Tribuna Livre: nova gestão reestruturou Hospital Evangélico Mackenzie, diz diretor
Rogério Donato Kampa é médico e diretor do Hospital Universitário Evangélico Mackenzie do Paraná. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)
Nesta quarta-feira (16), a Câmara Municipal de Curitiba promoveu uma Tribuna Livre que teve por tema o Hospital Universitário Evangélico Mackenzie do Paraná. A iniciativa partiu do vereador João da 5 Irmãos (PSL), para quem o espaço da Tribuna Livre é um importante mecanismo de discussão democrática. Ele convidou o atual diretor da instituição, o médico Rogério Donato Kampa, para que ele expusesse como se deu esse equilíbrio financeiro e também comentasse sobre os projetos do hospital.
De acordo com o vereador João da 5 Irmãos, o Hospital Universitário Evangélico Mackenzie possui 22 mil metros quadrados distribuídos em oito andares, duas unidades ambulatoriais externas e um centro de oncologia. O hospital também conta com 465 leitos, sendo que 416 (aproximadamente 90%) são destinados ao atendimento via Sistema Único de Saúde (SUS). Ainda de acordo com o vereador, o Hospital Evangélico é o maior parceiro da Secretaria Municipal da Saúde, no que diz respeito ao atendimento via SUS, tanto de Curitiba quanto da Região Metropolitana. Desde o início de janeiro de 2019, o hospital é dirigido pelo médico Rogério Donato Kampa, ex-prefeito de Araucária.
O diretor do Hospital Universitário está à frente da instituição desde o início de 2019, quando o grupo empresarial assumiu a gestão do hospital após participar de um leilão judicial. “Foram mais de 60 anos de história e a população da cidade de Curitiba tem consciência das dificuldades enfrentadas pelo Evangélico”, disse Kampa. O diretor também ressaltou que desde o momento em que assumiu a direção, deu início à reestruturação do hospital que se encontrava em situação precária. “Pra se ter uma ideia, do total de leitos do hospital, menos da metade estava em funcionamento. Era necessário recuperar a credibilidade do Evangélico junto à população. Para atingir esse objetivo, criamos um plano estratégico que tem possibilitado mudanças positivas”.
De acordo com ele, a pandemia da covid-19 que teve início em fevereiro de 2020 foi algo inesperado que surgiu em meio a esse processo de reestruturação do hospital, o que tornou necessário paralisar os investimentos para o atendimento das novas demandas. “Naquele momento, o governo federal editou uma medida que isentava os hospitais vinculados ao SUS do cumprimento de metas, dadas as circunstâncias provocadas pela pandemia, mas conseguimos superar esse período não só cumprindo todas as metas, como também superando muitas delas”, afirmou Kampa que lembrou também das dificuldades geradas pelo aumento do preço dos insumos hospitalares.
Outro fato que sobrecarregou o Evangélico Mackenzie durante esse período foi o fechamento do Hospital do Bairro Novo, o que direcionou gestantes e parturientes para o Evangélico. “Todos partos de alto risco”, disse ele. O diretor do hospital listou alguns números para contextualizar a atual situação do Evangélico Mackenzie. De acordo com ele, em 2021, o hospital promoveu 29.153 internamentos; 87.959 atendimentos na rede de urgência/emergência; 25.524 consultas; 24. 710 cirurgias; 3.015 cesarianas e 1.395.467 exames laboratoriais, totalizando mais de um milhão e setecentos mil atendimentos.
Novos projetos
O diretor do hospital Evangélico destacou novos projetos que irão viabilizar mais atendimentos por parte do hospital. Um deles é a nova ala de queimados que contará com 23 novos leitos (o hospital recebe todas as vítimas de queimaduras). Tal setor tem previsão de inauguração no dia 24 de fevereiro. Entre outros projetos, Kampa mencionou um setor de reabilitação auditiva, visual e psicológica e, também, aquele que será o maior centro de diagnóstico, tratamento e recuperação de autistas da América Latina.
Kampa agradeceu à Câmara Municipal de Curitiba pela destinação de recursos via emendas parlamentares para o Hospital Evangélico. “Somos mais de 200 médicos, todos especializados e também temos 2.400 funcionários entre diretos e terceirizados. Toda essa estrutura está se adequando para avançar nesses novos horizontes”. Ele finalizou dizendo que o índice de reclamações sobre o atendimento foi de 0,4% em 2021. “A intenção é chegar a 0%”, garantiu o médico.
