Secretária da Mulher pede providências contra agressão a vereadora
Depois da agressão relatada ontem por Carla Pimentel (PSC), que terminou com o vereador Professor Galdino (PSDB) assinando um termo circunstanciado na Delegacia da Mulher (leia mais), a secretária municipal da Mulher procurou a Câmara de Curitiba nesta quinta-feira (15) para pedir providências da instituição sobre o caso. “Solicito informações sobre as providências a serem adotadas, pois entendo que houve quebra de decoro”, diz o documento entregue por Roseli Isidoro a Ailton Araújo (PSC), presidente do Legislativo.
“O fato de eu ser recebida hoje, no dia seguinte à agressão pelo presidente da Câmara, já mostra um rompimento com aquela visão corporativa que pautou o Legislativo no passado. Por várias vezes, quando eu fui vereadora, fui alvo de falas, manifestações e agressões. Fui ofendida, xingada e os pedidos que fiz, por providências, nunca deram em nada no passado”, contou Roseli Isidoro durante a reunião. “Eu quero testemunhar esse compromisso do Legislativo em dar uma resposta à sociedade curitibana”, disse.
Ailton Araújo adiantou à secretária municipal da Mulher que aguarda a formalização da queixa para dar seguimento aos trâmites burocráticos, que implicariam em acionar o Conselho de Ética da Câmara de Curitiba. “Ele [Galdino] saiu daqui detido numa viatura da Guarda Municipal”, lembrou o presidente do Legislativo. “Sem prejuízo das ações judiciais que a vereadora venha a tomar, ou do posicionamento do Ministério Público do Paraná a respeito, a tipificação da conduta do parlamentar será analisada pelos vereadores. Não há corporativismo, ainda mais num assunto tão sério”, garantiu.
A secretária da mulher encorajou a formalização da denúncia, “sejam quais forem as circunstâncias”. “As vítimas precisam fazer a denúncia, sobretudo quando são vereadoras, deixando de lado a vergonha e o receio”, disse Roseli Isidoro, “ainda que a sociedade cometa o erro de culpar a vítima e não o homem que promoveu a agressão”. Anexo ao pedido por providências, ela incluiu uma nota de repúdio à agressão.
“Esta não foi lamentavelmente a primeira vez que mulheres parlamentares sofrem agressões de várias formas por homens que no exercício dos seus mandatos, incitam e praticam atos de violência expondo o seu caráter autoritário, machista e homofóbico, numa demonstração de total descaso e desrespeito aos direitos humanos”, diz a nota de repúdio. A manifestação da secretária da Mulher foi a primeira a ser protocolada no Legislativo.
Enquanto a reunião ocorria, na manhã desta quinta-feira, Carla Pimentel e a sua advogada procuraram a presidência para confirmar que farão queixa formal contra Galdino. Outros parlamentares também procuraram a presidência para tratar do presenciado na sessão plenária de quarta-feira.
Processo disciplinar
O PSDB de Curitiba, partido ao qual Galdino é filiado, já encaminhou à Câmara Municipal documento no qual diz que levará o caso ao Conselho de Ética da legenda. “Afirmo com veemência que o PSDB repudia não só a falta de decoro, mas principalmente agressões físicas, especialmente contra mulheres”, diz a carta assinada por Juraci Barbosa Sobrinho, presidente do partido na cidade. “Já determinei abertura de processo disciplinar para apurar os fatos que, se confirmados, resultará na expulsão do filiado infrator”, esclarece o documento.
Restrições eleitorais
Em decorrência da situação ocorrida na manhã de quarta-feira (14), as restrições eleitorais aplicadas à comunicação institucional foram flexibilizadas na medida necessária para a devida contextualização do caso, de relevante interesse público. A Câmara de Curitiba, pela segunda vez consecutiva, restringe a divulgação dos vereadores durante o período eleitoral para não promover o desequilíbrio do pleito.
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