Seminário discute a violência contra mulher

por Assessoria Comunicação publicado 02/03/2005 17h35, última modificação 19/05/2021 16h35
A violência contra a mulher foi o tema do último dia do seminário “Reconhecimento e Valorização da Mulher”, que teve a iniciativa do presidente da Comissão Permanente de Segurança Pública e Defesa da Cidadania da Câmara de Curitiba, vereador Valdenir Dias (PL). O evento contou com a participação de grande número de mulheres representantes de diversas categorias profissionais, Clube de Mães e associações de bairros, além de outras autoridades.
Para o vereador Valdenir Dias, “muitas são as formas de violência praticada contra a mulher. Vão desde a fome, exclusão social, passando pela diferença salarial e o desamparo após a maternidade. Mas, a violência doméstica é a mais perversa, porque atinge não só a mulher como também os filhos. Que este seminário seja um momento de reflexão, de discussão e conscientização dos graves problemas que atingem as mulheres. Pois, é importante saber que, respeitando seu direito, estaremos construindo uma sociedade mais justa, saudável e feliz”, afirmou o parlamentar.
Casos
Procedimentos disponíveis para a “Defesa da Mulher Vítima de Violência” foi o tema abordado pela titular da Delegacia da Mulher, Darli Rafael. Segundo a delegada, “bom seria se não precisasse existir a Delegacia da Mulher, mas precisamos acima de tudo ter aptidão para esse tipo de trabalho, além de ser profissionais, pois muitas vezes precisamos engolir o choro diante de algumas agressões que chegam até nós. Principalmente, a agressão contra criança”, salientou.
Darli Rafael disse que a delegacia vem atendendo, mensalmente, cerca de 4 mil casos de mulheres agredidas e que, hoje, o maior registro das queixas é de ameaça, além de lesões corporais e crimes sexuais. A delegada salientou, ainda, a importância da vítima registrar a ocorrência, pois caso contrário, nada pode ser feito em sua defesa. Nem programas serão desenvolvidos. Para Darli, a mulher agredida produz violência também, na medida que agride os filhos. “Este é o reflexo da educação e de informação. A violência contra mulher só será debelada quando houver grande investimento em educação e saúde,” afirmou a delegada.
Responsabilidade
A médica ginecologista/obstetra do Instituto Médico Legal, Rose Fischir, disse que se não fosse a participação efetiva das mulheres, os programas sociais não sairiam do papel. “Se temos que, muitas vezes, engolir o choro, não podemos engolir a violência. Nós médicos temos a responsabilidade de atender as vitimas no hospital e fazer um laudo com cuidado, pois podemos colocar um inocente na cadeia e deixar um bandido solto”, disse a médica, que fez questão de elogiar o atendimento nessa área dos hospitais Pequeno Príncipe e das Clinicas. Rose, que falou sobre os aspectos médicos decorrentes da violência, definiu os diversos tipos de agressão, como atentado ao pudor e lesões corporais. Ressaltou, ainda, os procedimentos que as pessoas afetadas devem realizar e o tratamento que é colocado a disposição gratuitamente.
Fechando o seminário, a advogada e professora Lúcia Maria Beloni Correia Dias, conselheira penitenciária e da Ordem dos Advogados do Brasil, falou sobre o trabalho dos juizados especiais criminais e os seus reflexos na defesa dos direitos da mulher vítima de violência.