Sugerido à prefeitura convênio para financiar vacina contra a covid-19
Uma das autoras da sugestão aprovada pelo plenário, Carol Dartora (PT) explicou que a ideia é que parte de um fundo destinado à compra de vacinas possa ser investimento na pesquisa da UFPR. (Foto: Carlos Costa/CMC)
Depois de conhecer a pesquisa da vacina contra a covid-19 da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e de aprovar uma moção de apoio à instituição pelos estudos do primeiro imunizante curitibano, a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) acatou, nesta terça-feira (11), uma sugestão à prefeitura para que se estabeleça um convênio com a universidade com o objetivo de destinar recursos financeiros para o desenvolvimento da vacina. A votação aconteceu na segunda parte da ordem do dia e foi unânime.
De iniciativa conjunta de Carol Dartora (PT) e Maria Leticia (PV), a indicação de ato administrativo ou de gestão (203.00238.2021) traz como exemplo o termo de cooperação assinado entre a Prefeitura de Belo Horizonte e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que vai garantir R$ 30 milhões para o financiamento da fase pré-clínica dos testes com a vacina que está sendo desenvolvida pela universidade mineira. As vereadoras argumentam que a Curitiba tem garantidos R$ 100 milhões no Fundo Emergencial para a compra de imunizantes contra a covid-19 e que parte deste montante poderia financiar a pesquisa da UFPR.
Ao relatar que tem acompanhado as dificuldades da vacinação na capital paranaense, com denúncias de fura-filas veiculadas pela imprensa local, Dartora frisou que “muitas categorias [estão] pedindo para entrarem no plano de vacinação e isso nos mostra o quanto a população está desesperada”. “Todo mundo merece e tem que ser vacinado. E se temos uma vacina aqui do lado, que pode ser mais barata, que está nas suas fases finais [de testes pré-clínicos], seria muito mais lógico que a gente conseguisse recursos para financiar essa vacina e que ela chegue a todos”, emendou.
A parlamentar ainda destacou que os insumos para a produção do imunizante da UFPR – que está na fase 2, de testes pré-clínicos (com camundongos) – é feita com insumos nacionais e tecnologia desenvolvida 100% pela universidade. “A ideia é que a prefeitura conceda uma parte deste fundo de crise para a UFPR para que a vacina chegue à população o mais rápido possível”, completou. “É terrível ter que escolher quem pode receber a vacina em detrimento de outros. Todos e todas devem receber a vacina. Tenho certeza que o prefeito Rafael Greca, que já se posicionou a favor da compra da vacina há alguns meses, não vai se furtar agora em utilizar esse recursos para desenvolver a pesquisa na UFPR”, emendou Maria Leticia.
Apoio da CMC
Presidente da CMC, Tico Kuzma (Pros) corroborou de que é possível Curitiba seguir os passos de Belo Horizonte, e também alocar recursos para o financiamento de uma vacina nacional. O vereador comunicou que, ainda ontem, durante a presença do reitor da UFPR na sessão plenária, discutiu o assunto com o prefeito, que respondeu que “seria importante [essa cooperação], mas que é importante termos o cuidado com as questões técnicas e legais”.
“Ele [Rafael Greca] acredita que, talvez não nesse momento, mas em fase mais avançada, quando tiver algo mais de concreto em relação à Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária], será possível fazer”, disse Kuzma, ao comprometer o Legislativo a fazer uma ponte entre a Prefeitura de Curitiba e a UFPR para que o termo de cooperação possa ser firmado e Curitiba tenha, o quanto antes, sua própria vacina.
Banheiros públicos
Maria Leticia ainda conseguiu a aprovação do plenário para outra indicação de sua autoria, desta vez individual, para que o Poder Executivo instale banheiros públicos com pias e chuveiros nas 10 administrações regionais da cidade, para atendimento a população em situação de vulnerabilidade (203.00237.2021). A medida, se acatada pela prefeitura, irá ao encontro de uma proposta de lei de sua autoria que institui a Semana de de Conscientização do Ciclo Menstrual no município (005.00063.2021).
Segundo a vereadora, a instalação de banheiros públicos vai “facilitar a adequada higiene de pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade, muito especialmente as mulheres”. “Medidas de combate ao coronavírus também incluem questões de higiene. Por pobreza menstrual, trata-se de acesso à produtos de higiene e espaços seguros para fazer essa higiene”, complementou ao ser parabenizada pela iniciativa pelos vereadores Pier Petruzziello (PTB), Mauro Bobato (Pode) e Professora Josete (PT).
Linha Verde
Uma terceira indicação que será enviada ao Poder Executivo é de João da 5 Irmãos (PSL). O vereador sugere a inclusão de todas as informações relacionadas às obras da Linha Verde Norte no site e nas redes sociais da prefeitura (203.00239.2021). Segundo ele, em conversa com a Secretaria Municipal de Obras Públicas, algumas das dificuldades para o término do projeto são “a manutenção dos contratos, o aumento [do custo] dos materiais, problemas com o pessoal das obras devido à covid-19, todo o aparato e o isolamento das equipes”.
Apesar de não serem impositivas, as indicações aprovadas na CMC são uma das principais formas de pressão do Legislativo sobre a Prefeitura de Curitiba, pois são manifestações oficiais dos representantes eleitos pela população para representá-los e submetidas ao plenário. Por se tratar de votação simbólica, não há relação nominal de quem apoiou, ou não, a medida – a não ser os registros verbais durante o debate.
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