Seminário alerta à redução do impacto do lixo no efeito estufa
Curitiba está acima da média nacional e estadual do impacto dos resíduos sólidos na geração dos gases do efeito estufa (GEE), ligados às mudanças climáticas, como o aumento da temperatura e do nível do mar. Enquanto a média brasileira é de 4% e a do Paraná é de 4,9%, o percentual, na cidade, equivale a 11,8%, atrás apenas do impacto da queima de combustíveis, segundo dados de 2008. “É bastante. Quanto maior a concentração urbana, maior a participação do lixo na produção dos gases do efeito estufa”, avaliou o engenheiro ambiental florestal Carlos Roberto Sanquetta, professor e pesquisador da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em seminário realizado na Câmara Municipal nesta quinta-feira (26). O evento foi promovido pela Escola do Legislativo, em parceria com a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e o Instituto Pró-Cidadania.
No Brasil, a agropecuária e a energia são responsáveis por 37% dos GEE. O desmatamento, que em 2005 figurava como principal vilão, caiu para cerca de 15%. No Paraná, a energia lidera, com 45,6%, seguida pela agropecuária, com 41%, e pela indústria, com 8%. “Temos vida na Terra graças à existência da atmosfera, que é composta por gases. Parte deles é responsável pelo efeito estufa. Eles são expelidos pelos processos naturais, como o derretimento de gelo, os incêndios naturais e decomposição de animais. Mas o fato é que a humanidade, por sua ação constante, tem contribuído para uma concentração maior dos gases de efeito estufa. O resultado disso é o aumento da temperatura, uma tese que tem grande probabilidade de estar correta. Outra preocupação é com o aumento do nível do mar”, disse Sanquetta.
De acordo com o engenheiro florestal, a previsão mais pessimista é que a temperatura média aumente 4,8 ºC, até o final do século. O professor também apresentou boas práticas para reduzir o impacto dos GEE, conforme os três Rs da sustentabilidade: reduzir, reutilizar e reciclar. “A prevenção dos resíduos ainda é a forma mais eficaz. Reduzi em 10% minhas emissões e também meus custos.”
Outro palestrante do evento foi o economista e professor Daniel Thá, que falou sobre a visão econômica dos resíduos sólidos. “Curitiba gera 2,3 mil toneladas diárias, enquanto em toda a Região Metropolitana o número é de 3,3 mil toneladas por dia”, alertou.
Thá explicou que a maior parte dos resíduos é orgânica, como cascas de frutas, e pode ser submetida à compostagem. Os rejeitos, como o papel higiênico, que não podem passar pelo processo ou pela reciclagem, são 16,7% dos materiais gerados. “A compostagem não gera metano [um dos gases do efeito estufa] e pode ser usada para a fabricação de fertilizante. Você encontra minhocários à venda na internet. É simples e uma das possíveis soluções”, afirmou o economista.
Ele citou como vantagens a redução dos GEE, o aumento da sobrevida dos aterros e a produção de adubo de alta qualidade. “São Paulo implantou um projeto de compostagem, com a distribuição de 10 mil composteiras. Desafio [a Prefeitura de] Curitiba a fazer muito mais.” “A melhor forma de termos a boa gestão de resíduos é você separar na fonte”, completou. Sobre a destinação dos rejeitos, o convidado destacou os aterros sanitários, ao invés dos lixões ou dos aterros controlados.
Projeto-piloto
O servidor Antonio Torrens, diretor da Escola do Legislativo, disse que uma das ideias do seminário era “chamar a atenção [sobre a geração de resíduos], para fazermos um trabalho interno de conscientização”. Ele apontou como problemas atitudes como a pessoa usar o copo de plástico apenas uma vez e jogá-lo no lixo. “Vamos organizar um grupo de trabalho, que deve começar a se reunir no começo do ano que vem”, previu.
