Seminário aborda violência contra mulher

por Assessoria Comunicação publicado 21/11/2005 18h45, última modificação 07/06/2021 09h30
Abrir a discussão de um assunto diário e de grande importância. Esse é o objetivo de seminário sobre o dia internacional da não-violência contra a mulher, comemorado em 25 de novembro, que será realizado durante toda a semana, na Câmara de Curitiba, das 14h às 15h. Em cada dia, diferentes palestrantes ocuparão a tribuna da Casa para discutir assuntos voltados à mulher.
Nesta segunda-feira (21), discursaram o sociólogo Pedro Bodê de Morais; a representante comunitária Maria da Paz e a deputada federal Clair da Flora Martins (PT). Estavam presentes o presidente da OAB, Manoel de Oliveira Franco; a presidente da Fundação de Ação Social, Fernanda Richa, e os vereadores João Cláudio Derosso (PSDB), presidente da Casa, Tito Zeglin (PDT), Dona Lourdes (PSDB), Angelo Batista (PP), Jônatas Pirkiel (PL) e Serginho do Posto (sem partido).
O presidente da Comissão de Segurança Pública e Defesa da Cidadania, vereador Valdenir Dias (PDT), autor da proposta, justificou a iniciativa, afirmando que “todos os dias, mulheres sofrem e são espancadas. O Brasil é o país onde mais há violência doméstica do mundo. Precisamos reestabelecer a paz na vida das pessoas”.
O sociólogo Pedro Bodê, da Universidade Federal do Paraná, disse que o maior desafio é manter equacionada a liberdade e a igualdade entre homens e mulheres. Segundo o professor, os mais vulneráveis às agressões são os pobres, negros, mulheres, jovens, idosos e moradores de periferias.
Testemunha
Em seu depoimento, Maria da Paz, representante comunitária e testemunha de violência doméstica, relatou dois casos. “Certa vez, em visita a uma comunidade, vi uma esposa apanhar do marido com a panela, porque ele não gostou do cardápio. Levei a mulher machucada ao hospital e, em seguida, fomos dar queixa na Delegacia da Mulher. Hoje, ela continua com o marido por falta de condições financeiras”. O outro caso foi o de uma mulher que, de tanto apanhar do marido policial, pegou a arma dele e o matou.
A deputada Clair Martins comentou sobre projetos de lei  que abrangem a violência contra a mulher e a assistência que deve ser prestada, papel da autoridade policial, providências a serem tomadas e criação de juizados especiais. “63% das agressões são contra mulheres e acontecem nos espaços domésticos, praticados por pessoas que mantêm relações pessoais com as vítimas”, afirmou a parlamentar.
Escravidão
Para Pedro Bodê, a violência surgiu durante a escravidão, nos latifúndios. O sociólogo comentou sobre o livro Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freire. A obra mostra as relações entre homens e mulheres, crianças e adultos, negros e brancos, através da sociedade escravocrata dos séculos XVIII e XIX. “A violência é tipicamente masculina e atua no processo de socialização, onde o ser ensina, aprende e tolera a violência”.