"Todo suicida ignora seu próprio potencial", diz médica em palestra

por Assessoria Comunicação publicado 28/09/2018 17h55, última modificação 28/10/2021 10h13

Por iniciativa do Setor de Recursos Humanos e do Setor de Medicina e Saúde Ocupacional, a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) promoveu nesta sexta-feira (28) uma palestra sobre prevenção ao suicídio para estagiários e funcionários. Os palestrantes convidados foram a médica psiquiatra Maria Helena Ferreira, servidora da Prefeitura de Curitiba, e o professor Luiz Cláudio Sobrinho, da Universidade Positivo (UP). A atividade integra o Setembro Amarelo, mês dedicado à conscientização em relação ao suicídio.

Para Maria Helena, é necessário desconstruir o tabu sobre o suicídio. “Nós trazemos entranhados uma mistura de conceitos religiosos associados a crenças que nos fazem ter dificuldade de falar sobre o assunto”. O suicídio advém de uma complexidade de fatores como os estressores/gatilhos (perda de um ente, fim de um relacionamento, etc), vulnerabilidade disposicional e transtornos mentais (esquizofrenia, alcoolismo, uso de substância psicoativa, quadro de depressão, etc). A médica mostrou um diagrama do suicídio que aponta dois pontos: o melancólico (desesperação mais ideação suicida) e o impulsivo (instabilidade de humor mais intolerância). De acordo ela, a crise suicida se caracteriza por desespero, dor psíquica, ambivalência, impulsividade e estreitamento de visão.

A médica cita como principais fatores de risco para o suicídio: derrocada financeira; desonra; acesso a meio letal; rigidez cognitiva; perfeccionismo; conflito de identidade; dor/incapacidade; alta hospitalar recente; transtorno mental; tentativas anteriores de suicídio; uso de álcool ou outras drogas; abuso físico ou sexual; isolamento; falta de apoio social; suicídio na família; desilusão amorosa; relações conflituosas e desemprego.

Sintomas
Entre os sinais de alerta em relação a risco de suicídio em adolescentes Maria Helena cita mudanças marcantes na personalidade ou nos hábitos; comportamento ansioso, agitado ou deprimido; piora no desempenho na escola, no trabalho e em outras atividades que costumava manter; afastamento da família e dos amigos; perda de interesse nas atividades que gostava; descuido da aparência; e perda ou ganho inusitado de peso. De acordo com a médica, ao se constatar uma situação de potencial suicídio, é necessário perguntar, ouvir e conduzir. Ela também destacou a importância da meditação para se lidar melhor com as questões pessoais. “Todo suicida ignora seu próprio potencial”, finalizou a médica.

Suicídio em números
Luiz Cláudio Sobrinho, da Universidade Positivo (UP), apontou alguns dados epidemiológicos relativos à incidência de suicídios no mundo e no Brasil. De acordo com ele, a partir de 2011 se tornou obrigatória a notificação dos casos de suicídio e de tentativas de suicídio no Brasil. “É a segunda causa de morte entre jovens no mundo e no Brasil não é diferente, sendo que as três categorias que mais preocupam são os idosos, os indígenas e os jovens” disse o professor. Ainda de acordo com ele, “800 mil pessoas por ano tiram a própria vida no mundo. Desse total, 11 mil casos foram registrados no Brasil em 2015, mostrando um aumento de 10 a 12% em relação a anos anteriores”. Os números revelam que mulheres suicidam mais, mas os homens são mais violentos em suas formas de buscar o suicídio.

O professor revelou que as lesões auto provocadas voluntariamente estão em 8º lugar entre as taxas de mortalidade por 100 mil das principais causas de morte na idade de 15 a 29 anos, no sexo feminino, no Brasil em 2015. Os dados também mostram que a região Sul está em primeiro lugar no que diz respeito ao número de suicídios e tentativas de suicídio. A região Norte ocupa o último lugar. Uma exceção é o Rio de Janeiro, que possui taxas de suicídio menores em relação aos outros estados das regiões Sul e Sudeste. De acordo com o professor Luiz Cláudio, no Paraná o método mais usado para o suicídio é, entre os homens, o enforcamento e entre as mulheres, a autointoxicação. Em Curitiba, entre 2012 e 2016, foram 2.669 notificações de violência auto provocada, sendo que a maioria era de suicídio e tentativas de suicídio – adultos jovens ocupam a primeira colocação entre os casos de suicídio.

“O Ministério da Saúde, com base nos dados do boletim sobre suicídio, lança uma agenda estratégica para atingir a meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) de redução de 10% dos óbitos por suicídio até 2020. O boletim apontou que nos locais onde existem Centros de Apoio Psicossocial (CAPS), uma iniciativa do SUS, o risco de suicídio reduz em 14%”, esclareceu o professor. Ele também alertou para o fato de que segundo a OMS, 90% dos suicídios e das tentativas estão relacionadas com pessoas que sofriam de algum transtorno mental. Luiz Cláudio lembrou do Centro de Valorização da Vida (CVV) que no ano passado fez um convênio com o ministério da Saúde, possibilitando o telefone 188 para apoio aos que estão inclinados ao suicídio.

Estava presente ao evento o vereador Oscalino do Povo (Pode), autor de projeto que institui a Semana Municipal de Intervenção pela Vida – Viver é a melhor opção (005.00106.2018).

Restrições eleitorais
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