Para o presidente da Comissão de Meio Ambiente, vereador Paulo Salamuni (PV), o debate deve ser aprofundado. “Acho que avançamos na conscientização, mas ainda temos muito o que progredir. Hoje é uma pauta natural. A criança chama a atenção dos pais. É importante divulgar esses dados, que as pessoas não têm conhecimento”, avaliou. “Meu saudoso pai [Riad Salamuni], geólogo, dizia: "Tudo que teve início terá fim." Cabe a nós retardarmos esse fim ou acabarmos com isso imediatamente, darmos um fim ao planeta”, complementou.
O IPCC
Salamuni destacou que o Instituto Pró-Cidadania de Curitiba, parceiro da Câmara na promoção do seminário gratuito sobre a conscientização ambiental, foi fundado em 1984, pela então primeira-dama Ivete Fruet, com o nome de Provopar, e em 2014 completou 30 anos de atividades (leia mais). “A entidade também desenvolve ações ambientais. As pessoas agem como se a vida fosse eterna, mas é só um sopro.”
O supervisor geral do IPCC, Arai Bello Filho, destacou que a atuação do instituto é socioambiental, em várias frentes. “Na área social, atuamos com uma parceia muito forte com a Fundação de Ação Social [FAS]. Outra frente muito importante é no convênio com a Secretaria Municipal da Saúde.”
O biólogo Johnny Flores de França apresentou ações da entidade no segmento ambiental, como a UVR (Unidade de Valorização de Recicláveis), criada em 1990 com objetivo de fomentar a prática da reciclagem. Segundo ele, a URV recebe, diariamente, toneladas de materiais recicláveis produzidas pelos moradores de Curitiba. Depois da triagem, da classificação e da prensagem, são vendidos para empresas de reciclagem e os recursos obtidos são destinados a programas mantidos pelo Pró-Cidadania, inclusive para a educação ambiental.
“É dever do cidadão separar seu lixo e deixá-lo à disposição da coleta. Mas infelizmente o que nós vemos são muitos materiais que não deveriam parar na triagem, como pilhas e baterias, justamente pelo desconhecimento da população”, afirmou França. Ele lembrou que a coleta de diversos materiais, como mobiliário e resíduos da construção civil, pode ser solicitada pelo 156, da Prefeitura de Curitiba. “Cadáveres de animais também. Já a coleta dos recicláveis pela prefeitura se dá pelo Lixo que Não é Lixo, o Câmbio Verde e as Estações de Sustentabilidade, que começaram a ser implantadas no ano passado”, explicou o biólogo.
Confira mais fotos do evento no Flickr da Câmara de Curitiba.
No Brasil, a agropecuária e a energia são responsáveis por 37% dos GEE. O desmatamento, que em 2005 figurava como principal vilão, caiu para cerca de 15%. No Paraná, a energia lidera, com 45,6%, seguida pela agropecuária, com 41%, e pela indústria, com 8%. “Temos vida na Terra graças à existência da atmosfera, que é composta por gases. Parte deles é responsável pelo efeito estufa. Eles são expelidos pelos processos naturais, como o derretimento de gelo, os incêndios naturais e decomposição de animais. Mas o fato é que a humanidade, por sua ação constante, tem contribuído para uma concentração maior dos gases de efeito estufa. O resultado disso é o aumento da temperatura, uma tese que tem grande probabilidade de estar correta. Outra preocupação é com o aumento do nível do mar”, disse Sanquetta.
De acordo com o engenheiro florestal, a previsão mais pessimista é que a temperatura média aumente 4,8 ºC, até o final do século. O professor também apresentou boas práticas para reduzir o impacto dos GEE, conforme os três Rs da sustentabilidade: reduzir, reutilizar e reciclar. “A prevenção dos resíduos ainda é a forma mais eficaz. Reduzi em 10% minhas emissões e também meus custos.”
Outro palestrante do evento foi o economista e professor Daniel Thá, que falou sobre a visão econômica dos resíduos sólidos. “Curitiba gera 2,3 mil toneladas diárias, enquanto em toda a Região Metropolitana o número é de 3,3 mil toneladas por dia”, alertou.
