Taça das Favelas será oficializada no calendário de Curitiba
Para Marcelo Fachinello (PSC), através da Taça das Favelas, e do trabalho social da Cufa, as pessoas encontram “uma ferramenta de inclusão social efetiva”. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)
Engajando cerca de 70 mil pessoas, entre equipes e torcedores, o torneio de futebol amador Taça das Favelas agora será oficializado na capital paranaense. Na sessão plenária desta terça-feira (13), a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) aprovou, em primeira votação, projeto de lei que inclui a competição no calendário oficial de eventos da cidade (005.00013.2023). Além deste, também foi aprovado, em primeiro turno, o Dia Municipal do Artista Vidreiro.
A proposta que oficializa a Taça das Favelas no calendário de Curitiba é de autoria dos vereadores Dalton Borba (PDT) e Marcelo Fachinello (PSC) e recebeu 25 votos “sim”, além das abstenções das parlamentares do Novo, Amália Tortato e Indiara Barbosa. Realizado pela Cufa (Central Única das Favelas), com a produção da InFavela, empresa da Favela Holding, o torneio é anual, com início no mês de junho e duração de quatro meses.
Além de oficializar a competição em Curitiba, o projeto de lei prevê a parceria do Poder Público com empresas e com a sociedade civil para a divulgação da atividade desportiva. O foco do campeonato é mudar a realidade de jovens e crianças das comunidades, que, muitas vezes, “não teriam acesso ao esporte de qualidade e nem a outras questões disponibilizadas nos jogos”. "A organização oferece, antes dos jogos, workshops sociais para jogadores e técnicos, que vão do cuidado com a alimentação até a educação financeira", completa a redação da proposta.
A primeira edição da Taça das Favelas foi organizada no estado do Rio de Janeiro, em 2012. No Paraná, o evento chegará à quarta edição neste ano. Em 2022, as finais das categorias masculino e feminino foram disputadas no estádio Vila Capanema, no mês de outubro, com a vitória dos jogadores da Dona Cida e das competidoras do Bairro Novo. No ano passado, a competição envolveu 8,2 mil jovens, de 100 favelas de 17 cidades paranaenses, divididos em 16 equipes femininas e 32 equipes masculinas.
“A cada ano que passa, cresce o número de comunidades inscritas: já são mais de 5 mil comunidades em todo o território nacional que participaram destas edições”, explicou Marcelo Fachinello, na defesa do projeto. “Esse é o maior campeonato de futebol do mundo, entre favelas. Isso já justifica incluir no calendário do município, como evento oficial”, emendou. Para o vereador, através da Taça das Favelas, e do trabalho realizado pela Cufa, as pessoas encontram “uma ferramenta de inclusão social efetiva”.
“[Esta] é uma singela homenagem que fazemos à Cufa e à Taça das Favelas”, disse Dalton Borba. “O Zé da Cufa [coordenador da Cufa Paraná] costuma dizer que se fala muito em carência, fala-se muito em assistência, mas ele sempre reafirma que a favela é potência. E nós temos, na história do futebol brasileiro, muitos grandes jogadores que saíram da favela. [...]. Quero destacar que a Taça das Favelas, no Rio de Janeiro, é um sucesso absoluto, reunindo mais de 240 favelas”, argumentou o também autor da proposta.
Mais elogios
A iniciativa recebeu o apoio formal de quatro vereadores. Para Leonidas Dias (Solidariedade), por exemplo, projetos como o da Taça das Favelas têm responsabilidade social. “O que a Cufa faz é louvável. Parabéns por esta importante lei. Viva a Taça das Favelas, porque valoriza o trabalho das pessoas que buscam levar o futebol para quem mais precisa e, muitas vezes, quem tem mais condições de apresentar um futebol de qualidade”, disse.
João da 5 Irmãos (União) também elogiou o trabalho da Cufa Paraná, que afirmou “conhecer de perto”. Para além do incentivo ao esporte, ele disse que a Cufa atua muito no empreendedorismo e no fomento à cultura. “Na lista dos 10 melhores jogadores brasileiros, com certeza, 8 são oriundos de comunidades, de favelas. Às vezes, aquele projeto esportivo é a única chance que aquele cara tem na vida. Temos que valorizar projetos que transformam vidas, de maneira que as pessoas possam evoluir”, analisou. Também elogiaram a iniciativa Rodrigo Reis (União) e Sidnei Toaldo (Patriota).
Com a aprovação do projeto de lei em primeiro turno, o texto precisa retornar à pauta desta quarta-feira (14), em segunda votação, e, sendo confirmado, segue para sanção do prefeito. Se sancionada, a lei que oficializa a Taça das Favelas no calendário da cidade entrará em vigor na data de sua publicação no Diário Oficial do Município.
Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Curitiba