Servidores invadem a Câmara pela 4ª vez; prédio foi danificado

por Assessoria Comunicação publicado 28/06/2017 15h25, última modificação 19/10/2021 09h20

Para protestar contra os projetos de ajuste fiscal da prefeitura de Curitiba, o chamado Plano de Recuperação, servidores municipais invadiram pela quarta vez em 40 dias a Câmara Municipal. Na manhã desta quarta-feira (28), um grupo de aproximadamente 130 pessoas, de acordo com a equipe de segurança, ocupou as galerias do Palácio Rio Branco, desrespeitando o limite de 28 pessoas estabelecido pelo Corpo de Bombeiros. A votação em segundo turno da nova meta fiscal (013.00001.2017) e da proposta da Lei de Diretrizes Orçamentárias 2018 (013.00002.2017) foi suspensa por volta das 9h30 e retomada às 11h45. Os dois projetos foram aprovados (veja aqui).

Para entrar, os manifestantes passaram pelo portão externo e forçaram a porta que dá acesso ao segundo andar, mesmo com a orientação e as tentativas dos seguranças de conter a entrada (veja imagens). O episódio ocorreu após o presidente da Câmara, Serginho do Posto (PSDB), suspender a sessão para reunião de lideranças. Os servidores ocuparam as galerias durante mais de uma hora e gritaram palavras de ordem como “Eu acredito na luta”, “Resistência” e “Não tem arrego, você tira o meu direito e a gente tira o seu sossego”. Cédulas falsas foram jogadas das galerias sobre o plenário.

Os vereadores da base do governo deixaram o plenário e se reuniram na sala de reuniões anexa à Presidência. Os parlamentares da oposição permaneceram no plenário por instantes. Os manifestantes decidiram deixar o Palácio Rio Branco, mas continuaram o protesto do lado de fora. Eles colocaram cruzes no gramado em frente ao prédio. Também havia faixas, varal com fotos de vereadores e um caixão simbólico. Os manifestantes deram a volta na quadra, isolando parcialmente a avenida Visconde de Guarapuava.

Sobre todo esse cenário, Serginho do Posto disse à imprensa que “está na hora de o Executivo ter responsabilidade na gestão. Essa crise não foi causada pela Câmara. Quem provocou essa crise tem nome e sobrenome, porque já dava sinais há muito tempo. E a Câmara mais uma vez assume a responsabilidade da gestão”, afirmou.

Danos
Durante o protesto nas galerias do Palácio Rio Branco, prédio histórico construído no século 19, manifestantes cantavam e pulavam (veja imagens). Numa vistoria preliminar do Corpo de Bombeiros, foram identificados danos ao patrimônio. Houve descolamentos do piso a ponto de caber um dedo entre o solo e o rodapé e do lustre que desceu cerca de um palmo do teto.

De acordo com a vistoria realizada pelo Corpo de Bombeiros e pela Cosedi (Comissão de Segurança de Edificações e Imóveis), não foi possível determinar se houve um afundamento apenas do assoalho ou da infraestrutura do piso das galerias do prédio histórico. Segundo o diretor geral da Câmara, Nilton Cordoni, as recomendações da Cosedi são a interdição das galerias e a contratação de uma empresa especializada em prédios históricos para a emissão de um laudo.

“Todo o piso precisará ser aberto para verificar o que aconteceu embaixo do assoalho. Foram também identificadas rachaduras que não existiam antes. Precisamos contratar uma empresa especializada para ver qual é o melhor procedimento”, afirmou Cordoni.

Essa foi a quarta vez que os servidores públicos municipais invadiram a Câmara Municipal. A primeira foi no dia 20 de maio, quando os vereadores da Comissão de Legislação avaliavam os projetos do chamado Plano de Recuperação. Na ocasião, parlamentares foram impedidos de entrar e sair da sala das comissões – a porta foi acorrentada. Buzinas e rojões foram usados pelos manifestantes (leia mais).

As outras duas vezes, no dia 13 e no dia 20 deste mês, foram durante a votação em plenário dos quatro projetos que tramitaram em regime de urgência. Os servidores impediram os vereadores de votar, manifestações sucessivas que levaram a Secretaria de Segurança Pública do Paraná a sugerir sessões plenárias temporárias na Ópera de Arame (leia mais).