Tribuna Livre discute desenvolvimento profissional de adolescentes

por Assessoria Comunicação publicado 02/10/2019 14h20, última modificação 11/11/2021 06h44

Na sessão plenária desta quarta-feira (2), a Tribuna Livre da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) recebeu a professora, empresária e palestrante Juliane Marise Barbosa Teixeira, gestora da Multi Centro de Educação e Formação Profissional, localizada no Boqueirão. A convite do vereador Pier Petruzziello (PTB), ela falou do programa “Educação para o Desenvolvimento Local”, de sua inciativa, voltado à capacitação profissional de adolescentes, de 11 a 17 anos, estudantes da rede pública estadual (076.00028.2019). Segundo a oradora, eles podem ou não estar em vulnerabilidade social.

Desde sua criação, em 2017, o programa atendeu cerca de 920 estudantes. “É um projeto incrível”, destacou Petruzziello. Ele lembrou que a oferta de cursos de qualificação para o primeiro emprego foi uma demanda identificada no Fala Curitiba, consulta pública que a prefeitura realiza nas administrações regionais. “Temos o compromisso com o desenvolvimento dos jovens, com bons projetos, e é por isso que a convidei. Esta é a primeira Tribuna Livre que chamei este ano, porque realmente admiro seu trabalho”, completou o líder do prefeito na CMC.

Doutoranda em Engenharia de Produção e Sistemas pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), com foco em Engenharia das Organizações, Juliane primeiro apresentou sua história. “Nasci, cresci, estudei e hoje crio meus filhos no Boqueirão. Sou orgulhosamente filha da escola pública”, relatou. “Minha família era de origem humilde e morávamos todos no mesmo quintal. Nossos presentes de Natal eram materiais escolares para o próximo ano. Minha mãe, costureira com muito orgulho, criou quatro filhos sozinha, sem meu pai.”

Segundo ela, vencer dois concursos culturais, nos quais obteve bolsas para cursos de inglês e de informática, colaboraram para seu desenvolvimento profissional. Juliane também citou a desestruturação da família, a violência e seu reflexo nas esferas sociais e políticas públicas. “Nós não precisamos de muito para fazer a diferença na vida das pessoas”, defendeu. “É um projeto sério, todo fundamentado. Tem estatísticas, números, depoimentos dos diretores que participam comigo. É um projeto social. Basta que o diretor queira participar, conhecer. Não tem cobrança.”

Atividades

A maior dificuldade do projeto, apontou a convidada da Tribuna Livre, é a “falta de interesse dos diretores das escolas”. “Atendemos 7 escolas, mas já tivemos 11. Temos tranquilamente condições de atender 15 escolas, mas nem consigo que os diretores me recebam”, afirmou. Dentre as atividades para os estudantes de 11 a 14 anos, ela citou palestras no ambiente escolar e a oferta bolsas de até 8 horas para diferentes cursos (youtuber e gamer, por exemplo).

Para os adolescentes de 14 a 17 anos, Juliane indicou o mutirão de currículos, seminários de orientação para o mercado de trabalho, palestras e o Programa de Desenvolvimento Profissional (PDP). “Para o próximo ano, a próxima fase, teremos parcerias com empresas [da região do Boqueirão], para a contratação de jovens aprendizes e de estagiários do Ensino Médio”, adiantou Juliane.

Existem ainda atividades gratuitas para os professores, como palestras sobre tecnologia, violência e bullying. Aos pais e responsáveis, são ofertadas oficinas sobre a elaboração de currículo e de recolocação profissional, dentre outras agendas. “Começamos a atender os jovens, mas daí percebemos que a família também estava doente”, justificou. Outro programa é de voluntariado, no qual os participantes também são certificados: “Adotamos o Lar Iracy Dantas, no Xaxim, para promover encontros entre jovens e idosos em situação de abandono”.

“Sou finalista do Prêmio WEPs Brasil 2019 – Empresas Empoderando Mulheres, na categoria pequenas empresas”, acrescentou a oradora da Tribuna Livre. A inciativa é da ONU, da OIT e da União Europeia, para incentivar e reconhecer os esforços das empresas que promovem a cultura da equidade de gênero e o empoderamento da mulher. A cerimônia de premiação será no dia 7 de outubro, em São Paulo (SP). “Espero trazer este prêmio para Curitiba e para o Boqueirão”, declarou.

Cumprimentos
“Estou torcendo para que você traga o prêmio para Curitiba. Sua história é muito bonita, seu projeto também”, disse Maria Manfron (PP). “Este espaço, da Tribuna Livre, é importante para que possamos trazer pessoas e instituições que fazem um trabalho social importante”, avaliou Professora Josete (PT). Citando a desvalorização da rede pública estadual e municipal, a violência, o bullying e outras questões, ela completou: “A nossa sociedade está em crise”.

“Me emocionei com sua história”, disse o vereador Oscalino do Povo (Pode). Morador da região do Boqueirão, Geovane Fernandes (PTB) perguntou como poderia ajudar e se dispôs a intermediar o contato com diretores de colégios estaduais. “Fico honrado em conhecer a Juliane”, saudou Alex Rato (PSD).

“Parabéns. É um trabalho muito interessante, bacana”, cumprimentou Professor Silberto (MDB). Sobre a resistência de alguns diretores, função que o vereador desempenhou por oito anos, ponderou: “Muitos recebemos pessoas querendo ter acesso aos alunos, querendo vender algo. Chegam com uma proposta, mas na prática é outra coisa. É uma responsabilidade muito grande do gestor, sem conhecer realmente o trabalho desenvolvido”. Por fim, ofereceu ajuda para “abrir as portas” de colégios na região do Sítio Cercado.