SUS de Curitiba: vacinação está abaixo do desejado, alerta prefeitura
Com resultados na casa dos 85%, vacinação em Curitiba está abaixo da meta de 95%. Na foto, Beatriz Nadas. (Foto: Carlos Costa/CMC)
“Só estamos com a BCG acima do recomendável. Todas as outras vacinas estão abaixo de 95%, trazendo para nós o alerta da importância de resgatarmos a cobertura para controlar essas doenças, que são preveníveis”, avisou a secretária municipal de Saúde, Beatriz Battistella Nadas. Ela fez o alerta nesta segunda-feira (25), durante a audiência pública de prestação de contas quadrimestral na Câmara Municipal de Curitiba (CMC). A atividade é coordenada pela Comissão de Saúde, cujo presidente é o vereador Alexandre Leprevost (Solidariedade).
A secretária Beatriz Nadas mostrou que, em 2022, a cidade de Curitiba bateu as metas de vacinação, mas neste ano, até agosto, os números estão abaixo do desejado para as vacinas de rotavírus (84%), meningocócica C (82%), pentavalente (81%), pneumo 10 (83%), pólio VIP (82%), febre amarela (83%), VTV (93%), hepatite A (88%), varicela D1 (88%), tríplice viral D2 (85%). Para praticamente todas, a meta é 95%, pois apenas BCG e rotavírus têm meta de 90%. “Ano passado atingimos percentuais [positivos] expressivos, mas neste ano recuou, e essa oscilação não é desejável”, disse.
“O Ministério da Saúde tem feito um grande movimento nacional para recuperar as taxas recomendadas no Brasil e é importante que providências sejam tomadas, para que a cobertura seja atingida, porque [a imunização] tem sentido quando se espalha em todo o território”, continuou Beatriz Nadas, lembrando que lugares com vacinação mais baixa se transformam em focos das doenças. Comparando Curitiba e Brasil, por exemplo, enquanto aqui a vacinação contra a pólio está a 82%, nacionalmente a meta está apenas 54%. Para meningite, a diferença é ainda maior, de 82% para 52%.
A audiência de prestação de contas foi coordenada pela Comissão de Saúde e Bem-Estar Social, que é presidida por Alexandre Leprevost, e que tem João da 5 Irmãos (União), vice, além de Noemia Rocha (MDB), Oscalino do Povo (PP) e Pastor Marciano Alves (Solidariedade) na composição. A apresentação do relatório quadrimestral pela SMS está prevista no artigo 36 da lei complementar federal 141/2012, como ferramenta de transparência na gestão dos recursos do Sistema Único de Saúde (SUS).
Prefeitura apresenta tamanho do SUS de Curitiba e indicadores de saúde
Beatriz Nadas prestou contas do tamanho da Secretaria Municipal de Saúde, que conta hoje com 159 equipamentos públicos, onde são ofertados 308 serviços do SUS à população. A maior parte dos prédios é de Unidades Básicas de Saúde (UBSs), em número de 108, contando também com 17 hospitais (2 próprios e 15 conveniados), 13 Centros da Atenção Psicossocial e 9 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), por exemplo. A SMS tem hoje 10.119 servidores públicos e 28.158 trabalhadores na rede contratada.
De janeiro a agosto de 2023, a SMS registrou 8.996 consultas médicas por dia na atenção básica, totalizando 1.439.295 no período. Nesses oito meses, foram feitas também 686 mil consultas com enfermeiros, 7,6 milhões de procedimentos e 845 mil atendimentos das equipes de saúde bucal. Nas UPAs, foram 3.389 consultas médicas por dia, totalizando 824 mil no período, acompanhadas de 2 milhões de procedimentos médicos e de enfermagem, mais 6,9 mil odontológicos. O Laboratório Municipal fez 4,9 milhões de exames. “Neste quadrimestre, reformamos 27 clínicas odontológicas, totalizando 81 entregues à população, ainda com umas 20 em obras”, complementou a gestora do SUS.
Quanto aos indicadores de saúde, Beatriz Nadas pontuou que, de janeiro a junho, ocorreram 62.167 mil internações no SUS de Curitiba, e que, até agosto deste ano, foram registrados 7.829 óbitos. Ela apontou que o perfil das internações e óbitos segue o dos anos anteriores, com prevalência das causas externas na ocupação dos leitos e das doenças do aparelho circulatório nos óbitos. A mortalidade infantil segue nos padrões dos anos anteriores, mas a secretária de Saúde esclareceu que, com a redução no número de nascimentos na cidade, cada caso passou a ter um peso proporcionalmente maior, refletindo nessa taxa.
Custeio do SUS de Curitiba é gerido com 45,89% de recursos próprios
No segundo quadrimestre de 2023, a gestão do SUS de Curitiba movimentou R$ 946 milhões, sendo 45,89% provenientes de recursos próprios, 47,04% de recursos federais (incluindo R$ 5,1 milhões de emendas parlamentares) e 6% de recursos estaduais. As maiores despesas foram com os contratos do SUS (R$ 261,7 milhões), folha de pagamento (R$ 261,3 milhões) e a Fundação Estatal de Atenção à Saúde (R$ 159,2 milhões). A secretária Beatriz Nadas confirmou a informação, dada por Bruno Pessuti (Pode), de que movimentação da deputada estadual Márcia Huçulak mobilizou R$ 3,5 milhões para o reequipamento do Hospital do Idoso.
Surto de dengue pode pressionar leitos no segundo semestre
A gestora do SUS pediu ajuda dos vereadores na conscientização da população sobre o combate ao mosquito aedes aegypti, especialmente na perspectiva de um ciclo de calor e chuvas associado às mudanças climáticas. “É um ambiente favorável ao aedes, logo podemos ter um ano com transmissões aumentadas. O Paraná vive uma epidemia de dengue no Litoral e no Oeste”, disse Beatriz Nadas. “A nossa cidade tem um sistema de saúde bastante demandado, então se entrar mais essa [um surto ocasional de dengue] podemos ter dificuldade. É uma guerra em que não podemos ser os únicos soldados. Depende de cada cidadão fazer o controle do seu espaço, para evitar criadouros do mosquito”, completou.
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