Tribuna livre discute fechamento de bares

por Assessoria Comunicação publicado 23/02/2005 00h00, última modificação 18/05/2021 17h04
“Extremismos não resolvem problemas, criam obscuridades e alternativas perigosas, inclusive induzindo à corrupção e discriminações.” A afirmação é de Emerson Jabur, presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Curitiba, ao comentar projeto de lei do deputado estadual Plauto Miró Guimarães (PFL), que determina o fechamento de bares, casas noturnas e restaurantes após às 23h no Paraná (chamada Lei Seca). Convidado pelo vereador Fábio Camargo (PFL), Jabur ocupou a tribuna livre da Câmara Municipal, nesta quarta-feira (23), quando afirmou aos vereadores que a medida não é a melhor alternativa para mudar os índices de segurança pública.
Sobre a segurança, Jabur disse que “é de responsabilidade governamental, da qual devemos ser parceiros e não condenados, como quer o governo estadual”. Fábio Camargo ressaltou que a Assembléia não tem competência para legislar sobre a matéria. “Só o município pode abrir e fechar portas”, alegou. “Estão usando o assunto como uma cortina de fumaça, pois não vêm realizando as suas responsabilidades”, complementou o vereador, dizendo que “querem transformar Curitiba numa cidade fantasma. Lembrou, ainda, sobre a questão dos bingos e afirmou que “a clandestinidade vai tomar conta”.
O líder do prefeito, vereador Mario Celso Cunha (PSB), falou que é necessário que aconteça o reforço do policiamento na periferia e a fiscalização destes estabelecimentos. “Não é justo que todos paguem pela ação de poucos. Na maioria, são botecos que não possuem alvará que geram o aumento da violência. Não há porque se pensar em fechar”, frisou o parlamentar, que alertou, também, para o problema da venda de bebidas para menores de 18 anos. “Temos que tomar medidas que acabem com isso”.
Empregos
A questão dos empregos foi um assunto bastante debatido. Com a aprovação da proposta na Assembléia e a sanção pelo governador Roberto Requião, os representantes do setor temem que a iniciativa gere desemprego. “Os estabelecimentos vêm investindo sistematicamente há anos na divulgação, captação e angariação de eventos para a cidade, traduzindo em maior arrecadação de impostos e aumento do número de postos de trabalho”, alertou Jabur. Citou, também, que o Curitiba Convention Bureau objetiva o turismo de negócios e lazer, “mostrando que a nossa cidade é moderna, com vida diurna e noturna intensa e saudável”.
Táxis
O vereador Jairo Marcelino (PDT), autor de diversos projetos em benefício dos taxistas, apresentou dados que mostram que o número de corridas durante o período seria reduzido em 1.500, aproximadamente. “Com o bingos eram registradas oito mil corridas na noite. Depois do fechamento, passaram para cinco mil”, alertou.
Suspensão
Autor de projeto de lei em tramitação na Casa que prevê que bares devem fechar as portas após às 22h, de domingo a quinta-feira, e 24h, nas sextas-feiras e sábados, o vereador Jorge Bernardi (PDT) anunciou, durante a sessão, que iria suspender a proposta. As determinações, porém, eram destinadas apenas aos estabelecimentos que funcionam de portas abertas, sem isolamento acústico, estacionamento e empregados para garantir a segurança, além daqueles que atrapalham o sossego público.
Presenças
Acompanharam a sessão empresários e funcionários dos setor, o presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio Hoteleiro e Similares de Curitiba, Moacyr Roberto Tesch Auersvald; o diretor executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, seção Paraná, Luciano Ferreira Bartolomeu; o representante do Sindicato dos Hotéis e Restaurantes do Litoral, José Carlos Chicarelli; o presidente do Sindicato dos Taxistas, Pedro Clalusi. E, ainda, Marcos Winnikes, vice-presidente da Associação Brasileira de Bares, Casas Noturnas e Clubes de Dança (Abrabar), e Alberico Ventura do Nascimento, presidente do Conselho Comunitário de Segurança, além de vereadores e manifestantes, que lotaram as galerias do plenário do Palácio Rio Branco.