Thá explicou que a maior parte dos resíduos é orgânica, como cascas de frutas, e pode ser submetida à compostagem. Os rejeitos, como o papel higiênico, que não podem passar pelo processo ou pela reciclagem, são 16,7% dos materiais gerados. “A compostagem não gera metano [um dos gases do efeito estufa] e pode ser usada para a fabricação de fertilizante. Você encontra minhocários à venda na internet. É simples e uma das possíveis soluções”, afirmou o economista.
Ele citou como vantagens a redução dos GEE, o aumento da sobrevida dos aterros e a produção de adubo de alta qualidade. “São Paulo implantou um projeto de compostagem, com a distribuição de 10 mil composteiras. Desafio [a Prefeitura de] Curitiba a fazer muito mais.” “A melhor forma de termos a boa gestão de resíduos é você separar na fonte”, completou. Sobre a destinação dos rejeitos, o convidado destacou os aterros sanitários, ao invés dos lixões ou dos aterros controlados.
Projeto-piloto
O servidor Antonio Torrens, diretor da Escola do Legislativo, disse que uma das ideias do seminário era “chamar a atenção [sobre a geração de resíduos], para fazermos um trabalho interno de conscientização”. Ele apontou como problemas atitudes como a pessoa usar o copo de plástico apenas uma vez e jogá-lo no lixo. “Vamos organizar um grupo de trabalho, que deve começar a se reunir no começo do ano que vem”, previu.
Para o presidente da Comissão de Meio Ambiente, vereador Paulo Salamuni (PV), o debate deve ser aprofundado. “Acho que avançamos na conscientização, mas ainda temos muito o que progredir. Hoje é uma pauta natural. A criança chama a atenção dos pais. É importante divulgar esses dados, que as pessoas não têm conhecimento”, avaliou. “Meu saudoso pai [Riad Salamuni], geólogo, dizia: "Tudo que teve início terá fim." Cabe a nós retardarmos esse fim ou acabarmos com isso imediatamente, darmos um fim ao planeta”, complementou.
O IPCC
Salamuni destacou que o Instituto Pró-Cidadania de Curitiba, parceiro da Câmara na promoção do seminário gratuito sobre a conscientização ambiental, foi fundado em 1984, pela então primeira-dama Ivete Fruet, com o nome de Provopar, e em 2014 completou 30 anos de atividades (leia mais). “A entidade também desenvolve ações ambientais. As pessoas agem como se a vida fosse eterna, mas é só um sopro.”
O supervisor geral do IPCC, Arai Bello Filho, destacou que a atuação do instituto é socioambiental, em várias frentes. “Na área social, atuamos com uma parceia muito forte com a Fundação de Ação Social [FAS]. Outra frente muito importante é no convênio com a Secretaria Municipal da Saúde.”
O biólogo Johnny Flores de França apresentou ações da entidade no segmento ambiental, como a UVR (Unidade de Valorização de Recicláveis), criada em 1990 com objetivo de fomentar a prática da reciclagem. Segundo ele, a URV recebe, diariamente, toneladas de materiais recicláveis produzidas pelos moradores de Curitiba. Depois da triagem, da classificação e da prensagem, são vendidos para empresas de reciclagem e os recursos obtidos são destinados a programas mantidos pelo Pró-Cidadania, inclusive para a educação ambiental.
“É dever do cidadão separar seu lixo e deixá-lo à disposição da coleta. Mas infelizmente o que nós vemos são muitos materiais que não deveriam parar na triagem, como pilhas e baterias, justamente pelo desconhecimento da população”, afirmou França. Ele lembrou que a coleta de diversos materiais, como mobiliário e resíduos da construção civil, pode ser solicitada pelo 156, da Prefeitura de Curitiba. “Cadáveres de animais também. Já a coleta dos recicláveis pela prefeitura se dá pelo Lixo que Não é Lixo, o Câmbio Verde e as Estações de Sustentabilidade, que começaram a ser implantadas no ano passado”, explicou o biólogo.
Confira mais fotos do evento no Flickr da Câmara de Curitiba.
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