Tribuna Livre da CMC: delegado da PCPR aborda furto de cabos metálicos

por João Cândido Martins | Revisão: Alex Gruba — publicado 27/11/2024 17h10, última modificação 27/11/2024 19h17
Para Marcelo Magalhães, titular da Delegacia de Furtos e Roubos em Curitiba, o combate à subtração de materiais metálicos depende da conexão entre poder público, empresas e os cidadãos.
Tribuna Livre da CMC: delegado da PCPR aborda furto de cabos metálicos

Delegado Marcelo Magalhães, titular da Delegacia de Furtos e Roubos falou sobre furtos de cabos, fios e outros materiais metálicos. A iniciativa foi do vereador Nori Seto. (Fotos: Rodrigo Fonseca/CMC)

Nesta quarta-feira (27), a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) recebeu o delegado Marcelo Magalhães, titular da Delegacia de Furtos e Roubos de Curitiba. A autoridade policial esteve na Tribuna Livre a convite do vereador Nori Seto (PP), para tratar do tema Furtos e Roubos de Cabos Elétricos em Curitiba - Soluções e Meios para Combatê-los.

Nori Seto iniciou sua saudação ao delegado Marcelo Magalhães esclarecendo que o convite se deu em razão do recente registro do aumento de subtrações de fios metálicos em Curitiba. “A ideia é buscar soluções para tentar coibir esse tipo de crime e minimizar os prejuízos para a cidade, as empresas e para os cidadãos”, afirmou o parlamentar.

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GM registra aumento de casos em 2024

De acordo com números da Guarda Municipal, foram 501 casos registrados de furtos de cabos e materiais metálicos durante o primeiro semestre de 2024, o que representa um considerável aumento em relação ao mesmo tipo de situação no ano de 2023. “Esse aumento tem preocupado o poder público e a sociedade”, afirmou o vereador.

Seto mencionou casos como o ocorrido no Instituto Federal do Paraná (IFPR), que chegou a ficar em aulas por causa dos furtos de cabos, e o de subtrações de fios que fornecem energia para semáforos, tendo como consequência problemas no fluxo do trânsito. O parlamentar frisou que se trata de uma atividade muito lucrativa para os meliantes.

Nori Seto lembrou que propôs um projeto de lei visando atualizar e tornar mais rígida e eficiente a lei que prevê o controle da origem dos materiais metálicos reciclados nos estabelecimentos comerciais. “Esperamos que o projeto prospere para que possamos coibir delitos dessa espécie”, concluiu.

Altos prejuízos para o poder público, prestadoras de serviço e cidadãos

Marcelo Magalhães destacou ser delegado de polícia no Paraná há 15 anos, com passagens pelo Cope e como titular da Delegacia de Furtos e Roubos. “Percebo com satisfação a preocupação da Câmara com essa temática. Para um leigo, pode parecer um crime menor potencial ofensivo, mas se trata de uma conduta que gera altos prejuízos para o poder público, prestadoras de serviço e cidadãos”, esclareceu o delegado.

De acordo com Magalhães, um aumento significativo nas ocorrências se verificou por ocasião da pandemia, em razão do aumento dol valor dos metais. O delegado explicou que há três tipos de criminosos: o usuário de drogas, quadrilhas organizadas e também ex-funcionários mal intencionados que se beneficiam de seu conhecimento para a execução dos furtos

No entendimento de Magalhães, o maior prejuízo se dá em relação à sociedade: “A interrupção de energia em um posto policial ou no serviço de comunicação da polícia são imensuráveis. É um prejuízo que vai muito além do material. A gente pode perder vidas em função de um furto dessa natureza”. Para ele, a fiscalização é uma atribuição não só da polícia, mas de todo o poder público e de todos os cidadãos.

O delegado mostrou um levantamento que indica o aumento do número de subtrações de materiais como cabos de aterramento, cabo de energia, cabo metálico, cabo telefônico, fio de cobre e fios elétricos. A associação entre as forças de segurança e as empresas de comunicação está gradativamente tendo reflexos para a diminuição desses delitos.

Questionamentos dos vereadores

Em resposta aos vereadores Eder Borges (PL) e Ezequias Barros (PRD), o delegado Marcelo Magalhães disse que a participação da população é fundamental. “O primeiro passo é que a população acredite na polícia e traga informações, principalmente em relação a receptadores. As denúncias podem ser feitas pelo disque 181, de forma anônima”, afirmou o delegado.

Para Magalhães, o receptador é o grande problema. Sem ele, o crime perde o sentido. Respondendo Bruno Pessuti (Pode), o delegado confirmou a existência de uma legislação de 2020 sobre o terma, mas a fiscalização deve ser efetiva. “Uma punição de multa pesada para o empresário, de cassação do alvará, pode ter um papel educativo para ops infratores”, disse Marcelo.

Rodrigo Reis (PL) lembrou que em muitas vias da cidade é possível avistar cabos em desuso, meramente enrolados nos postes e que são esquecidos pelas empresas prestadoras de serviços. Ele questionou qual é a incidência de ex-funcionários dessas empresas nos delitos. O delegado confirmou a participação de ex-funcionários. Sobre a fiação nos postes, ele lembrou a “teoria da janela quebrada”, segundo a qual a incidência de crimes é maior em locais que aparentam abandono e descaso.

Tico Kuzma (PSD) lembrou ser autor de uma legislação de 2013 que trata da comprovação da origem dos materiais metálicos recicláveis, por meio de um cadastro de fornecedores (14.274/2013). Tito Zeglin (MDB), por sua vez, destacou que foi o autor do projeto que veio a se tornar a lei municipal 15.418/2019, que prevê a cassação de alvará do estabelecimento comercial ou empresa licenciada que for flagrada comercializando, adquirindo, transportando, estocando ou revendendo produtos oriundo de ações criminosas.

Também se manifestaram os vereadores: Oscalino do Povo (PP), Sidnei Toaldo (PRD) e Noemia Rocha (MDB).

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27/11/2024 - Tribuna Livre - Delegado Marcelo Magalhães - Delegacia de Furtos e Roubos