Tribuna Livre frisa papel do assistente social na defesa de direitos

por Fernanda Foggiato | Revisão: Ricardo Marques — publicado 19/06/2024 18h20, última modificação 20/06/2024 08h31
Curso de Serviço Social da PUCPR, terceiro mais antigo do Brasil, esteve na Tribuna Livre da sessão plenária da Câmara de Curitiba.
Tribuna Livre frisa papel do assistente social na defesa de direitos

Coordenadora da graduação, a professora Andrea Luiza Curralinho Braga falou da atuação dos assistentes sociais. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

Nesta quarta-feira (19), a Tribuna Livre da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) recebeu a professora Andrea Luiza Curralinho Braga, coordenadora do curso de Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). O debate destacou os 80 anos da graduação, pioneira no Paraná e a terceira mais antiga do país a formar assistentes sociais.

O debate foi proposto pelo vereador Mauro Ignácio (PSD), que cedeu espaço para condução da Mesa a Professora Josete (PT). “Neste ano de 2024, o curso comora 80 anos de existência, [...] foi o primeiro curso a compor a Pontifícia Universidade Católica do Paraná”, reforçou a vereadora. 

Josete destacou a importância dos assistentes sociais “para a construção de políticas públicas que garantam a dignidade, uma vida digna a todas as pessoas”. “Me sinto muito honrado em assinar esta Tribuna Livre e comemorar os 80 anos do curso de Serviço Social da PUC”, registrou Ignácio. 

O professor César Candioto, decano da Escola de Educação e Humanidades da PUCPR, fez a introdução do debate da Tribuna Livre. Ele destacou a história da instituição. “2024 tem sido ano particularmente auspicioso para a Pontifícia Universidade Católica do Paraná, uma universidade que se pauta pelos valores cristãos, católicos e maristas”, afirmou o orador sobre a celebração dos 65 anos da fundação da universidade, em março deste ano. 

o curso de Serviço Social, “curiosamente, é mais antigo que a PUC”, reforçou Candioto. Iniciada em 1944, a graduação fazia parte da Escola de Serviço Social de Curitiba. Em 1959, foi anexada à Universidade Católica do Paraná, seguida dos cursos de Enfermagem, Filosofia, Direito e Medicina. 

Candioto lembrou, ainda, que o título “pontifícia” foi outorgado à instituição pelo Vaticano, em 1985. O professor complementou que a PUCPR ocupa, “no ranking, o primeiro lugar entre as universidades privadas do país”. 

O curso de Serviço Social da PUCPR, continuou a professora Andrea, foi o primeiro do estado e o terceiro do país. “Os assistentes sociais analisam, elaboram, coordenam e executam planos, programas e projetos para viabilizar os direitos da população e seu acesso às políticas sociais, como à saúde, à educação, à previdência social, à habitação, à assistência social e à cultura”, definiu Andrea. 

No Brasil, temos 240 mil assistentes sociais, é o segundo país do mundo com mais assistentes sociais”, pontuou a coordenadora da graduação. Do total de profissionais, de acordo com ela, 90% são mulheres. O trabalho do assistente social, explicou, é regido pela lei 8.662/1993. O profissional precisa ter o diploma da graduação e ser registrado nos conselhos regionais – no caso do Paraná, o CRESS-PR. 

A professora falou, ainda, da Lei Orgânica da Assistência Social (Loas). Conforme a legislação, “a assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas”. 

Além disso, existe o Sistema Único de Assistência Social (Suas), formado pelos entendes federativos, os conselhos de classe e as organizações de assistência social. As ações ofertadas no âmbito do Suas têm por objetivo a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice. 

Atuação junto à população em situação de rua e outras áreas 

No debate com a convidada da Tribuna Livre, Professor Euler (MDB) comentou o aumento do número de pessoas em situação de rua em todo o Brasil. “Seria possível o curso de Serviço Social da PUC, e talvez de outras universidades, elaborar um documento, para que seja apresentado aos pré-candidatos [a prefeito de Curitiba]?”, sugeriu. 

“De fato, é uma temática extremamente complexa”, respondeu Andrea. Além disso, observou ela, a questão deve ser tratada dentro de uma perspectiva mais ampla, atrelada à necessidade de políticas públicas à educação, à saúde e à saúde mental, por exemplo, e não apenas à moradia. Ela ainda citou que as ações devem ser balizadas pelo documento que Institui a Política Nacional de Trabalho Digno e Cidadania para a População em Situação de Rua (PNTC PopRua), lei de janeiro deste ano. 

Em resposta a Marcos Vieira (PDT), sobre o apoio do curso de Serviço Social à organização das comunidades, Andrea e Candioto citaram projetos da graduação em Curitiba e na Região Metropolitana. O objetivo, indicou a professora, é “que nós possamos, em conjunto com os moradores, buscar estabelecer estratégias comuns, estratégias dialogadas”. 

Outra ferramenta dentro da instituição é o Mapa Social, “instrumento de desenvolvimento territorial” cujo objetivo é que “os próprios moradores possam refletir sobre a sua realidade e alternativas”, discorreu a coordenadora da graduação. 

“A PUC é uma referência educacional do nosso estado e, em especial, da cidade de Curitiba”, elogiou Tito Zeglin (MDB), que é “filho da PUC”. “Também sou filho da PUC”, complementou João da 5 Irmãos (MDB). Dentre as ações da instituição, ele frisou o Projeto Comunitário (PC), disciplina curricular presente em todas as graduações, realizada no contraturno das aulas, em que os acadêmicos realizam trabalhos voluntários. “É um projeto que, de fato, faz a diferença”, concordou a oradora da Tribuna Livre.

“Me parece que existe uma crise, hoje, no país. Diante de tanto retrocesso no nosso país, como é que vocês lidam com isto, a perda de direitos?”, indagou Maria Leticia (PV), em especial, sobre violações aos direitos da mulher. “O assistente social é o profissional que defende os direitos humanos”, reforçou Andrea. Ele reiterou que são múltiplos os desafios para a garantia de direitos. “Que nós possamos, de fato, buscar uma sociedade que rompa os processos de desigualdades, injustiças.” 

“Eu também sou assistente social”, citou Sidnei Toaldo (PRD). O vereador destacou o papel dos profissionais durante a pandemia da covid-19, ao transmitir notícias dos pacientes hospitalizados a seus familiares. Ainda no debate da Tribuna Livre, Angelo Vanhoni (PT) falou da importância da assistência social “na vida humana”.

A Tribuna Livre também foi acompanhada pelos professores Maria Isabel Ribas, Márcia de Oliveira, Solange Fernandes e Daniele Colin.

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19/06/2024 - Tribuna Livre - 80 anos do curso de Serviço Social da Pontifícia