"Típica dos botecos", carne de onça vira patrimônio de Curitiba
Votação unânime na Câmara de Vereadores, nesta segunda-feira (5), promoveu a carne de onça – “uma comida típica dos botecos” – a patrimônio cultural imaterial de Curitiba (005.00096.2016). “É uma forma de reconhecer as nossas tradições, intensificar o turismo e incentivar a gastronomia local, que gera renda e empregos na cidade”, comemorou o autor da proposição. “Mais de 100 bares e restaurantes da capital têm a carne de onça em seus cardápios”, apontou o parlamentar. O prato, cuja origem remonta à década de 1940, é feito com carne bovina crua, sobre broa escura, com bastante cheiro verde, cebola picada, condimentos e azeite.
Foram 25 votos favoráveis, numa votação acompanhada por Nilceia Almeida e Sérgio Medeiros, da Casa Curitiba Honesta, e pelo empresário Fábio Aguayo, da Abrabar (Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas). “É de uma importância enorme [a aprovação desse projeto de lei]”, comentou Medeiros, que em 2014 organizou o 1º Festival de Carne de Onça de Curitiba, formalizando um circuito que hoje conta com 34 estabelecimentos. “A gastronomia é um setor importantíssimo, pois é o segundo que mais emprega”, declarou.
“O projeto de lei”, disse o autor da proposição, “foi um pedido da população com o qual nós concordamos, pois temos atuação voltada ao empreendedorismo”. “Alguém mais desinformado pode achar que tornar a carne de onça patrimônio cultural da cidade não seja relevante, mas medidas como essas trazem emprego, renda e turismo para Curitiba”, insistiu. Mais sete vereadores usaram da palavra para elogiar a medida, relatando suas experiências pessoais com o prato e qual lugar, na opinião deles, serve a melhor carne de onça da cidade.
O jornalista Dante Mendonça, um dos memorialistas da boêmia curitibana, já relatou no jornal Tribuna do Paraná a história do bar Buraco do Tatu, de Cristiano Schimidt, onde a lendária iguaria teria se adaptado ao paladar curitibano. “No Buraco era servida a mais legítima carne de onça, a grande atração da casa que décadas depois virou moda em Curitiba: carne crua com cheiro verde bem picadinho, sobre broa preta. Nada mais, nada menos”, diz, em reportagem publicada em abril de 2013. Schimidt, ou “Tatu”, era presidente do time de futebol Britânia, cujas vitórias eram atribuídas à carne de onça servida por ele aos jogadores.
De acordo com a lei municipal 14.794/2016, o patrimônio cultural é constituído pelo conjunto de bens de natureza material e imaterial, públicos ou privados, que façam referência à identidade, à ação e à memória dos diferentes grupos formadores sociedade. O projeto passa por segunda votação em plenário nesta terça-feira (6).
Projeto de lei
Outra proposta de lei aprovada hoje, com 23 votos favoráveis, e que volta nesta terça para a análise em segundo turno, é a que cria o Dia Municipal Quebrando o Silêncio, no quarto sábado do mês de agosto, para o combate à violência doméstica (005.00218.2015). A data é um evento promovido pela Igreja Adventista do Sétimo Dia em vários países da América do Sul e serve para a denúncia de casos de violência. Nos dias da atividade, a igreja realiza passeatas, fóruns e outros eventos.
Restrições eleitorais
Durante o período eleitoral, nas notícias divulgadas pela Câmara de Curitiba, ficará restrita ao SPL (Sistema de Proposições Legislativas) a informação sobre a autoria das peças legislativas – projetos de lei, requerimentos ao Executivo, pedidos de informação, moções e sugestões, por exemplo. Dos 38 parlamentares atuais, 32 são candidatos a reeleição – logo restrições também ocorrerão na cobertura do plenário e das comissões temáticas, para que a comunicação pública do órgão não promova o desequilíbrio do pleito. A instituição faz isso em atendimento às regras eleitorais deste ano, pois serão escolhidos a chefia do Executivo e os vereadores da próxima legislatura (2017-2020).
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