Taça das Favelas será oficializada no calendário de Curitiba

por Pedritta Marihá Garcia | Revisão: Ricardo Marques — publicado 13/06/2023 12h55, última modificação 13/06/2023 18h02
Projeto de lei dos vereadores Dalton Borba e Marcelo Fachinello foi aprovado nesta terça-feira (13) em primeira votação.
Taça das Favelas será oficializada no calendário de Curitiba

Para Marcelo Fachinello (PSC), através da Taça das Favelas, e do trabalho social da Cufa, as pessoas encontram “uma ferramenta de inclusão social efetiva”. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

Engajando cerca de 70 mil pessoas, entre equipes e torcedores, o torneio de futebol amador Taça das Favelas agora será oficializado na capital paranaense. Na sessão plenária desta terça-feira (13), a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) aprovou, em primeira votação, projeto de lei que inclui a competição no calendário oficial de eventos da cidade (005.00013.2023). Além deste, também foi aprovado, em primeiro turno, o Dia Municipal do Artista Vidreiro.

 A proposta que oficializa a Taça das Favelas no calendário de Curitiba é de autoria dos vereadores Dalton Borba (PDT) e Marcelo Fachinello (PSC) e recebeu 25 votos “sim”, além das abstenções das parlamentares do Novo, Amália Tortato e Indiara Barbosa. Realizado pela Cufa (Central Única das Favelas), com a produção da InFavela, empresa da Favela Holding, o torneio é anual, com início no mês de junho e duração de quatro meses. 

Além de oficializar a competição em Curitiba, o projeto de lei prevê a parceria do Poder Público com empresas e com a sociedade civil para a divulgação da atividade desportiva. O foco do campeonato é mudar a realidade de jovens e crianças das comunidades, que, muitas vezes, “não teriam acesso ao esporte de qualidade e nem a outras questões disponibilizadas nos jogos”. "A organização oferece, antes dos jogos, workshops sociais para jogadores e técnicos, que vão do cuidado com a alimentação até a educação financeira", completa a redação da proposta. 

A primeira edição da Taça das Favelas foi organizada no estado do Rio de Janeiro, em 2012. No Paraná, o evento chegará à quarta edição neste ano. Em 2022, as finais das categorias masculino e feminino foram disputadas no estádio Vila Capanema, no mês de outubro, com a vitória dos jogadores da Dona Cida e das competidoras do Bairro Novo. No ano passado, a competição envolveu 8,2 mil jovens, de 100 favelas de 17 cidades paranaenses, divididos em 16 equipes femininas e 32 equipes masculinas.

A cada ano que passa, cresce o número de comunidades inscritas: já são mais de 5 mil comunidades em todo o território nacional que participaram destas edições”, explicou Marcelo Fachinello, na defesa do projeto. Esse é o maior campeonato de futebol do mundo, entre favelas. Isso já justifica incluir no calendário do município, como evento oficial”, emendou. Para o vereador, através da Taça das Favelas, e do trabalho realizado pela Cufa, as pessoas encontram “uma ferramenta de inclusão social efetiva”. 

[Esta] é uma singela homenagem que fazemos à Cufa e à Taça das Favelas”, disse Dalton Borba. “O Zé da Cufa [coordenador da Cufa Paraná] costuma dizer que se fala muito em carência, fala-se muito em assistência, mas ele sempre reafirma que a favela é potência. E nós temos, na história do futebol brasileiro, muitos grandes jogadores que saíram da favela. [...]. Quero destacar que a Taça das Favelas, no Rio de Janeiro, é um sucesso absoluto, reunindo mais de 240 favelas”, argumentou o também autor da proposta. 

Mais elogios

A iniciativa recebeu o apoio formal de quatro vereadores. Para Leonidas Dias (Solidariedade), por exemplo, projetos como o da Taça das Favelas têm responsabilidade social. “O que a Cufa faz é louvável. Parabéns por esta importante lei. Viva a Taça das Favelas, porque valoriza o trabalho das pessoas que buscam levar o futebol para quem mais precisa e, muitas vezes, quem tem mais condições de apresentar um futebol de qualidade”, disse. 

João da 5 Irmãos (União) também elogiou o trabalho da Cufa Paraná, que afirmou “conhecer de perto”. Para além do incentivo ao esporte, ele disse que a Cufa atua muito no empreendedorismo e no fomento à cultura. “Na lista dos 10 melhores jogadores brasileiros, com certeza, 8 são oriundos de comunidades, de favelas. Às vezes, aquele projeto esportivo é a única chance que aquele cara tem na vida. Temos que valorizar projetos que transformam vidas, de maneira que as pessoas possam evoluir”, analisou. Também elogiaram a iniciativa Rodrigo Reis (União) e Sidnei Toaldo (Patriota). 

Com a aprovação do projeto de lei em primeiro turno, o texto precisa retornar à pauta desta quarta-feira (14), em segunda votação, e, sendo confirmado, segue para sanção do prefeito. Se sancionada, a lei que oficializa a Taça das Favelas no calendário da cidade entrará em vigor na data de sua publicação no Diário Oficial do Município.