Saúde pública é debatida na Câmara Municipal

por Assessoria Comunicação publicado 19/06/2013 16h10, última modificação 16/09/2021 09h50
Os vereadores receberam, durante a sessão plenária desta quarta-feira (19) da Câmara Municipal, o diretor geral do Hospital Evangélico de Curitiba, Jurandir Marcondes, e o vice-presidente da Associação Médica Brasileira/Centro-Sul, José Fernando Macedo. A convite de Pier Petruzziello (PTB), os médicos vieram ao Legislativo para debater sobre a saúde pública do Brasil, bem como prestar esclarecimentos em relação às denúncias envolvendo a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Evangélico.

Pier Petruzziello ressaltou, em seu pronunciamento, a tradição de bom atendimento prestado pela instituição, da qual ele relatou já ter sido paciente, e o papel da Câmara de bem informar à população. “Como todos sabem, o hospital passou por problemas, mas está buscando resgatar sua credibilidade”, afirmou.

O debate foi iniciado com uma palestra de Jurandir Marcondes, que falou sobre as razões de a saúde custar cada vez mais caro. Ele apresentou dados que indicam o envelhecimento da população brasileira como uma das principais causas para o crescente aumento dos custos. “A população está envelhecendo e os estudos mostram que, quanto mais idosa a pessoa é, mais ela procura o SUS e, sabe-se também, que os gastos com os idosos são mais altos, devido às doenças crônicas”, observou.

Os gastos dedicados aos investimentos em novas tecnologias; recursos alocados em ações judiciais ocasionadas por erros médicos; alto custo dos medicamentos; além da burocracia despendida na administração médica também foram elencados como fatores de encarecimento da medicina. “Isso sem falar no alto custo de não cuidarmos de nós mesmos, como nos casos de excesso de peso, estresse e fumo”, detalhou.

Na sequência, o diretor apresentou um panorama do Evangélico, que no ano passado realizou 1,5 milhão de atendimentos. “Destaco que tivemos mais de 18 mil atendimentos na nossa UTI, 26 mil internamentos, quase 90 mil atendimentos de emergência e aproximadamente 25 mil cirurgias gerais”. A referência no atendimento às vítimas de queimaduras, casos de trauma, gestação de alto risco, além do banco de pele humana, entre outras, também foram ressaltadas por Jurandir Marcondes.

Questionado por Tico Kuzma, líder do PSB, sobre quais foram as conclusões da sindicância relacionada à médica Virgínia Soares (suspeita de antecipar a morte de pacientes), o diretor esclareceu que estão sendo realizadas três sindicâncias, mas que ainda não foram concluídas. “Não podemos fazer juízo de valor antes destes procedimentos serem encerrados. As averiguações realmente são lentas, porém estão em andamento. Elas estão sendo feitas no Ministério Público, no Conselho Regional de Medicina e há também a averiguação interna”. O médico garantiu, no entanto, que as UTIs estão em plenas condições de funcionamento, tendo sido tomadas providências para “equacionar a questão”.

A defesa da instituição também foi feita por José Fernando Macedo, profissional que há mais de 40 anos presta serviços à instituição. “Agrediram e tentaram jogar na lama o nome do Hospital Evangélico. Posso assegurar a qualidade da medicina feita ali, no maior prestador de serviços do SUS do Paraná”. Macedo pediu que os parlamentares estejam atentos para defender a instituição. “Na verdade nos tornamos vítimas de uma situação que nós não criamos”. Ele finalizou dizendo que o SUS não é ruim, mas faltam recursos para atender os 150 milhões de usuários.

Debate

Diversos vereadores manifestaram apoio ao Hospital Evangélico e discutiram ações de melhoria tanto para a instituição como para os serviços de saúde de uma forma geral. Rogério Campos (PSC) citou as atuais manifestações e criticou os investimentos feitos para a Copa do Mundo frente às mazelas da saúde. Ele questionou se, com mais investimento, a situação poderia ser contornada. Para Jurandir Marcondes, existe um problema de financiamento da saúde, não só em Curitiba, mas em todo o país. “De um modo geral, há o chamado sub-financiamento, em especial para as entidades filantrópicas e as Santas Casas. Com mais investimento,  certamente seria possível atender melhor”, opinou.

Mauro Ignacio (PSB) indagou sobre o antigo hospital e maternidade de Santa Felicidade, que foi adquirido pelo Evangélico e que estaria abandonado. “Atualmente, o local serve de mocó para moradores de rua e eu quero saber se existe um plano de como o espaço deve ser melhor aproveitado. Sei da intenção do secretário municipal da Saúde de implantar uma UPA no local”.  Jurandir Marcondes explicou que existe a intenção do Ministério da Saúde de implantar um centro de radioterapia no espaço. “Existe sim um projeto e estamos aguardando alvará para demolir a construção antiga. A expectativa é que dentro de um ano possamos ter este novo centro de atendimento em funcionamento”, anunciou.

Outros questionamentos e sugestões, como situação financeira, campanhas educativas, emendas parlamentares e auxílio da prefeitura foram apresentadas pelos vereadores Chico do Uberaba (PMN), Tito Zeglin (PDT), Paulo Salamuni e Cristiano Santos, do PV, Professor Galdino e Felipe Braga Côrtes, do PSDB, Helio Wirbiski (PPS), Valdemir Soares (PRB), Chicarelli (PSDC), Jairo Marcelino (PSD), Dirceu Moreira (PSL), Bruno Pessuti e Carla Pimentel, do PSC. O assessor Mateus Fernando, da Secretaria Municipal de Saúde, também participou do debate.