Tribuna livre: Especialista pede atenção à hanseníase

por Assessoria Comunicação publicado 13/06/2019 18h45, última modificação 08/11/2021 08h59

A presidente fundadora do Instituto Aliança contra a Hanseníase, Laila de Laguiche, esteve na Câmara Municipal de Curitiba (CMC), nesta quarta-feira (12), a convite das vereadoras Dona Lourdes (PSB) e Maria Leticia Fagundes (PV), para explicar aos vereadores que a doença “ainda é uma endemia. A hanseníase é infecciosa, causada por uma bactéria, que atinge o sistema nervoso periférico e secundariamente a pele. É uma doença que pode levar a incapacidade física irreversível pois afeta funcionamento dos nervos das mãos, pés e olhos.

Maria Letícia apresentou a convidada com seu extenso currículo. Laila de Laguiche é presidente fundadora do Instituto Aliança Contra a Hanseníase; membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Hanseníase, relações internacionais e representante do sul do brasil; prestou serviços técnicos na organização Pan-americana de Saúde; membro da Academia Europeia de Dermatologia; e tem especializações e pós graduações no Brasil e no exterior.

Ao utilizar a Tribuna Livre, um espaço democrático de debates durante a sessão plenária de quarta-feira, Laila informou que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a hanseníase está na lista de doenças negligenciadas, junto com a doença de Chagas, Chikungunya, dengue, entre outras, atingindo principalmente populações que vivem em condições de miséria e pobreza, por conta da falta de saneamento básico e contato próximo com vetores infecciosos.

“A hanseníase, antigamente chamada de Lepra, ainda é muito atual e é preciso agir com assertividade, rapidez e competência para controlar a endemia silenciosa que ainda atinge o Brasil. Essa doença é pouco estudada, pouco falada e pouco diagnosticada”, afirmou. Segundo ela, o Brasil é o segundo país no ranking da doença com 30 mil novos casos por ano, ficando atrás apenas da Índia. No Paraná, foram contabilizados 561 novos casos em 2018. Já em Curitiba, 80 pessoas foram diagnosticadas nesse período. Entre os pacientes com hanseníase, 53% já chegam ao diagnóstico aleijados e com sequelas irreversíveis.

A transmissão da hanseníase dá-se entre humanos através de vias aéreas respiratórias, a partir de doentes não tratados. “A hanseníase não escolhe raça, nem credo, nem conta bancária. Ela pode afetar qualquer pessoa por ser uma transmissão aérea”, apontou. Há 40 anos, segundo a convidada, o tratamento contra a hanseníase é o mesmo. São recomendados três antibióticos a ser administrados de 6 a 12 meses, podendo ser necessário o prolongamento do tratamento. “Desde a primeira dose do antibiótico o paciente não transmite mais a doença”, complementou.

“Em Curitiba, não existe um serviço municipal de referência em hanseonologia. Os pacientes são atendidos nas UBSs [Unidades Básicas de Saúde] por profissionais inseguros e sem experiência no manejo desses doentes complexos. O serviço de reabilitação estão longe fisicamente dos serviços de consulta e acompanhamento médico”, reclamou a especialista.

De acordo com sua experiência, Laila de Laguiche confirmou que o Brasil tem excelência em ciência, um modelo de assistência à saúde referência no mundo. Nesse contexto, deu-se a criação do Instituto Aliança Contra a Hanseníase, com objetivo de enfrentar o desafio da hanseníase com ciência e educação.

Debate

A vereadora coautora da Tribuna livre, Maria Letícia Fagundes, questionou de que forma o encaminhamento dos pacientes poderia levar menos tempo, já que hoje a demora é de seis meses. Laila de Laguiche respondeu que é necessário ter especialista no município e capacitar os profissionais das unidades básicas de saúde. “Falar sobre o assunto é importante para mostrar que existe a doença”, disse.

Ainda sobre o tratamento dos pacientes, Maria Manfron (PP) perguntou se dos casos registrados em Curitiba há desistências e se são necessárias internações.  Laila disse que a adesão é grande, negando desistências. “Alguns pacientes viajam e são erradicados a outros estados ou cidades”, afirmou, complementando que o tratamento é ambulatorial. Segundo ela, o paciente precisa ir todos os meses e tomar o remédio na frente da enfermeira, além de levar para casa os comprimidos.

Marcos Vieira continuou os questionamentos sobre os casos de Curitiba. Ele quis saber se há hansenólogo na rede pública de saúde e se há mapeamento de novos casos. Laila de Laguiche respondeu que existem quatro hansenólogos titulados em Curitiba, sendo que dois estão na rede pública, e que o mapeamento é estratégico para descoberta de novos casos. Para ela, a maneira mais eficiente de tratamento é fazer a chamada busca ativa: ir até o paciente diagnosticado e buscar dentro da família e da vizinhança outros casos.

Mauro Bobato (Pode), Osias Moraes (PRB), Professor Silberto (MDB), Professora Josete (PT) e Toninho da Farmácia (PDT) também participaram do debate, que foi acompanhado pela assessora de comunicação do Instituto Aliança Contra a Hanseníase, Ester Athanásio. A íntegra da Tribuna livre está disponível em nosso canal no YouTube.

 

*Notícia elaborada pela estudante de Comunicação Organizacional Thaiane Lago Rovani, especial para a CMC.
Edição e supervisão do estágio: Filipi Oliveira.