Sindicatos alertam para greve na Sanepar
Em reunião com a Comissão da Água, nesta quarta-feira (21), sindicatos que representam os trabalhadores da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) informaram aos vereadores que, na próxima segunda-feira (26), os setores de atendimento, leitura e manutenção da empresa em Curitiba estarão paralisados. É o início de uma greve estadual para reivindicar o cumprimento do Programa de Participação nos Resultados (PPR) de 2008, que repassa aos funcionários parte dos lucros obtidos pela empresa. "Nós estamos preocupados com o abastecimento de água para a população de Curitiba e com a qualidade dos serviços durante a greve", afirma o presidente da comissão, vereador Francisco Garcez (PSDB).
"Vamos tentar não afetar o abastecimento. Em um primeiro momento, o pessoal das estações de tratamento não vai participar da paralisação. Desde o dia 5, estamos postergando o início da greve. Como ela vai evoluir depende da leitura que os trabalhadores terão da negociação, se eles entenderão que é necessário ir para o confronto ou insistir na negociação", diz o presidente do Sindicato dos Trabalhdores de Saneamento (Saemac), Gerti José Nunes, que esteve acompanhado do presidente do Sindicato dos Químicos do Paraná (Siquim), Elton Evandro Marafigo, e do presidente do Sindicato dos Contabilistas de Curitiba (Sicontiba), Haílton Paes.
Nunes explica que a Sanepar mantém um sistema de participação dos funcionários no lucro há 11 anos. O repasse referente ao ano passado deveria ter sido feito em maio, conforme foi estabelecido pela comissão paritária que decide a forma de distribuição dos valores. Contudo, a diretoria da empresa informou aos funcionários que não pode efetuar o acordo por conta de um decreto estadual que bloqueia esse tipo de operação enquanto houver débitos da companhia com a administração pública. Os sindicalistas atribuem o impasse jurídico à tentativa do governo estadual de diminuir a participação acionária dos sócios privados da Sanepar. "Toda essa situação está atingindo os trabalhadores da empresa. O governo quer aumentar o capital da Sanepar, mas tem sido impedido pela Domino Holding, que é sócia minoritária", explica Paes, do Sicontiba. A reunião com os sindicatos foi acompanhada pelos vereadores Caíque Ferrante (PRP), relator da comissão, Algaci Tulio (PMDB), Jonny Stica (PT) e Julieta Reis (DEM).
Os vereadores manifestaram apoio às reivindicações dos trabalhadores. Algaci Tulio disse contar com o bom senso de ambas as partes envolvidas para que a paralisação não prejudique ninguém. "É bom ouvir os sindicatos, muito embora a função da comissão seja tratar da qualidade da água, de temas ambientais e não da área administrativa", pontuou. "O assunto não deve ficar só na comissão, tem que receber o apoio do todos os vereadores. Acredito que possamos aprovar uma moção de apoio aos trabalhadores da Sanepar no plenário da Câmara Municipal de Curitiba. O impasse jurídico tem que ser resolvido para que os trabalhadores não sejam lesados", defendeu Stica, que enalteceu o trabalho do presidente, Francisco Garcez, elogiando a capacidade dos vereadores da comissão de se unirem pela defesa de um tema, independente dos partidos políticos.
Garcez reforçou a preocupação ambiental que uma greve na Sanepar traz, tornando o assunto um tema de debate para os vereadores, pois a paralisação dos serviços da empresa pode facilitar a propagação de doenças. "O nosso trabalho aqui é elaborar o diagnóstico da água e dos rios em Curitiba, dos mananciais até as torneiras, passando pelo sistema de coleta, tratamento e distribuição. A paralisação influi na qualidade da água. Amanhã nós receberemos a prefeitura de Curitiba, depois entidades do setor e a própria Sanepar. Ao final dos trabalhos, vamos saber quem é que polui os rios da capital", afirmou.
Nova reunião da Comissão da Água está agendada para as 14h desta quinta-feira (22), na Câmara Municipal. Os vereadores receberão José Tadeu Weidlich Motta, técnico da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. "O que nos interessa saber é a verdade sobre a água em Curitiba. Não queremos o fim da Sanepar, só que ela seja algo melhor", disse Caíque Ferrante, relator da Comissão da Água. "Nós sabemos dos problemas que atingem as redes antigas, especialmente no centro de Curitiba, por exemplo", completou Julieta Reis.
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