Tribuna Livre: criador do Robô Laura, Fressatto planeja expansão
“A ausência [da filha] me incomoda muito. Mas isso não anula a alegria de que as coisas estão funcionando. O que me fez entrar nesta jornada foi o amor por ela”, declarou Jacson Fressatto, na Tribuna Livre desta quarta-feira (21), sobre a criação do Robô Laura. Esta foi a segunda vez que o arquiteto de sistemas, idealizador da primeira plataforma gerenciadora de risco do mundo, capaz de identificar precocemente casos de sepse (infecção generalizada), participou do espaço democrático de debates da Câmara Municipal de Curitiba (CMC). O convite, mais uma vez, partiu do vereador Bruno Pessuti (PSD).
Em novembro de 2017, Fressatto falou na Tribuna Livre sobre a idealização do Robô Laura - cujo nome homenageia a filha, que nasceu prematura, em 2010, e faleceu devido à sepse, com 18 dias de vida. Já nesta manhã ele apresentou os resultados e metas do projeto, cuja expansão para hospitais universitários, estaduais e federais, está sendo discutida com o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes. “Se começarmos com 200 hospitais [universitários, do país], estamos falando em [atingir] 60% da população brasileira.”
Na opinião do convidado, o futuro da tecnologia é a análise e a interpretação de dados (big data), semelhante ao que o Google já faz. “Mas ao falar de saúde, temos fatores muito importantes. Não necessariamente as pessoas estão interessadas em salvar vidas”, ponderou, sobre o lobby da indústria. “O único louco no mercado que está falando em dar isso de graça [aos hospitais públicos] é o Jacson Fressatto. E com isso a gente impede que acabe se construindo uma indústria comercial para se trabalhar com dados [na saúde].” O programa, acrescentou, poderia ser copiado em outros estados e municípios, gratuitamente.
“Hoje o Robô Laura está dando o resultado efetivo de 12 vidas salvas por dia”, apontou, valorizando a estabilidade da plataforma. “Temos o objetivo de impactar a vida de 1 bilhão de pessoas. Isso vai além da média atual de vidas salvas. Não significa que vamos salvar a vida de 1 bilhão de pessoas. Mas impactar a vida de 1 bilhão de pessoas é possível”, estimou.
À Câmara Municipal, Fressatto deixou dois pedidos. Primeiramente, apoio à proposta de declaração de utilidade pública municipal ao Instituto Laura Fressatto (entidade responsável pela expansão do projeto a hospitais públicos), que deve ser protocolada nas próximas semanas, por Pessuti. “Seria muito valioso que todos pudessem participar [assinar]”, declarou. A médio e longo prazo, disse ele, o importante é continuar “disseminando que Curitiba é geradora de pessoas inteligentes, de soluções inteligentes. Estamos falando de uma solução de saúde”.
Debate em plenário
Em resposta a Mauro Bobato (Pode), Fressatto falou sobre o funcionamento do Robô Laura: “Temos dois tipos de tecnologia. As convencionais e as inteligentes. A terceira forma é a inteligência artificial, que reúne as duas”. Os servidores, explicou, “ficam na nuvem, na Amazon”, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. “São mais de 200 softwares que trabalham juntos, sincronizados, para realizar tarefas autônomas, que não dependem do "enter" de ninguém”, indicou o arquiteto de sistemas.
“Por isso têm uma autonomia, como um robô.” Ao ler dados de exames e cruzá-los com informações de outros pacientes, continuou Fressatto, a plataforma consegue emitir o alerta de risco. “[O sistema] vai pinçar qual é o paciente que necessita de mais atenção, isso com 10 a 20 horas de antecedência. Mas quem vai tomar a decisão é a equipe médica.”
“Mais uma vez é uma honra termos na nossa Casa o Jacson Fressatto”, saudou Bruno Pessuti. Para o vereador, é necessário “romper a barreira do uso da tecnologia na saúde”. “Quem sabe trabalhar uma lei que incentive o uso da tecnologia na saúde. E que a saúde cada vez mais acessível aos cidadãos brasileiros e do mundo”, planejou. “Quando a gente salva uma vida, impacta 50 pessoas ao redor dela.”
O relato trazido por Jacson, avaliou Oscalino do Povo (Pode), traz motivação quanto à saúde pública. “O Bruno é um vereador de vanguarda, muito ligado à área tecnológica”, comentou Pier Petruzziello (PTB), que também elogiou o projeto de Fressatto. “Em um momento de tristeza, de perda, você resolveu lutar para preservar outras vidas”, comentou Mauro Ignácio (PSB).
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