Seminário aborda ações de preservação da água

por Assessoria Comunicação publicado 28/11/2006 19h10, última modificação 14/06/2021 10h25
“Numa casa com quatro moradores, 24% do consumo mensal de água destinam-se ao banho; outros 24%, às descargas diárias; 38%, lavagens de louça e roupa, além da limpeza, que equivale a 6%, sobrando 8% para ingestão, comida e higiene bucal. Ou seja, 92% da água que vai para o esgoto em Curitiba não foram ingeridos.” O alerta, baseado em dados do Ipardes, o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social, é do presidente da Câmara Municipal, vereador João Cláudio Derosso (PSDB), que proferiu palestra sobre o reuso da água em edifícios, nesta terça-feira (28), no seminário “Águas urbanas”, no Anexo II da Casa. O evento é uma proposição do parlamentar, com o apoio da Flacam Brasil, instituição formada pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Universidade Livre do Meio Ambiente (Unilivre) e a Rede Flacam Brasil.
Autor da lei que criou em Curitiba o Programa de Conservação e Uso Racional da Água nas Edificações (Purae), Derosso detalhou as medidas, válidas para todas as novas edificações da cidade, que deverão necessariamente adotar aparelhos e dispositivos para economizar água. São bacias sanitárias de volume reduzido de descarga, chuveiros e lavatórios de volumes fixos de descarga, torneiras dotadas de arejadores, além de sistemas de captação, armazenamento e utilização de água proveniente das chuvas.
Resultados
Aprovada em 2003, a legislação vem produzindo resultados práticos. “No Hotel Ibis, no bairro Batel, o primeiro a ser construído nestes moldes, a economia no consumo é de 49% e a implantação dos mecanismos equivale a 0,7% do custo do apartamento. O retorno do investimento ocorre em 18 meses”, informou o presidente do Legislativo, citando, ainda, outros exemplos, como prédios públicos e casas, onde a economia pode ser superior a 80%. “Curitiba já vem sentindo que a água captada e tratada, disponibilizada para uso pela população, deixou de atender de maneira satisfatória, em determinadas ocasiões, à crescente demanda. Por isso, é preciso que o governo e sociedade civil se unam em uma política de uso racional da água, para evitar problemas futuros”, concluiu Derosso.
Legislação
A vereadora Roseli Isidoro (PT), presidente da Comissão de Urbanismo e Obras Públicas, falou sobre a legislação sobre as águas, abordando projetos em tramitação na Casa e as leis em vigor na Capital. “O grande desafio é promover a interação entre todas as esferas do poder para buscar resultados mais imediatos sobre as questões referentes ao meio ambiente”, afirmou.
Entre as propostas, citou a que dispõe sobre a utilização do material reciclado no âmbito da administração municipal, a que a institui a Política Municipal de Educação Ambiental e a que prevê a eliminação das contaminações dos lençóis freáticos nos cemitérios de Curitiba. Abordou, ainda, as leis que prevêem a política de proteção, conservação e recuperação do meio ambiente, sobre a adequação do Plano Diretor de Curitiba ao Estatuto da Cidade e a que institui o Programa de Reciclagem de Entulhos de Construção Civil (Promger), de sua autoria, em conjunto com Derosso.
Política nacional
Também palestrante no evento, o superintendente de Apoio à Gestão de Recursos Hídricos da Agência Nacional das Águas (ANA), Rodrigo Flecha, detalhou a política nacional de recursos hídricos e o sistema de gerenciamento do setor, destacando como um dos desafios “a inserção do município na gestão das águas”.
A recuperação do Rio Belém foi outro tema abordado. Os professores Carlos Mello Garcias e Miguel Mansur Aisse, da PUC-PR, informaram sobre programas e ações em andamento. Já os resultados obtidos com o uso de aparelhos para economizar água foram abordados pelo promotor da Docol, Cezar Antonio Gehlen.
Participaram do seminário, que terá continuidade nesta quarta-feira (29), a partir das 9h, representantes de entidades do setor, estudantes e membros da comunidade.