Sugerida autorização a cicloentregadores e mais ações contra covid-19
por Fernanda Foggiato
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publicado
14/05/2020 14h43,
última modificação
14/05/2020 14h45
Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Curitiba.
CMC acatou 10 indicações ao Executivo municipal na sessão desta quarta-feira. (Foto: Carlos Costa/CMC)
Com a aprovação de 10 indicações de ato administrativo ou de gestão, na sessão remota dessa quarta-feira (13), a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) “limpou” a pauta de sugestões ao Executivo que aguardavam deliberação. Das proposições acatadas, 8 estão relacionadas direta ou indiretamente com o combate à pandemia da covid-19 na capital.
De Maria Leticia (PV), o plenário debateu sugestão à Prefeitura de Curitiba para que os cicloentregadores sejam autorizados a usar os banheiros públicos, gratuitamente (203.00131.2020). A vereadora apontou o aumento da atividade informal devido à crise gerada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2) e alertou que, ao permanecerem nas ruas à espera de chamados, os trabalhadores não têm condições adequadas de higiene, dentre outros problemas. A ideia, completou, é que com o acesso aos banheiros públicos eles tenham “dignidade durante o trabalho” e possam inclusive prevenir a covid-19 com a lavagem das mãos e punhos.
Para Cacá Pereira (Patriota), os cicloentregadores, assim como os motofretistas, são explorados pela maioria das empresas de aplicativos, com “jornadas excessivas” e sem “garantias mínimas”. “Temos que parar e refletir agora sobre a importância de uma regulamentação [a essas categorias profissionais]”, afirmou. “Não sou contra a tecnologia e a modernidade. Sempre fui e sempre serei contra exploração dos trabalhadores.” A fala foi apoiada por Jairo Marcelino (PSD).
“Vivemos um momento muito duro, onde em nome do livre mercado, da suposta modernização das relações de trabalho, temos assistido a uma total desatenção e a precarização absoluta das ações de trabalho”, avaliou Professora Josete (PT), lembrando dos motoristas de aplicativos. A vereadora defendeu a realização de estudos, pela Urbs, para a ampliação dos banheiros públicos: “Com a precarização das relações de trabalho, se faz ainda mais urgente”
Na avaliação de Bruno Pessuti (Pode), a discussão dos banheiros é “uma questão de saúde pública, de uma necessidade primária”. A regularização dos cicloentregadores na cidade, apontou, assim como foi feito com os motoristas de aplicativos, garantiria “alguns benefícios que não se tem quando trabalham de forma informal”. O vereador ainda ponderou a ações promovidas pelos aplicativos durante a pandemia, como viagens gratuitas a quem for doar sangue, e as dificuldades enfrentadas por cobradores para acesso ao banheiro, já comentadas em plenário por Rogério Campos (PSD).
Ainda do debate da proposição, Serginho do Posto (DEM) citou reclamação de taxista a seu gabinete. O vereador pediu à Mesa Diretora que “se possível” autorize o uso dos banheiros do Legislativo, em especial do anexo III, aos “taxistas do entorno”. É do vereador outra indicação acatada em plenário, relacionada à covid-19 (203.00134.2020). Ele propõe à Urbs a realização de prestação de contas sobre a lei municipal 15.627/2020, aprovada na semana passada, que instituiu o Regime Emergencial de Operação e Custeio do Transporte Coletivo, devido à pandemia. O balanço, diz a sugestão, traria “a demonstração muito bem detalhada de quanto e onde foi aplicado cada centavo dos valores gastos para o custeio do transporte coletivo nesse período”.
De Cacá Pereira, os vereadores aprovaram duas indicações à prefeitura, ambas relacionadas à pandemia. Numa proposição, ele sugere a ampliação do prazo para cadastro das famílias com crianças na rede municipal de educação, para o recebimento do kit merenda, entregue devido à pandemia (203.00130.2020). Na outra, propõe à Secretaria Municipal da Saúde (SMS) a transmissão de reuniões virtuais de comitês de enfrentamento à covid-19, para que as informações possam embasar “planejamentos, diálogos e ações” contra a doença (203.00132.2020).
De Geovane Fernandes (Patriota), a sugestão ao Executivo dispõe sobre a lavagem ou outra forma de higienização das escolas municipais, Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs), unidades de saúde e outros equipamentos públicos, contra a propagação do vírus (203.00133.2020). Já Bruno Pessuti propõe que valores pagos para a regularização de infração do EstaR sejam convertidos em créditos eletrônicos (203.00138.2020). “Para a conversão dos blocos de EstaR em créditos de estacionamento é necessário agendar um horário na Urbs ou Ruas da Cidadania, um contrassenso nesse período de distanciamento social”, argumenta.
De Jairo Marcelino, seguem duas indicações ao Executivo. Com a justificativa de queda de receitas na pandemia, devido ao isolamento social, o vereador sugere a suspensão da cobrança das taxas de outorga por 90 dias e das taxas aplicadas aos permissionários, pela Urbs (respectivamente, 203.00135.2020 e 203.00136.2020).
Outros temas
Os vereadores aprovaram mais duas indicações, na sessão dessa quarta, não relacionadas à covid-19. De Dr. Wolmir Aguiar (Republicanos) foi acatada sugestão de ato administrativo ou de gestão para que o cartão-qualidade, dos servidores municipais, seja aceito para o pagamento em clínicas veterinárias, pet shops e similares (203.00128.2020). Uma das justificativas é “ajudar a fomentar a economia local, gerando receita para pequenos empreendedores e profissionais autônomos”.
De Maria Leticia, outra indicação ao Executivo trata da campanha municipal de vacinação contra a influenza, como a H1N1 (203.00137.2020). A ideia é que ao menos um cuidador de pessoa com doença crônica, em especial a epilepsia, possa receber a vacina fornecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Considera-se que os cuidadores e cuidadoras de pessoas com epilepsia, que normalmente são parentes próximos, precisam ser incluídos na etapa de vacinação, para que também estejam imunizados”, justifica.
Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Curitiba