Secretária da Saúde explica remanejamento de equipes a vereadores
“Temos que fazer política para os mais vulneráveis porque se não, manteremos a desigualdade”, justificou a secretária municipal da Saúde, Márcia Huçulak, ao explicar que vai fazer um remanejamento no quadro da saúde. Ela falou aos vereadores que as equipes de saúde da família (eSF) – cuja carga horária é de 40 horas semanais – lotadas em unidades da baixa vulnerabilidade, serão trocadas por equipes de saúde básica (eSB) – cuja carga horária é de 20 horas semanais. Em contrapartida, as regiões com alto índice de vulnerabilidade das áreas de abrangência das Unidade Municipais de Saúde (Ivab) receberão mais equipes de saúde da família.
A reunião ocorreu na Sala da Presidência da Câmara na tarde desta segunda-feira (18) e foi aberta a todos os vereadores. “Essas mudanças serão estratégicas e a gente sabe que depois a demanda acaba batendo nos gabinetes. A ideia [de fazer a reunião] foi justamente entender [quais são as alterações], porque sabemos que alguns profissionais e a população já estariam procurando os vereadores”, pontuou o presidente da Câmara, Serginho do Posto (PSDB). O líder do prefeito, Pier Petruzziello (PTB) agradeceu a visita e reforçou a necessidade de os vereadores ficarem sabendo e assim “antecipar algum problema”.
Segundo Márcia, no próximo semestre serão contratados mais 40 médicos, 40 técnicos em enfermagem e 20 enfermeiros e a reestruturação de alguns serviços faz parte do plano de ajuste fiscal. Dentro da proposta, 9 unidades consideradas de baixo Ivab passarão a contar com equipes de saúde básica e não mais de saúde da família: Mãe Curitibana, Ouvidor Pardinho, Parigot de Souza, Campo Alegre, São Paulo, Camargo, Pinheiros, Bom Pastor e Santos Andrade. Já unidades com alto Ivab, como Caximba, Osternack, Pantanal, Moradias Belém, Vila Sandra, Parolin e mais 30 contarão com mais equipes (confira abaixo do texto a lista dos bairros). Já as unidades eSF com médio Ivab não sofrerão mudanças.
Para classificar como alto, médio e baixo Ivab, a superintendente executiva da Saúde, Beatriz Battistella Nadas, frisou que foi feito um estudo da população beneficiária de programas de governo, como Bolsa Família. “No Caximba, 70% das pessoas têm grande dependência da ação do Estado.” Ela garantiu que a cada dois anos será feita uma revisão das áreas.
Professora Josete (PT) quis saber se será reduzido o número total de equipes, e a secretária asseverou que “o número permanece”. Josete disse que unidades como Ouvidor Pardinho e Mãe Curitibana atendem a população de rua e os idosos e questionou “qual será a ação para dar conta dessa população”. Beatriz respondeu que quem atende a população de rua atualmente é a equipe do Consultório de Rua e que terá que ser feito um trabalho para capacitar todo o atendimento municipal para atender o idoso, “porque a cidade está envelhecendo, não vamos deixar ninguém sem atendimento”.
“Em algumas unidades o atendimento infelizmente não é o que a gente espera do Poder Público”, queixou-se Toninho da Farmácia (PDT), ao contar que procurou a chefe da Unidade de Saúde Vila Verde para falar sobre reclamações que recebeu da população e teve dificuldade de entrar em contato com ela. “Temos excelentes servidores, 98% é gente dedicada e envolvida”, comentou Marcia, “mas uma minoria não”. “Tem profissional que vive de atestado (mesmo com o salário que ganha). Estamos com a agenda cheia [na unidade de saúde] e ele diz que está de atestado”, emendou. Ela sugeriu que as reclamações da população sejam feitas para o 156 ou à chefia imediata do servidor envolvido.
Beatriz Nadas ponderou que os profissionais mais novos não poderão ingressar nas unidades de alto Ivab e os de saúde da família lotados atualmente nas unidades de baixo Ivab vão poder escolher para onde querem ir. “A prioridade será dada a quem tiver mais tempo de casa”. Para a secretária, o fato de trabalhar mais perto de casa traz mais conforto para os profissionais, “mas antes disso temos um compromisso com a comunidade”.
Mauro Ignácio (PSB) afirmou que há médicos do programa saúde da família, que ganham “R$ 30, R$ 40 mil” e que parece haver um “tabu” de se falar disso. “É preciso ser mais transparente com a população.” Márcia apontou que os salários estão no Portal da Transparência para consulta e que, dos 4.203 profissionais que atuam nas unidades de saúde, 1.574 recebem incentivo, com média salarial de R$ 34 mil. “Eles não têm culpa [do salário que recebem], foram as gestões passadas que não olharam para o equilíbrio financeiro”, ponderou a chefe da pasta. “Nós vamos estagnar esse modelo [de pagamento] e quem está nele fica, quem não está não entra.” Esses profissionais mais antigos, segundo ela, estão mais preparados para atender a população de alta vulnerabilidade, e a eles também será dada a opção de escolher se querem ficar no programa de saúde da família ou sair e abrir mão da gratificação.
A presidente da Comissão de Saúde, Bem-Estar Social e Esporte, Maria Leticia Fagundes (PV), parabenizou a secretária pela iniciativa e disse que repassará as informações aos parlamentares que não estiveram presentes. Participaram da discussão Jairo Marcelino (PSD), Julieta Reis (DEM), Helio Wirbiski (PPS), Tico Kuzma (Pros), Maria Manfron (PP), Mauro Bobato (Pode). Estiveram presentes ainda Osias Moraes (PRB), Ezequias Barros (PRP) e Thiago Ferro (PSDB).
Confira abaixo quais são as unidades eSF de alta vulnerabilidade:
Moradias Belém
Waldemar Monastier
Vila Sandra
Jardim Gabineto
N. Sra. Sagrado Coração
Trindade II
Augusta
Umbará
N. Sra. Luz
São Domingos
Lotiguaçu
Solitude
Umbará II
Barigui
São José
Parolin
Vila Esperança
Xapinhal
Moradias Santa Rita
Tais Viviane Machado
Palmeiras
Vila Leonice
Moradias da Ordem
Vila Verde
Rio Bonito
Dom Bosco
Jardim Aliança
Osternack
Sabará
Alvorada
Pompéia
Sambaqui
Capanema
Monteiro Lobato
Pantanal Caximba
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