Vereadora denuncia ameaça e injúrias raciais após ato por Moïse em Curitiba
Com a pandemia, as sessões da CMC são híbridas, presencial e por videoconferência. Na foto, Carol Dartora. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)
Na Câmara Municipal de Curitiba (CMC), nesta quarta-feira (9), a vereadora Carol Dartora (PT) registrou estar recebendo ameaças e injúrias raciais desde o fim de semana. No sábado (5), ela participou do ato contra o racismo na frente da Igreja do Rosário, no Largo da Ordem, que repercutiu nacionalmente por ter acabado com o ingresso dos participantes no templo. Convocado por movimentos sociais, o ato era em protesto contra os assassinatos do congolês Moïse Kabagambe e de Durval Teófilo Filho, no Rio de Janeiro.
A invasão da igreja foi um assunto recorrente na CMC nesta semana, sendo discutido em plenário nos últimos três dias, dada a participação do vereador Renato Freitas (PT) no ato dentro do templo e o repúdio de organizações religiosas àquilo que classificaram como uma ameaça à liberdade de culto. “A exacerbação da entrada na igreja é o que ficou, mas não era isso a finalidade do ato, e é lamentável ver que isso deu base para as pessoas colocarem em nós o seu racismo”, queixou-se Carol Dartora, que afirmou não ter entrado na igreja, nem participado da organização da manifestação.
“Tenho sofrido várias acusações e calúnias, uma perseguição gigantesca, uma tentativa de atrelar o meu nome a algo que eu não estava fazendo, devido também ao racismo, por ser uma mulher negra e por ter estado também naquele local, me colocando enquanto uma pessoa que sempre lutou contra o racismo”, disse a parlamentar, que é a primeira vereadora negra da história de Curitiba. Em 2021, no início do mandato, ela já recebeu ameaças e a CMC aumentou a segurança nos prédios do Legislativo.
Carol Dartora decidiu exibir exemplos das injúrias que tem recebido desde a manifestação no Largo da Ordem, que vão da ameaça “você não dura dois meses” às injúrias raciais, como “macaca fedorenta”, “preta safada sem vergonha” e “merecia ir para a cadeia”. “Eu ter a pele preta retinta me faz ser um alvo de violência, não importa o que eu faça, se é legítimo ou não. E é isso que é a violência racista, que a gente tem que discutir e falar [a respeito]. O que de errado eu fiz para que alguém se sinta no direito de dizer que eu deveria ir para a cadeia?”, questionou.
“Eu tenho total condição de demonstrar o quanto eu sou uma pessoa relevante para a cidade e eu estava certíssima de estar lá naquele momento [da manifestação contra o racismo]. O que aconteceu com Moïse é uma realidade de muitos imigrantes negros no Brasil. A gente estava protestando contra a xenofobia, contra o racismo, contra a violência. Por sentir na pele todos os dias o racismo, eu estava na frente da igreja protestando”, reiterou Carol Dartora.
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