Perguntas dos vereadores
Mauro Bobato (Pode), Sargento Tânia Guerreiro (PSL), Oscalino do Povo (PP) e Flavia Francischini (PSL), vice-presidente da Comissão de Acessibilidade, congratularam o médico por sua atuação à frente do hospital. De acordo com a vereadora, a distribuição das emendas teve por base a credibilidade das instituições, portanto não houve a menor dúvida quanto à destinação de recursos para o Evangélico. Mãe de um autista, a vereadora sentiu-se reconfortada com a notícia de que o hospital pretende implantar um centro de apoio a pacientes com essa enfermidade. João das 5 Irmãos, autor do convite ao médico, perguntou sobre os investimentos no hospital. De acordo com Kampa, o Instituto Presbiteriano Mackenzie destinou 28 milhões para obras e melhorias no hospital. A ideia da direção do Evangélico é obter mais 50 milhões e promover as reformas necessárias sem que isso afete o número e a qualidade dos atendimentos.
Com esses recursos o hospital pretende construir 3 novos andares para albergar um novo centro obstétrico, um novo centro cirúrgico e uma nova unidade de internamento de conjunto para gestantes, além de uma nova UTI neonatal com 50 leitos. Também estão previstos investimentos no sentido de ampliar o atendimento geral em 70 leitos e conclusão da área de queimados.
Alexandre Leprevost (Solidariedade) ressaltou a importância do hospital para a sociedade curitibana e paranaense. A entrada do grupo Mackenzie fez nascer uma esperança que agora se vê concretizada. Ele mencionou que os casos de pandemia oneraram tratamentos de outras doenças que, se fossem abordadas em seu início, teriam custos muito menores. Para o vereador Sidnei Toaldo (Patriota), é sempre necessário destacar a importância das emendas. Ele também questionou sobre as sequelas decorrentes da covid e como o hospital estava lidando com o problema. De acordo com Kampa, o Ministério da Saúde destina R$ 1.600,00 por dia para o uso de leitos no tratamento de covid. Mas os custos reais por paciente chagavam a R$ 2.500,00 o que gerou um deficit de 14 milhões. “O que não impediu que continuássemos tratando os pacientes que adentravam o hospital em razão da covid”.
Kampa respondeu à vereadora Noemia Rocha (MDB) sobre o banco de multitecidos. De acordo com ele, após a PUC desistir do seu banco de tecidos, o Evangélico Mackenzie criou seu próprio banco que hoje disponibiliza pele, córneas, ossos e membrana amniótica. Segundo ele, um procedimento que ainda está em estudo. A vereadora também havia perguntado sobre repasses da prefeitura e do governo do estado e sobre a Secretaria Municipal, Kampa disse que os pagamentos foram feitos com o maior rigor. Com relação ao governo do estado, o médico esclareceu que neste ano de 2022 os repasses estão ocorrendo sem problemas, o que não aconteceu em anos anteriores.
Modelo de gestão
Sergio Ballagher (DEM), ex-presidente da Câmara, declarou que as ações do hospital falam por si próprias. “A gestão anterior levou o hospital para a UTI, literalmente. A responsabilidade social trazida pelo modelo de gestão implantado pelo grupo Mackenzie é inegável e manteve a vocação do hospital, que sempre foi o atendimento majoritário a pacientes via SUS”, declarou Serginho. Para o vereador Pier (PTB), líder do govero na Casa, o trabalho desenvolvido pelo Evangélico Mackenzie, em particular, o trabalho voltado às pessoas com autismo, deveria ter reconhecimento nacional e internacional. Da mesma forma pensa o vereador Marcelo Fachinello (PSC), vice-presidente da Comissão de Saúde, que questionou sobre a ala dos queimados. Professora Josete (PT), que é professora de Biologia, perguntou sobre o banco de tecidos. O diretor do Evangélico Mackenzie respondeu que o Hospital proporciona alguns trabalhos importantes como o serviço de geriatria; o serviço de paliativos que atenuam as circunstâncias difíceis de quem está desenganado; o Centro de Oncologia; o Centro de Ortopedia em parceria com o Canadá (que tem um sistema de saúde parecido com o SUS); e o serviço de medicina fetal em parceria com a Universidade de Lisboa.
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