Servidores da CMC vivenciam dificuldades enfrentadas pelas pessoas com deficiência
Como atender e receber bem as pessoas com deficiência foi o foco da capacitação. (Foto: Marcio Silva/CMC)
Como se dirigir a uma pessoa que é cega? O que fazer quando um autista entra em crise? Posso me apoiar na cadeira de rodas de um cadeirante? Estas e muitas outras dúvidas surgem quando se está frente a uma pessoa com deficiência. E muitas destas questões foram elucidadas em uma capacitação realizada nesta quinta-feira (21) na Câmara Municipal de Curitiba (CMC). O Sensibiliza, como atender e receber bem as pessoas com deficiência, foi transmitido pelas mídias sociais do Legislativo e pode ser revisto aqui.
A capacitação contou com a palestra de Tayene Coelho, que é graduada em Turismo, especialista em Gestão Pública e mestre em Turismo Acessível. Tayene abordou aspectos gerais das pessoas com deficiência e deu dicas de como devemos nos portar, adotando comportamentos considerados inclusivos. A especialista deu vários exemplos de como não agir ao auxiliar uma pessoa cega, um cadeirante ou pessoa com deficiência intelectual. “Nunca se apoie no braço da cadeira de rodas, pois o equipamento é considerado uma extensão do corpo do cadeirante. Se for conversar por mais tempo, fique no nível dos olhos dele, pois caso contrário isso resultará em dor no pescoço da PcD”, explicou.
Vice-presidente da Comissão de Acessibilidade, a vereadora Flávia Francischini reforçou que “tudo começa com a inclusão, é por isso que a gente luta, para que as pessoas com deficiência sejam vistas e tenham seus direitos assegurados, não como privilégios, mas que sejam respeitadas em suas as diferenças”. A parlamentar comentou sobre o aprendizado que teve na área da inclusão com o nascimento de seu filho Bernardo, que tem TEA, as dificuldades pelas quais passou e como aprendeu a conviver com a situação. Ela também contou como é o dia a dia de trabalho do estagiário Érico, que trabalha em seu gabinete. “Ele é um jovem autista de 23 anos, estudante de matemática e extremamente inteligente. Ele foi incluído, cumpre sua jornada, faz o trabalho dentro de seus limites. Não é porque ele tem uma deficiência que não cobramos resultados, isso não seria inclusão de verdade”, observou.
Já Elyse Matos, que é advogada, mestre em Direito e coordenadora do movimento Capricha na Inclusão, focou sua fala nos aspectos relacionados ao Transtorno do Espectro Autista (TEA). Também mãe de um autista, o Enrico, Elyse tratou de diversos aspectos relacionados ao TEA, como por exemplo quais são os pontos essenciais de comportamento que podem causar estresse, dor e até mesmo uma crise. Ela falou sobre formas adequadas de lidar com os autistas e o que fazer no caso de uma pessoa entrar em crise, bem como identificar os sinais antecedentes“. Todos os dias, sons, cores, luzes e cheiros podem sobrecarregá-lo”, completou. “O autismo não tem cara, é uma deficiência invisível”, afirmou, ao explicar outra característica do espectro. Ainda segundo Elyse, o autismo caracteriza-se basicamente por trazer dificuldades na interação social e na comunicação, além de padrões restritos ou repetitivos de comportamento.
A última palestra foi de Denise Maria Amaral de Oliveira Moraes, psicóloga e diretora do departamento dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Prefeitura Municipal de Curitiba. A gestora trouxe um panorama dos serviços ofertados pelo município de Curitiba para as pessoas com deficiência, entre eles o de intérprete de libras. “Quando um surdo por exemplo precisa ir a um médico, ele pode ligar para nós e solicitar o apoio de um intérprete. Outro serviço é o ônibus Acesso, que pega as pessoas em casa e leva para um hospital, por exemplo. Uma pessoa autista geralmente não se sente bem no transporte coletivo e uma solução mais adequada pode ser o uso desse transporte”, explicou.
A equipe da diretoria, e também a Elyse Matos, realizaram uma série de atividades de sensibilização prática com o público. Entre elas, utilizar bengalas com os olhos vendados, transitar de cadeira de rodas, experienciar a percepção sensorial de um autista e comunicar-se com uma pessoa surda.
Para o servidor Maicon Penteado, que trabalha na Ouvidoria da Câmara Municipal, a experiência do Sensibiliza foi extremamente positiva. “Eu considero que valeu muito a pena ter participado. O nome do evento foi ao encontro com o objetivo de sensibilizar sobre a participação de todas as pessoas na sociedade”. Já a colaboradora Célia Maria da Cruz, do setor de limpeza, afirmou já ter realizado capacitações semelhantes, pois já trabalhou com pessoas com deficiência, mas considerou o Sensibiliza como um complemento de informações. “Gostei bastante e abriu minha visão para algumas coisas que eu não conhecia, mesmo tendo atuado durante oito anos com pessoas com deficiência. Agora, depois destas atividades práticas, me sinto mais preparada para receber uma pessoa com deficiência”.
O presidente Tico Kuzma participou da abertura do Sensibiliza e lembrou que a ideia da capacitação surgiu em uma visita realizada à Câmara por Elyse Matos, do Capricha na Inclusão, em junho, com o vereador Pier Petruzziello (PTB). “Hoje estamos vendo a realização daquela ideia, então é importante sempre estarmos atentos e aprendendo a conviver com as pessoas”, comentou Kuzma. “É um evento que traz a questão da empatia, de se colocar no lugar do próximo. Afinal, nós somos todos iguais dentro das nossas diferenças. E o Sensibiliza vem com atividades práticas e no sentido de demonstrar que todos somos seres humanos. Tenho um orgulho tremendo em fazer parte desse projeto, que funciona no sentido de termos cada vez mais uma cidade harmoniosa e acessível”, emendou Petruzziello, que é presidente da Comissão de Acessibilidade de CMC.
“O Sensibiliza cumpriu os seus objetivos e envolveu principalmente as pessoas que atendem ao público aqui na Câmara. Tivemos três ótimas palestrantes, sendo que um conteúdo complementou o outro. Mas o mais importante foram as atividades práticas, que de fato sensibilizaram nosso pessoal. Acredito que ficou claro que as demandas das pessoas com deficiência não dizem respeito somente a elas, mas à sociedade como um todo”, resumiu Carlos Barbosa, gestor da Escola do Legislativo, responsável pela atividade em parceria com a Comissão de Acessibilidade e Direitos da Pessoa com Deficiência.
Também participaram do evento as seguintes integrantes do departamento dos Direitos da Pessoa com Deficiência: Daniela Cristina S. Lima R. Guidugli, da Central de Libras; Fernanda Augusto de Campos, do administrativo; Fernanda Costa Peixoto Primo, coordenadora; Fernanda de Castro Moletta, do Transporte Acesso; Sandra Mara Mathias, intérprete de libras; e Iaskara Abraão, da empregabilidade.
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