Seminário aborda causas da obesidade

por Assessoria Comunicação publicado 27/04/2007 19h40, última modificação 16/06/2021 08h23
Foi realizado na tarde desta sexta-feira (27) o II Seminário sobre Obesidade na Câmara de Curitiba, por iniciativa do presidente da Comissão de Saúde, Bem-Estar Social e Meio Ambiente, vereador Angelo Batista (PP). Foram quatro palestras, no auditório do Anexo II, com diferentes profissionais, sobre a obesidade, doenças acarretadas, tratamento e cirurgia. Os presentes também puderam tirar dúvidas.
“No conjunto das informações obtidas nas palestras, resume-se uma das realidades do mundo moderno: a obesidade é uma epidemia mundial. Quanto melhor a qualidade de vida e o padrão social da população, maior é o seu sobrepeso”, resumiu Angelo Batista.
Obesidade
O professor de endocrinologia e metabologia da UFPR, Henrique Suplicy, abordou as causas e conseqüências da obesidade, comparando, inicialmente, o aumento anual dos casos no Brasil e nos Estados Unidos, onde os obesos chegam a ter 25% a mais de gordura. No Brasil, a região Nordeste tem o menor índice em comparação à demais, embora o problema atinja todas as classes sociais e idades, sendo detectado principalmente em jovens e crianças.
“O organismo estoca gordura gradativamente, para eventuais faltas. Hoje em dia, a maioria dos indivíduos possui 45% do corpo composto por gordura, quando o normal seria 20%”, alertou Suplicy. O número de horas que a criança passa em frente à televisão, o trabalho doméstico manual e a genética também são fatores que influenciam no gasto energético e a conseqüente obesidade.
Foram destacadas as doenças que a má alimentação pode desenvolver e que ocasionalmente tornam-se câncer. Entre elas, diabetes, hipertensão arterial, cálculo biliar, esteatose hepática e apnéia do sono. Suplicy lembrou que a melhor maneira de prevenção é a prática de atividade física e a reeducação alimentar.
Ações e programas
A coordenadora do Departamento de Vigilância Nutricional da Secretaria Municipal de Saúde, Angela Lucas de Oliveira, explicou a visão da Prefeitura sobre a obesidade da população e as iniciativas de combate. “O município tem se preocupado há vários anos com estudos nutricionais, sem medo de encontrar problemas e gerar ações”, disse.
Uma das pioneiras no assunto, Curitiba implantou nas unidades de saúde um sistema que diagnostica o estado nutricional da população. A idéia é divulgar os dados colhidos através de boletins, para combater a obesidade e a desnutrição. Angela ressaltou que os indicadores da desnutrição no Brasil e em Curitiba são muito parecidos, diminuindo a desnutrição e aumentando a obesidade, principalmente nos adultos jovens.
A coordenadora destacou que muitas das ações são desenvolvidas em parceria com a Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, como o Mutirão da Cidadania, Gibi Curitibinha, Ônibus do Adolescente Saudável, iniciativas nas escolas, capacitações e programas em educação alimentar, materiais educativos e a inserção da idéia no cronograma escolar.
“As unidades de saúde fazem mais de um milhão de atendimentos por ano. Não são dados ao acaso. A população avaliada é muito grande”, acrescentou.
Tratamento
O programa de tratamento à obesidade do Instituto Curitiba de Saúde (ICS), Prevencor, foi comentado pelo coordenador médico do Núcleo de Programas Especiais, Fernando Cezar de Oliveira. É voltado à prevenção, resultando na melhoria da saúde e da qualidade de vida do servidor municipal.
Segundo o médico, metade dos mais de 10 mil usuários do Prevencor apresentam fatores de risco cardiovascular. Criado em 2001, o programa acompanha e trata os pacientes de obesidade mórbida, visando o emagrecimento. É feita uma avaliação da saúde com atendimento multidisciplinar, nunca voltado à intervenção cirúrgica, mas à prevenção da evolução de doenças, além de reduzir os custos das complicações crônicas das patologias.
“Não adianta participar esperando a cirurgia”, comentou Oliveira, completando que o paciente com obesidade mórbida geralmente tem alguma outra doença. Ele é acompanhado por dois anos, com psicóloga especializada e programa específico, recebendo tratamento com endocrinologista e nutricionista e participando de palestras. Após este período, se não houver resultado, será encaminhado, após avaliações, à cirurgia bariátrica. “A cirurgia é 100% coberta pelo ICS e o paciente recebe visita domiciliar do médico e de assistente social no período de um ano”, explicou Oliveira.
Cirurgia
A médica Solange Cravo Bettini abordou o tratamento cirúrgico realizado em pacientes com obesidade mórbida, sendo a procura mais feminina do que masculina. Segundo a cirurgiã, só pode realizar a cirurgia quem estiver com o Índice de Massa Corporal (IMC) entre 35 e 40 e alguma doença grave. O paciente deve ter mais de 18 anos, estar com a obesidade estável há pelo menos cinco anos, ter realizado tratamento clínico não eficaz há dois anos, além de passar por avaliações clínica, psicológica, nutricional e exames pré-operatórios.
Solange explicou os tipos de cirurgia realizadas (restritiva, disabsortiva e mista) e comentou sobre outras intervenções cirúrgicas de diminuição do estômago e suas conseqüências. Para ela, a principal causa da procura pela cirurgia é a falha no tratamento de emagrecimento com “remédios milagrosos”. “Operar um obeso é o seu renascimento”, resumiu.