Supostas agressões de jornalista a mulheres repercutem em plenário
Quatro vereadores se manifestaram, durante a sessão desta segunda-feira (1º) da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), sobre uma reportagem do The Intercept Brasil, divulgada na última quinta-feira (28). Professora Josete (PT), Maria Leticia Fagundes (PV), Katia Dittrich (SD) e Rogério Campos (PSC) repudiaram as supostas agressões denunciadas pelo portal. Segundo a publicação, a jornalista Giulianne Kuiava registrou boletim de ocorrência contra o também jornalista Denian Couto, seu colega no Grupo RIC Paraná e de quem ela teria sido noiva.
“Além de violência moral, essa jornalista foi ameaçada de morte. Não podemos nos calar”, declarou Professora Josete (PT), que trouxe o assunto à tona, ainda no pequeno expediente da sessão plenária. Ela manifestou solidariedade a Giulianne, que no boletim de ocorrência registrado na Delegacia da Mulher solicitou uma medida protetiva contra Couto. Já no grande expediente, Maria Leticia afirmou que outras duas mulheres denunciaram o jornalista por supostas agressões. “Tivemos que lutar para ir à universidade, lutar para ter direito ao voto. Nós não somos mais as mesmas. Digo à Giulianne: "estamos juntas. A voz de uma é a voz de todas".”
Para Josete, o caso é “extremamente grave” por se tratar de “uma figura pública, um comentarista, um influenciador”. “Sabemos aqui que a imprensa possui um papel estratégico de formação de opinião. Pode contribuir para contextualizar e aprofundar debates. A mídia condena, absolve e até investiga. A responsabilidade da mídia é gigante. Este senhor tem um programa com uma audiência enorme”, continuou Maria Leticia. Ambas criticaram o Grupo RIC Paraná.
Para Josete, a medida protetiva deveria ter levado ao afastamento imediato e definitivo do denunciado. Ela ainda avaliou que a nota oficial emitida na última quinta, em que foi informado que Couto havia solicitado afastamento, não foi solidária a Giulianne. A vereadora apoiou a manifestação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (SindiJorPR), sobre “oficiar a RIC TV, a Secretaria de Estado da Segurança Pública e o Ministério Público do Trabalho, para solicitar que a empresa tome providências e que a vida e a dignidade da profissional sejam preservadas”.
Maria Leticia ponderou: “Qual seu compromisso social [das empresas] de enfrentar a violência contra as mulheres?”. “O moralista Denian Couto é um homem comum. Homens hostis, que matam todos os dias, um pouquinho, com seus comentários machistas. No caso dele, com ameaça de morte”, complementou. “Exige-se uma postura das redes de comunicação. Como se selecionam estes profissionais? Inclusive as faculdades [advogado, Couto daria aulas a acadêmicos de Direito]”, opinou.
“Realmente deve ser uma pessoa que não deve ter um caráter muito bom. Acho que deve ter problema com mulher”, defendeu Katia Dittrich. Ela relatou já ter sido xingada pelo denunciado, chamado pela vereadora de “baluarte da moralidade”. “Ele me crucificou no programa dele. Ele que vá se resolver, fazer um tratamento psicológico”, sugeriu. “O locutor do mimimi que agora está de mimimi”, disse Campos, também em aparte a Maria Leticia, sem tempo para concluir sua fala.
Nota de defesa
Denian Couto emitiu nota oficial na última quinta. Em seu perfil na rede social Twitter, chamou a reportagem de “fraude travestida de jornalismo” e o The Intercept Brasil de “panfleto de esquerda”. Ele afirmou que pediu afastamento das atividades exercidas no Grupo RIC Paraná “até que seja resolvida, em definitivo, a demanda judicial que me envolve”.
O jornalista argumentou que o afastamento pretende evitar mais danos a sua imagem e aos veículos do grupo. “Afirmo peremptoriamente que o portal The Intercept Brasil mentiu e seu conteúdo é falso e manipulado. Por esse motivo, informo que ingressarei em juízo nas esferas cabíveis para reparação dos danos causados à minha honra”, completa (confira a nota na íntegra).
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