporte coletivo, Rogério Campos (PSC) disse que “este é um tema bastante triste, chato e complexo”, mas que precisa ser debatido, “para que a gente possa salvar vidas e dar qualidade de vida aos trabalhadores”. “De um lado está a pessoa que perde a vida, a família que chora. Do outro, o ser humano atrás do volante, que não queria, de forma alguma, que aquela morte acontecesse”, ponderou.

Para Campos, a via central da canaleta poderia receber cercas vivas. Ainda segundo ele, os motoristas são pressionados pela gestora do sistema, a Urbs, “para que ele faça mais viagens, chegue em determinado horário ao terminal ou ponto final, sob pena de multa”. “Isso se torna tortura psicológica”, opinou. “São vários os fatores que podem ser debatidos para evitar este tipo de acidente.”

Já Noemia Rocha (MDB), líder da oposição, e Tito Zeglin (PDT), lamentaram o acidente, com estudantes e professores de uma unidade do Sesi Curitiba, na noite dessa segunda-feira (28), na BR-277, em Guarapuava, na região Centro Sul - do Paraná. Dois adultos morreram e pelo menos 15 pessoas ficaram feridas. A batida teria sido causada por um caminhão, que invadiu a contramão e atingiu o ônibus.