Tragédia do Holocausto é detalhada na Câmara

por Assessoria Comunicação publicado 07/04/2010 19h05, última modificação 29/06/2021 08h37
A proposta de inclusão de noções sobre o holocausto na disciplina de História nas escolas públicas do ensino fundamental de Curitiba foi o que motivou o vereador Emerson Prado (PSDB) a trazer o tema à Câmara Municipal, nesta quarta-feira (7). Em plenário, durante a tribuna livre, Salomão Cunha, diretor executivo da ONG Amisrael e Kélita Machado, diretora administrativa, abordaram o extermínio de milhões de pessoas contrárias ao regime nazista fundado por Adolf Hitler, principalmente judeus, durante a Segunda Guerra Mundial.
Noções de crueldade, preconceito e racismo, por meio do holocausto, na opinião de Prado, são válidas para formar conteúdo e conscientizar os cidadãos em favor da cidadania de forma que as futuras gerações contribuam na prevenção de atos similares de intolerância e genocídio. O holocausto deve ser abordado mostrando o impacto que o acontecimento causou na humanidade e seus desdobramentos históricos, cujos efeitos são permanentes. “Mobilizar escolas e pedagogos, ensinar a história do holocausto, é fundamental para diminuirmos a negação ao tema e evitar que ações de crueldade se repitam com qualquer que seja o grupo”, disse. Na opinião do parlamentar, não se pode permitir o esquecimento e a negação deste “vergonhoso morticínio de milhões de pessoas.”
De acordo com Kélita, a diferença entre holocausto e genocídio está na motivação pela qual é causado. A do holocausto é a ideológica. Foram mortos motivados por religião, raça, opção sexual, deficiências e crimes comuns. “As crianças precisam saber que judeus foram classificados, restringidos, confinados e exterminados em nome de uma ideologia”, explicou. Na opinião dela, o tema deve ser estudado nas escolas, capacitando os docentes, combinando estratégias educativas e associando o tema com a Declaração Universal dos Direitos Humanos. A diretora informou, ainda, que o dia 27 de janeiro é considerado o Dia Mundial em Memória às Vítimas do Holocausto, instituído pela ONU.
“Shoá significa calamidade, holocausto, no dialeto do alemão falado por judeus”, explicou o rabino Pablo Berman, referindo que a expressão sugere que os judeus da Europa foram um sacrifício a Deus. Berman também criticou o silêncio do mundo em relação ao assunto e lamentou a grande tragédia. Para ele, os judeus do holocausto foram as maiores vítimas da indústria do genocídio, baseado em estudos profundos de extermínio. Salomão Cunha detalhou casos do holocausto e relatou que um dos sobreviventes disse que, na ocasião, os judeus foram tomados de surpresa por um telegrama obrigando-os a irem de trem para os campos de concentração. “Vamos trabalhar juntos pelos cidadãos de amanhã contra qualquer tipo de fundamentalismo e, principalmente, a xenofobia”, disse.
Histórico
A palavra holocausto tem origens remotas em sacrifícios e rituais religiosos da Antiguidade, em que plantas, animais e seres humanos eram oferecidos às divindades, sendo completamente queimados durante o ritual. Alguns campos de concentração combinavam trabalho escravo com extermínio sistemático. Alguns prisioneiros eram imediatamente assassinados em câmaras de gás e seus corpos queimados, enquanto que outros eram primeiro usados como escravos em fábricas e empresas industriais nas proximidades do campo.
Era feita, ainda, a reciclagem dos corpos, em que o ouro dos dentes era fundido e usado na confecção de joias; já os cabelos eram utilizados em tecidos, tapetes, meias e enchimento de casacos. O holocausto teve várias ramificações políticas e sociais que se estendem até o presente. A necessidade de encontrar um território para muitos refugiados judeus levou a uma grande imigração para a Palestina, que na sua maior parte, tornou-se Israel. Essa imigração teve efeito direto nos árabes da região, levando ao conflito árabe-israelense e ao conflito palestino-israelense.

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Debate
Após a explanação, os vereadores registraram suas opiniões sobre o holocausto e a possibilidade de inserir o tema na grade curricular do ensino fundamental público. A maioria dos parlamentares foi favorável à iniciativa, cumprimentando Emerson Prado e agradecendo pela oportunidade de aprofundar os conhecimentos sobre o assunto. Entre eles, Jonny Stica (PT), que, como arquiteto, falou sobre sua experiência ao visitar o Museu do Holocausto,  na capital da Alemanha, onde, através da arquitetura do local, é possível ter uma ideia do ocorrido naquele período de guerra e perseguições. Na opinião de Stica, a inclusão do tema no currículo escolar contribui para o exercício mundial pela paz.
Tico Kuzma (PSB) lembrou do programa Agentes da Paz, desenvolvido em 2007 na Casa, “quando foi criada uma cartilha de conscientização sobre a responsabilidade de cada indivíduo na implantação e manutenção da paz”, acrescentando que os vereadores, na ocasião, tornaram-se agentes da paz. Omar Sabbag Filho (PSDB), Roberto Hinça (PDT), Noemia Rocha (PMDB) Professor Galdino (PSDB), Francisco Garcez (PSDB) e Juliano Borghetti (PP) parabenizaram os palestrantes, ressaltando que todos os esforços para melhoria da civilização recebem o apoio da Câmara.