Secretário fala de programas na Câmara

por Assessoria Comunicação publicado 15/09/2010 17h20, última modificação 30/06/2021 15h55
Ações de programas como o Bola Cheia, Papo Legal e Movimento Poty foram detalhadas aos vereadores da Câmara de Curitiba, na manhã desta quarta-feira (15), pelo secretário Antidrogas, Nazir Abdallha Chain. O titular da pasta, que atendeu convite da Mesa Executiva, aproveitou para prestar contas. Falou de investimentos com recursos da prefeitura e dos repassados pelo Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania). Ressaltou que todos os programas são autorizados e avalizados pelo Judiciário.
Mais de 20 mil jovens foram atendidos no primeiro semestre deste ano, apenas pelo Bola Cheia. O total alcançado em 2009 foi de 27.361 atendimentos. O programa oferece atividades esportivas e recreativas, preferencialmente em fins de semana, nos horários considerados mais críticos, de 21h à 1h. É um dos dez projetos oficiais desenvolvidos pela pasta em escolas, administrações regionais e em parcerias com diversos órgãos de prevenção.
Mapeamento
Através do programa piloto Movimento Poty já foram viabilizadas 50 oportunidades de emprego, numa iniciativa de resgate social que está sendo realizada com sucesso pelo estímulo à criatividade e talento de muitos atendidos. As oficinas do programa serão oficializadas já no início do próximo ano.
A secretaria ainda dispõe de rede de colaboração curitibana com o software Salomão, o programa Cão Amigo, operações especiais, Exportando Ideias, a Caravana do Bem e, mais recente, o acesso aos tótens multimídia. Além deste trabalho, Chain explicou aos vereadores que a secretaria dispõe do serviço de inteligência, cujos dados são repassados ao Ministério Público. Mesmo que a secretaria não tenha competência de repressão e prisão, tem colaborado por meio deste serviço com todas as autoridades policiais. Também está aperfeiçoando seu trabalho com mapeamento dos pontos críticos de tráfico e abordagens nos bairros
Preocupação
O convite ao secretário atendeu a necessidade dos vereadores de saber sobre o trabalho da Secretaria Antidrogas desde 2008 e a preocupação com o consumo de entorpecentes entre crianças e jovens. O debate sobre o tema buscou também potencializar iniciativas entre a pasta e os parlamentares, que estão em contato direto com a população. Chain enfatizou que “a orientação é a base da prevenção, principalmente para os que estão entrando na juventude.”
O problema é reconhecidamente maior entre jovens. Segundo relatório do escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, “o Brasil está na contramão dos demais países, sendo o quarto em número de usuários de drogas injetáveis”. O crack, contudo, tem ampliado terreno, principalmente pelo baixo custo. O Ministério da Saúde informa que os gastos do SUS (Sistema Único de Saúde) com usuários de crack somaram mais de R$ 1 bilhão no ano passado. Os recursos são direcionados especialmente para políticas de saúde mental. No Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas, o governo investe neste ano mais de R$ 400 milhões. “A atuação está vinculada à Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, assim como em muitas outras capitais brasileiras, onde se pretende debelar o mal”, diz Chain. Segundo o I Levantamento Nacional sobre Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas, 80% da classe estudantil são usuários de algum tipo de substância ilícita, sendo que, dos entrevistados, grande parte disse ter menos de 18 anos. De acordo com o Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas, o perfil relatado é maior nas regiões Sul e Sudeste.
A Secretaria Antidrogas tem evoluído nesta questão de orientação. Conforme Chain, quando foram iniciadas as ações, em 2008, chegou-se a 40 mil atendidos. Neste ano, o número já é superior a 150 mil, transparecendo que o trabalho dos diversos programas é bem aceito. Uma amostra está nos mais de 600 acessos diários aos tótens multimídia oferecidos pela secretaria.
 
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Importância das
ações preventivas


Na metade final da apresentação de Chain, os vereadores esclareceram dúvidas, deram sugestões e elogiaram os números mostrados. Avanços na articulação entre as esferas federal, estadual e municipal foram sugeridos pelo vereador João do Suco (PSDB), defensor da família e vida no Legislativo municipal. Para o parlamentar, o problema da drogadição precisa ser encarado mais a fundo por toda a sociedade. O secretário esclareceu que os programas da pasta visam ações integradas com atendimento clínico e social para toda a família. “A família se droga”, enfatizou o secretário ao explicar que o problema é ainda mais abrangente e complexo.
A vereadora Professora Josete (PT) considerou o orçamento da secretaria, cerca de R$ 6 milhões, insuficiente para atender a demanda. “Os programas são bons, mas limitados”, disse. Paulo Frote (PSDB) e Valdemir Soares (PRB) também comentaram a estrutura reduzida para ampliação do atendimento aos dependentes químicos e familiares, principalmente em áreas da periferia. Os locais que oferecem atendimento aos doentes também deveriam ser ampliados, na opinião da maioria. Para isso, os parlamentares se comprometeram a destinar emendas orçamentárias à Secretaria Antidrogas, que, segundo eles, já foi contemplada outras vezes.
O alto índice de violência gerado pelo tráfico de drogas foi ressaltado pela vereadora Ranata Bueno (PPS), que também defendeu trabalho conjunto entre os governos estadual e municipal.
A importância dos trabalhos preventivos na área de segurança pública foi destacada, assim como a integração da secretaria e suas atividades com as demais áreas, como saúde e educação. Nas considerações dos vereadores, as drogas estão interligadas com a saúde por prejudicar e até matar, e com a educação, por afastar a criança e o adolescente das salas de aula. “Recebemos muito auxílio de diversas outras secretarias municipais que completam nossos serviços. O trabalho é complexo e de todos”, disse Chain.
O trabalho das igrejas na recuperação de usuários de drogas foi destacado em plenário, considerando que apenas as casas de recuperação não conseguem atender toda a demanda, ainda que firmem convênios e recebam constantes doações e emendas parlamentares. Para o vereador Emerson Prado (PSDB), o serviço prestado pela pasta deveria ser considerado de utilidade pública, visando a preservação de vidas. O problema das drogas ligado aos jogos de futebol foi destacado pelo vereador Julião Sobota (PSC), comentando a venda de entorpecentes ao redor dos estádios de futebol. De acordo com o parlamentar, é preciso aumentar a fiscalização também nestes casos. Finalizando a apresentação, a liderança do governo municipal destacou que o prefeito Luciano Ducci está satisfeito com as ações da secretaria.
Oferecer oportunidades aos jovens e também àqueles que se envolveram e procuram se livrar do vício é fundamental, de acordo com os vereadores, para erradicação do tráfico e consumo de drogas. Exemplos de ex-dependentes químicos que, através de oportunidades de trabalho, conseguiram se livrar do vício e se reintegraram ao convívio social foram citados pelos vereadores durante o debate.